A
um passo que damos para o lado que encerre o caminho, nossa escolha é
como um parágrafo que quase escrevemos, por vezes. Passos estes são
dados, mas podemos acertá-los com um outro, e mais um, não
importando se tememos por nossa vereda, pois em tudo o que fazemos
não há mesmo o que temer se abraçamos a vida ausente das máscaras
da hipocrisia, sendo pautados pela sinceridade. Há um refúgio
importante em nossas liberdades. A questão essa, se um escreve ou
pinta, se um trabalha fabricando os pães, ou dirigindo um caminhão,
a liberdade está em sua cabeça no propósito existencial em seguir
trilhando por si um modal de vida. As nossas vidas, em sua
sacralidade, que por si são a nobreza espiritual de sempre sabermos
que por mais que estejamos solitários, nunca estamos sozinhos. Um
homem pode estar aparentemente isolado, mas se ele vê a Natureza com
o olhar profundo, sempre saberá de sua ciência… O mar lhe tecerá
companhia, com seus pássaros, rochas e outros seres. Claro, mesmo na
matéria reside o espírito, posto não existir a mesma rocha sem seu
substrato de vida! Mas a prática libertadora deve pautar-se pela
comunhão entre os seres, a definição plausível de não colocarmos
o revanchismo na questão de ordem de nossos dias, e compreender
finalmente que aquele ser distante não dista tanto quanto a
solidariedade de nosso olhar, ou a generosidade de nossos gestos. A
tudo encontraremos uma razão, um sentido. Aqueles que tecem guerra
vestem o manto de sua maldade e saem, a um estranho e sinistro
desfile, com suas máscaras covardes da violência. Não precisamos
enumerar exemplos, mas saibamos que a Terra enfrenta um período
assaz conturbado, com toda a onda que vem como um vagalhão a dar nos
costados do que se prima por bondade. Esta bondade deve ser o nosso
modo de ação, a mesma ação em consciência de nossos atos. Não
há gongorismos nem muitas metáforas nessa assertiva posto aqueles
que zelam por nossa segurança tem a ver com a base da justiça.
Obviamente, os cidadãos que arriscam suas vidas para manter a ordem
deveriam receber os seus proventos equiparados com outros que
promulgam leis, por vezes de dentro de suas casamatas blindadas do
descaso. Nem toda a escolha por voto significa um voto por uma boa
escolha, haja vista que muitos representantes do povo jamais
representam suas bases, a não ser pela compra e influência. Mas
isso é bater um ponto a mais, apenas: um grande ponto acima do zero,
mas nulificado enquanto nota, sem merecimento, sem mérito, inglório.
A razão que é fato é de uma em alguns milhares, em que a intenção
continua sendo uma questão irrisória, a boa intenção, não é
justo o roubo gigante sem punição. A cada dólar a mais que se
roube, deve-se imputar a condenação proporcional, e quem lesa deve
ser punido, senão teremos lesionada a nação, a se considerar
portanto que qualquer mecanismo internacional que se nos aproprie
riquezas merece o rechaço. A escolha nós temos que fazer, mesmo que
a princípio não a definamos muito bem, mas aquelas que porventura
não tenha a definição qualquer devemos ter o crivo de não
aceitar. Resta saber qual é a escolha indefinível… Talvez esta
resida no equívoco da certeza, a saber, pensar que a máquina não
erra, mas saber que pifa é certeza concreta! Uma certeza pela qual
não temos o comedimento de compreender que somos limitados enquanto
passíveis de depender integralmente não apenas de máquinas,
aparelhos e equipamentos, mas igualmente da integralidade e seus
processos em que por vezes nos deixam a escolha da ação, limitada.
A integração permite caminhos, mas por vezes emperra certos modais
de atuação onde a independência compulsória de certos fatores
fazem azeitar melhor um determinado e importante setor, a se dizer
isso na questão produtiva, comercial, ou social. Como um
comportamento de rede, em que uma pessoa por vezes vira apenas um
apêndice previsível, um vértice a mais, determinado e conhecível
para investigações a posteriori, conforme a questão ou o caso em
si. Essa previsibilidade torna as coisas mais entediantes quando a
contestação e a crítica necessárias passam a não fazer mais
sentido àqueles que não se detém ao menos em contemplar mais
serenamente o pensamento de seu tempo, quando vive-se um silêncio e
escolhe-se, portanto, um quesito indefinível enquanto apenas peça,
apenas suporte de madeirite em pés que urgem por um equilíbrio
efêmero e barato, na acepção crua de nossa indiferença com
relação à existência que temos conosco e com o próximo.
Na
arte as escolhas são direcionadas – como quase tudo hoje – para
um tipo de aplicação digital que isenta do braço sua manufatura
antropológica de materiais e ferramentas. Por assim dizer friamente
– ferramenta – qual não sejam estas o pincel, o lápis, o
carvão, papel, tela e etc. As bases do conhecimento artístico vêm
de uma manufatura da mão em relação ao suporte, sua expressão
táctil em relação à cerâmica e às esculturas, e por parte da
literatura as narrativas que podem tangenciar ensaios filosóficos.
Ou seja, retornar um pouco à realidade do século XX traria bons
alvores existenciais para a juventude que se torna manipulada pelo
interesse dos pais em relação à competição desenfreada do
capitalismo cruento pelo qual estamos passando neste princípio de
século, em que as inovações tecnológicas e duras contradições
acabam por gerar o isolacionismo físico de grupos que afirmam suas
identidades na própria exclusão do sociável, da ressonância com
as diferenças de classe e ofícios, segregando a si mesmos dentro do
modal da experimentação forçada que os insights motores tão bem
ensaiam na alma humana.
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