segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

ASSIM

 


Eu te peço, entardecer sereno,
Que te brote fecundo em teus passos
A semente de meu ser em ti.

E desperta a manhã do repouso
Nas flores em que germinaste
Tantos ocasos e renascimentos:
Musgos em veludo respirando
Através de pedras seculares, fortalezas
Verdes nos umbrais e penedias
Da arquitetura que nos espera…

Resguardo o meu alicerce,
Não vazo as estruturas enferrujadas,
Pois que as derreto na forja
A alimentar minha lâmina de Toledo.

As brasas rompem o lacre e volto,
A lutar até o dia em que adormeço,
A amar na noite em que pereço,
A querer apenas que o mundo
Seja o justo que merecemos:
Nas pedras, no segundo, na palavra,
No que concilia e azinhavra
O metal de tempero puro e a liga
Simples de teu sorriso claro.

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