O
comedimento que temos em relação a algo, o tipo frugal de
comportamento, a educação esmerada, a civilidade, são assuntos que
deviam pertencer às casas do Poder. Pois se nós déssemos a atenção
merecida quanto sermos algum tipo de representação, de modo algum a
arrogância deve pontuar em algo em vias de se decidir, como qualquer
tipo de lei que se cria, ou atitude de abordagem naqueles que estão
vivendo e dando seus valores como cidadania própria que temos pela
frente, em um país em que muitos se jactam de suas posições,
acreditando serem superiores ao povo. O próprio poder investido
reside na alcunha, na empáfia, no procedimento ilegal justificado
por costas quentes, pela impunidade, ou mesmo pela parcialidade que
remonta peças que antes não existiam na modalidade em que agora se
pronunciam com seus atos.
A
atenção, independentemente de quem somos neste estranho modal de
sociedade, vira capital de ordem, vira afeto necessário e razão de
existência cabal porquanto estarmos erradicando continuamente as
contendas em que muitos meio que se preparam para levar a termo, ou
estudam lutas absurdas para se defender das investidas de abstrações
que não deveriam nos dizer respeito. Essas moedas de troca, a se
pretender uma União serão classes em que não nos coloquemos como
objetos, pois estaremos repetindo linguagens que se mecanizam na
falta do progresso humano. O que se nos toca a perceber, enquanto um
processo que apesar de longos períodos para percebermos resultados
mais visíveis resulta em ação imediata, em atitude, em construção
do valor essencial ao andamento de um lócus mais justo, seja onde
estivermos: aqui, ou em todo o mundo. No entanto, uma atenção
igualmente se faz necessária quando obtemos um ganho equiparado –
ou não – ao trabalho exercido, a começar tornando o trabalho
essencial enquanto sua consciência, a sabermos que um padeiro
encontra em seu colega de ofício a empatia que tem um artista quando
encontra outro, na concomitância, na aproximação natural. Muitos
querem aparelhar Estados com a noção crua de que a competição
livre e desumana faça parte da lógica de mercado e isso talvez
remonte a um regresso humanístico enquanto motivação a que se
descarte com muito mais recorrência aqueles que não se treinaram de
antemão, mesmo quando possuem valor afetivo rico, ou mesmo a
capacidade do diálogo e exposição de ideias, que tendem a
acrescentar ao invés da submissão ao crivo tecnologicamente
“correto”. Porventura as nações que já ultrapassaram fases
civilizatórias e emergiram como potências, a elas interessa a
competição desmedida, posto estarem cientes de seu protecionismo
interno, como vemos nos EUA e na China, as duas maiores potências
econômicas do planeta. A divisão entre os que ganham muito pouco ou
a mesma classe média que perde continuamente sua posição e se
torna empobrecida e aqueles que concentram cada vez mais a riqueza
dentro das fronteiras fechadas de seu mercado agigantado orienta o
quesito de motivação em que se explique as diferenças abissais
entre populações mundiais como algo “natural”, onde o que vale
é a expansão do empreendedorismo: palavra que denota em sua maior
parte das vezes no fracasso de novas empresas que surgem sem muito
capital. E aquelas que suportam a pressão do mercado por vezes são
submergidas pelas corporações, mesmo que tenham sido pioneiras e
assaz criativas. Existe algo a mais que faça uma empresa crescer
junto a mercados como o brasileiro, e justo seria não coexistir
crescimento com arrocho salarial, pois somente a partir do
crescimento de nosso mercado interno é que podemos vislumbrar luzes
dentro do escopo nacional. Pensar que a maior parte da população
tenha seus ganhos majorados compensando a melhoria das relações do
trabalho com a proteção fiscal de nossas empresas e a contenção
de privatizações de ordem estratégica.
Sabemos
que países como a China mesclam mercados do mundo inteiro dentro das
cenas de suas investidas econômicas. Devemos saber, no entanto, que
a tecnologia e seu know how foi um modelo de seu
desenvolvimento, desde a sua libertação do jugo colonial.
Igualmente os EUA, que tiveram que passar por caminhos duros até se
tornarem independentes da Inglaterra, e passaram por uma guerra civil
para consolidar o desenvolvimento de toda a União. Obviamente, hoje
não há espaço histórico para que espelhemos esse exemplo para a
nossa realidade. O espaço que temos e havemos por lutar com nossas
forças patriotas é justamente trazer a Democracia para a nossa
democracia, ou seja, respeitar o voto da escolha popular, como se
respeita a Constituição no modo elaborado em 88, como modelo de
leis conquistadas pela necessária abertura e ressurgimento da
República nos moldes de gente grande, na completude civilizatória.
Jamais deverá haver – isso com o pacto social – o regresso
institucional, ou a sobreposição caótica de apenados e libertos,
quando estes também cometem o crime, ou casos em que não há provas
que imputem culpa a um inocente. Nós não vivemos nos países ricos,
vivemos em um país que cresce injustiçado dia a dia, e quando
estamos com olhos atentos e conscientes do que verdadeiramente se
passa, já é um modo de mudarmos para melhor – incluso aos olhos
do mundo – a situação tão crítica que estamos passando.
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