Por
onde estamos correndo, feito luzes em matérias brutas, encontrando remansos,
navegando em marés que não sofismam, é um modo de aplicar conhecimento nesse
caminhar, nessa trajetória em que não nos encontramos de todo ao espírito. Uma
sociedade onde as informações são comercializadas como uma troca em serviço de
diversos motivos, gerando verdadeiras fortunas. Quem se apercebe desse escambo
não saberia por que razões tem olhares oclusos sobre suas veias, sobre sua
vida. Talvez este rascunho de pronunciamento nos mostre dias mais interessantes
do que outros em que adernamos sob um tipo de superfície marinha em águas
rebeladas pela Natureza extorquida esta à mão do homem. Pudéramos acreditar que
o mesmo conceito que nos une à Natureza possa torna-la deusa em nosso
patrimônio de compreensão mesma, retocada aos olhos de um criador que não
seríamos nós, porquanto seres em que destruímos no que antes fora um limbo, mas
agora claramente no mínimo purgaremos... Dizia Dante em seu imenso exílio da
exatidão de seus Cantos e do Inferno como a beleza principal de seus versos.
Que época fora a dantesca, quantas guerras havia nos tempos do Renascimento,
que tanta é a pungente criação de tão vários e gigantescos gênios.
As
estações se sucedem, algo como ciclos em que rotulamos esse giro, como se uma
quando se encerra acaba, esperando a próxima, o próximo natal, o próximo
carnaval, sem nos darmos conta de que o progresso existe em cada qual, e é
deste progresso que enviamos nossas luzes anônimas, mas que se distinguem da
imposição de um ciclo fechado em que não trazemos mais do que uma inexistente
história, mesmo sabendo que esta mesma história não seja considerada
oficialmente válida pelos órgão de divulgação equivocada que validam apenas os
ciclos fechados, invariavelmente se pensar nos anônimos personagens que
transcendem essa equação aparentemente intransponível, e que continuam vencendo
seus desafios como algo cotidiano que não necessariamente se apresenta como
tal. No entanto, nos parece que não temos tempo de respirar melhores ares, em
que um homem encontra mais ressonância na plataforma de seus trabalhos, em que
dite no mundo inteiro e particularmente no Brasil, uma nova ciência em
encontrarmos condições melhores, através das reivindicações e do marulho
secreto das escumas, pois é no vasto mar que a onda dialoga com o rochedo, onde
o costão se cava durante séculos, em que no segundo quase sem tempo imerecido,
a onda continua ao desgaste, mas não a percebemos, pois é escultura milenar...
Por esse tanto de história a um rochedo sem nome, saibamos de metáforas que
unem histórias, ou que nos façam compreender que o marisco que vai à mesa está
há anos maturando seus cachos no mar. Talvez encontremos um berço de
significados em nossas mentes, mas precisamos ficar muito conscientes em
relação a que não a tornemos repositório de parcos lixos tornados nosso próprio
fracasso. Talvez em um espelhamento válido, possamos expressar em uma poesia,
em um ensaio, ou em uma obra de arte a nossa impressão do mundo em que, se de
sincero for, agrega a consonância entre nossos pares. No entanto, a partir do
momento em que consigam turvar a fonte em seu próprio nascituro, a Natureza
sente em suas cicatrizes algum modo de dar suas respostas. Pois aquela, sendo
obra do Criador, e desagregada de nossa espécie – conforme demanda que criamos
– não possui Karma a sofrer, justamente porque Indra consegue saber administrar
a procela, Brahma cria e Shiva aniquila. Mas tudo isso faz parte de algo maior,
quiçá um espelhamento de que Krsna nos permita, através de seu Avatar Dourado –
Caitanya – nos redimir de um modo em que cada segundo nos sirva para bem nos
situarmos na condição de mantenedores conscientes e com mais luzes do planeta
sagrado que nos envolve e que na verdade somos enquanto seres apenas
coadjuvantes do que pensamos exercer poderes algo sinistros com relação àquele.
Relações de poder que envolvem aos gananciosos diversos artifícios, em uma roda
viva que suprime uma vida mais simples e menos invasiva, não apenas à mãe Gaya,
mas aos mesmos seres que deveriam estar compartindo serenamente entre si a
consciência de luz de cada qual. Visto talvez não haver mais tempo possível,
apostemos na ciência da realização como forma de ampliarmos o leque das
possibilidades de mudança progressista da humanidade. De vermos que os homens e
mulheres que são mais cultos, que se comportam em sociedade de modo mais
humano, tendem a dialogar com mais propriedade, mas igualmente aqueles que não
tiveram a oportunidade de estudar, por vezes tem graus de entendimento mais
amplos, haja vista a prática mesma do conceito existencialista, que perfaz o
mesmo diálogo que temos que passar a compreender, para sairmos de nossas
redomas preconceituosas, pois o juízo antecipado é uma das faces do livre
arbítrio que move o pensamento tendencioso, nessa liberalidade de permitirmos a
exploração sem conta do homem sobre o homem, e do mesmo sobre a Natureza. Essa
assertiva nos fará respeitar mais as nações que tomarem atitudes mais do que
incisivas para conter o aquecimento global, as guerras e conflitos, o
preconceito em todas as suas variantes, e a intoxicação orgíaca em todos os
seus pressupostos.
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