quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O AMOR E A ROSA

Salta-me a flama de uma rosa que evanesce
Como uma página do tempo em que não escrevemos
Qualquer notícia em roto jornal de conferências
Ao que não se dita saber o que já conheceríamos
Se não fora uma meta algo de alguma coisa...

Escapa do verso a voz que anunciava uma aurora
Quando de tantos repentes a vida se pronuncia
Em varais dos ébanos que esquecemos em várias estações!

A se dar conta de que um terceto sossega um leão de dois versos
Saber-se-ia dizer que o mate que mata o leão traga um sorvo
Que nubla qualquer parecença, e que o leão sai vivo de um xeque!

Das rosas estampadas não se vê a crisálida em achego de seu carinho
Quando uma pétala vibra ao toque de uma mão terna em pistilos
Do amor consonante com o que resta a que não se diga palavras...

Prometam que Virgílio, Horácio, Dante e Shakespeare não possuam
Em sua bagagem qualquer arremedo inquisitivo, pois que a promessa
Verte na imensa voz de conhecimentos ímpares que os deuses os tenham!

A cada linha da cultura dos povos blinda-se a lâmina afiada da tirania
Esta de pensares que não podemos em pesares, mais do que pensar na trilha.

Voz de rosa, não me chegues de amianto, não te quero fechada demais,
Nem secando de suas aberturas algo escandalosas no feitio grave de mulher...

Só quero debruçar na semântica de seus lindos cabelos de veludo vermelho
O cálice verde e generoso que te sustenta no desalinho das folhas.

A saber que o amor e a rosa se combinam, como um traço após um outro
Que se completam quando a mão de punho os oferta solene após espinhos!

Ah, que os danados danam-se no planeta Terra antes de consubstanciada
A não razão pelo continuado uso de uma veracidade sistêmica em mentir.

Que a rosa não mente, e que as aves a empreendem como um cristal de gente
Residindo quartzo no desabrochar de uma pedra na corredeira fria da serra.

Musa, posto que a rosa tu eres, a musa que não encontra a poesia aflorada
Como a flor do amor que não evanesce de tanto fazerem murchar esperanças!

De tanto que é amar o amor quase se completa no vórtice de tempestades
Algo de secretas que o amor que move o poeta o salva dos perigos!

No que há de tudo da rosa, no que há por vezes nada no amor, saibamos
Que a rosa existe como flor, e as flores femininas residem muitas vezes
Na distância imposta por processos de civilização em que encontramos
Um quase nada de não sermos algo, quando apenas pensamos em amar.

Quando se dizia de uma rosa, era uma rosa que floresce, e quando se diz
Que aquela surja, padecemos na beleza do que foi criado tão lindo
Que se veste o homem de ternura por tanto de saber que no amor reside a flor.

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