quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

OS AFAMADOS DA CRISE

          Podemos iniciar uma abordagem começando pela fama. Uma abordagem intelectual, pois na democracia decente possui a razão quando não engana, não faz silogismos, parte à concretude da verdade… Aqueles que aparecem muito nas notícias, meio que tendem a suportar o véu, um tipo de manto ou bolha que os envolve, e o incisivo imputa a culpa, o réu descarta-se muitas vezes que é – ou seja – inocente. É uma alvorada de estranhos best-sellers. De segundo a segundo torna-se viral um simples jogo de marketing, enquanto notícias de peso já começam a ser alcunhadas de fake news. O impróprio seja de onde? Qual o canal noticioso em que podemos confiar? Quais serão nações de boa fama, de boas referências? Aonde e de que modo a reforma do trabalho recente nos capacita a explorar cada vez mais uma gente, no próprio caminho de que a nossa consciência se mantenha limpa como um cristal? Teremos que nos apegar novamente a Carlos Marx, pois as coisas estão se aproximando de algo parecido com a antiga revolução industrial, com todos os reveses de uma época em que teríamos que desenvolver muito a consciência para capacitar o operário de seu encontro consigo, saber como atuam os que exploram, revisitar revoluções que eclodiram a favor de seu povo, não por consignação de poderes, mas o que leva de fato o levante popular a emergir necessariamente das lesões criadas pelo capitalismo moderno e este nosso – que não foge à regra – contemporâneo. A questão é a fama, ou seja, alcunhemos a fama com luzes, não como o termo anglo “notorious”, notório que significa alguém com má fama. Não excludentemente, posto sejamos algo com má fama a se xerografar o mal que se tornou o nosso país em sua capa de uma justiça que já mostra sinais evidentes, em suas instâncias, de uma parcialidade em que até mesmo países alinhados com o império já veem com maus olhos o que acontece ou entra em processo de desfecho no nosso Brasil. Se houver capacidade de alcançar olhares mais atentos, de perfis máximos de resistência ao Golpe de 2014, passamos a nos utilizar até mesmo da Dialética da Natureza, de Engels, para compreender certos processos históricos: o livro inacabado de Marx. Leiamos, pois, a quem seja dada a oportunidade, pois de fama já estamos meio pelo gogó, e dessa parte não precisamos, pois teremos agora a única oportunidade de rechaçar a mesma fama de colunas de areia. Deixemos os porcos chafurdarem na lama de suas invectivas, pois não é possível conviver com os óbices de retração mental a que alguns “luminares” querem nos reduzir, não podemos ser tontos a esse ponto. Não estamos propondo em nós mesmos dividir gentes de gentes, mas do legal, do distributivo, do processo lógico de progressos a que nos atinemos mais, e a construção de um socialismo não pode esperar tanto por nadarmos sobre o regresso.
           Chegamos à conclusão de que podemos contar com ferramentas – literalmente – que nos concedem a parte que nos cabe ao trabalho, em princípio, e livros e suas necessidades distributivas que nos compartam maiores conhecimentos. Obviamente, os portadores de enfermidades psíquicas muitas vezes são vítimas de um sistema anacrônico enquanto humano, e merecem atenção e eterna veia de recuperação, vulneráveis que são quando já dependentes irreversíveis da farmacopeia e suas drogas psiquiátricas. A revolução também começa por essa gente, seus familiares, e em um etc somemos a necessidade, quando de ideias propagadoras, de um crescimento que nos habilite, pois vale muito mais o conhecimento do que vem a ser o mercado e como ele funciona, do que apenas nos apegarmos no pensamento de filósofos e autores mais antigos. Chega um tempo em que muitos devem se desapegar de rótulos, de atuação baseada em arquétipos, dos possíveis mitos do herói, bastando ver e sentir para isso que quem já possui mais de cinquenta anos de idade já sente a coluna meio bamba, as pernas cansarem por marchas que aos trinta seriam bem mais “confortáveis”.
           A proposição meio quieta não é bem um revisionismo, mas propriamente uma revisão: vermos onde se errou e não apostar as fichas em um tipo de blefe do fracasso. A luta não continuou enquanto Governo, a luta termina com o Poder, aquela depende deste para existir a que nos parece, mas não queiram espelhar frases cotidianas com um espécie de diário, pois a vida é longa para quem não tem nada a esconder, mas o plano das ideias flambado com o conhaque do conhecimento! Um pensamento pontuado pela verdade acaba desconcertando a muitos, mas a muitos não desconcerta uma contenção de um, o fracasso de uma posição, pois a priori dois por vezes não são iguais ou superiores a um, nem trinta, por vezes, nem cinquenta. Quem carrega o archote de conhecimento no fundo porta a fama da luz, a empunha com vigor… Há moscardos variados que se atraem por aquela, e resta a nós respeitar incluso o calor procurado por esses insetos que, irremediavelmente, em uma paródia da dialética natural, quem sabe não serão esses insetos que orientam os caminhos que seguimos lá de trás, para que os primeiros não se encontrem com veredas de espinhos.

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