quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A CLARA COR DA ÁGUA

Água que forma, que corre em manancial, alimento da Terra
Que sai e brota como olho e diamante supino de força,
Que gere tudo e desprezamos sua existência no gole de guerras...

Água que circunscreve fronteiras, que transporta, que verte
Por vezes de Shiva o caudaloso Ganges, e em Netuno
O oceano de navegadores que redescobrem o planeta.

Água que és tantas que não encontramos seu codinome
Nem que o seja no respirar de um peixe perto da pétala de um coral
Ou no que disse o Cristo ao olhar de suas flores as vestes dos lírios!

Pois que és tudo e todos, e bendizemos que existas sempre,
Agora tesouro e patrimônio, sempre solapado e boicotado
Pelas sujeiras de uma espécie em franca involução...

Que saias de teus propósitos, agora que és força da Natureza
E se mostra inquieta dentro de seus reflexos e rebeldias
No que despe de catástrofes as suas próprias defesas.

Que a água tem cor serena quando respeitada, cor de verde água,
Ou as cores da paz azul, mas que nas tempestades sem cor
Se vê as cores turvas de suas forças reticentes do poder.

Nem sempre és água, posto terra também e assim o somos
Dentro da vestimenta da matéria, e que sejamos igualmente espíritos
A compreender que sem ti padecemos todos os nossos erros!

O vento soletra teus planos, quando cais como chuva nos quadrantes
E erguemos muralhas para conter-te, e desabam montanhas
Em cima dos mesmos lençóis que conseguimos deturpar...

És guarani no sul, seara seca no norte, és precioso no continente mãe
Em que sabemos que torcem mais pelos diamantes do que na vida
Do que muitos que deram sua vida solapada no sangue da escravidão.

És pungente em seus planos, geras energia, fracassas os sonhos do nadador,
Afundas embarcações titânicas, usam-te como veia de batalhas
E ainda assim o homem crê ser teu dono como no descarte de um ás de ouros...

Sabemos da terra onde existes, que tomam por liderar a corrida
Por onde houver-te, já há planos dos países ricos em te mapear
Por onde existas que sejas nas mãos que crispam seus dedos de abutres.

Mal sabem que em Marte não há mais da água da Terra, em que paraísos
Só existem na profecia gasta de um fundamentalismo cíclico
Em que este mesmo barco em que estamos haverá por navegar muito mais.

És motivo de desavenças, és de uma hipocrisia em que te criam
Recriando os falsetes de poderes em que te anunciam
Ao que se moram melhor quando defronte a si existe uma praia linda!

Basta, que já mostraste a tua cor clara e sutil a quem te respeita
Como elemento vasto e permanente e que não se falte
Se por descasos administrativos se falta a quem não lhe soube valer...

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