sexta-feira, 28 de outubro de 2016

UMA LEVE HISTÓRIA

            Pois sim, que uma história pudesse ser contada sem qualquer refrão, sem repetirmos quaisquer gestos, a não ser aqueles que são ou signifiquem... Mas esse problema de ser shakespeariano seria tão fantástico a não caber tanto no próprio significado. Vai que a história não possua foco, que seja mais uma linha de palavras seguidas por outra e outra, preenchendo de quase pensamentos algo que possa valer talvez para um estudo aprofundado nas questões cerebrais, apenas! Quem dera que esse campo de atuação fosse amplo, mas será melhor sabermos que o cérebro encerra quase um infinito de mistérios. Pois quando estamos em atividades, quiçá não haja precisão de que tenhamos que analisar sempre as atividades cerebrais, nem mesmo em consideração aos anos tecnológicos da atualidade...
Um encontro com forças espirituais não é propriamente um jargão usual, ou de profundidades previsíveis, mas é justamente o Mistério que nos alcance, já que possuímos no nosso continente uma cultura mesclada, indígena, negra, europeia, oriental, enfim, somos muitos e todos, e tudo permeado por fusão e mesclas culturais que nos permita a razão a que se dê ao misticismo um lugar de importância, pois este já faz parte de nossas vidas, com a ligação importante – quando se é de perfil de alguns, por escolha – entre o homem e a divindade. Nisso toca-se profundamente o mistério do Espírito Santo, a sua comunhão com o Pai, e o Filho que se descobre comungando através da relação quase cósmica em sua eternidade igualmente com o Pai. Isso de Natureza, que a parte feminina, a mãe, a Terra, o nosso planeta: Gaya... Haveremos de saber que somos parte, o côncavo e o convexo, a intromissão e a proteção, o átomo e o Universo, a comunhão e a diáspora, o conflito e a Paz. Enfim, um diálogo, pois se não o soubermos desse modo abrimos espaço para uma visão tão dogmática que exclui o indivíduo com tal religião, o ateu, o árabe como etnia, o judeu como diferente, o gênero e seus preconceitos, o comportamento, enfim, do que se dita, no que dista a referirem ao perfil da insanidade mental, que abraça todos as latitudes em seus rótulos: gêneros, etnias, religião, ideologia, pensamento, em um reducionismo que atravessa todas as fronteiras e isola o enfermo aquém de todos os processos previstos no direitos universais humanos, na gigantesca e determinista questão genética...
O que se quer é a paz. Paz agigantada. Paz em uníssono, maior do que a paz de espírito individual, ou a logicamente rudimentar paz produtivamente positiva coletivizada. Desse coletivo, o rudimento é que haja o diálogo. Um embate é justo, o negativo igualmente é justo. Sabermos lidar com situações de stress emocional ou afetivo é termos consciência de que a que ponto somos influenciados por coisas plasmadas em ilusão, pois quando muito imersos nesta o encontro e ubiquação com a realidade pode ser traumático, ainda mais quando temos em nosso entorno pessoas que inconscientemente são agentes observadores de nossos comportamentos na previsibilidade de nossas atitudes ao seu ver concomitantes, em uma lógica de massa competitiva pela indústria cultural que nos treina a ver desse modo desde a infância da civilização contemporânea. Seremos mais inteligentes agindo dessa forma? Será que essas linhas que traço não incluem alguma rota aproveitável em singelas existências de aço escovado em seus treinos? O melhor é melhorar, isso é indelével, é tinta sobre o papel. O significado hoje teima em debandar para respostas cada vez mais prontas e, o que é pior, apreendidas nas lições de novelas caseiras, repetidas pela mesma repetência, seja afetiva e dramática, ou afetiva e dramática bíblica. A questão é que nos apercebamos da realidade, de como é reprogramada a noção que dela temos, e que saibamos que nada programado mostra a sua profundidade de percepção, se nosso canais se fecham e abrem para aqueles que outros usam para nos definir... O que está em jogo não são as réplicas ou tréplicas, mas a impossibilidade de um diálogo nas massas mais ignorantes, nisso incluso reticentes classes que bebem da mídia televisiva ou virtual, pois nada se toca, nada das imagens geradas, não temos o poder de dar replay em nossa percepção, pois por mais que repitamos a cena apenas aprofundaremos mais a superfície em detalhes de frequência ondulatória que só aumenta a frequência mas não a amplitude dos sinais das ondas que nos afetem.
A teoria das cordas só existe para quem fez pós graduação em física e conhece a matemática, não apenas newtoniana a fundo, como a abordagem filosófica da relatividade de Einstein. Não será essa a profundidade que irá nos saciar, pois basta que simplifiquemos melhor a cadeia produtiva da mídia de massa, para que encontremos nas mídias digitais e seus gadgets inseridos profundamente na indústria cultural a releitura do que vem a ser a relação do sapiens com ele mesmo: do ser produtivo com relação ao seu próprio corpo, do que imanta seu espírito, da relação onde não precisamos mais treinar para sermos melhores do que outros, pois isso só é irmanamente justo quando as oportunidades na sociedade se tornem mais igualitárias. Nunca se deixa um filho com maus bocados e se dá apenas a iguaria a outro. Espelhemo-nos em nossas famílias, já que queremos que toda a nossa prole estude, se realize e atinja os objetivos, e o mais factível é que os pais disponibilizem seu afeto e seus recursos igualmente para cada um dos seus filhos. As escolas são filhas da sociedade, sendo que as universidades são mais velhas um pouco e demandam roupas um pouco mais caras, um pouco maiores... Não há porque termos uma escola para pobres e outra para ricos, posto não existir um filho menor mais pobre e outro menor mais rico, dentro de uma mesma família. A compreensão do exposto reza que só teremos condições de ler um livro de teologia se houvermos estudado bem para tal, ou seja, não é o caminho de um ser que o capacitará em uma escola ignorante ou parca de recursos, mas sim uma boa escola que capacitará a que o ser encontre o bom e justo caminho. É uma questão tão óbvia que até mesmo as vestais do que supõem conhecer saberão, pois teoricamente tiveram recursos para crescer. Esta não é uma questão jurídica, longe disso, pois ninguém por cá pretende ser um gênio como Napoleão. Pelo contrário, pois se continuarem a fazer – sem nossa luta – o que estão fazendo com a educação de nosso país, muitos Napoleões retintos desfilarão pelas avenidas do nosso carnaval, parafraseando um poeta que diz que sempre os negros e os loucos sofrem o preconceito daqueles “sanos” branquelos de casaca que estão no poder de nossa República!

Nenhum comentário:

Postar um comentário