quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

FORTALEZAS

O homem fixa seu pé escalavrado pelas ruas
De um óbice de pedras, que caminha e verte feridas na jaqueta
A que não propõem solidariedade, pois que ele pede e não lhe dão.

Um louco atravessa-lhe a esquina, trocam cigarros, são iguais!

A outro louco para um carro moderno e caro, e impingem-lhe faces
Cruentas do desatino de quem reside, de quem ostenta o ósculo
Que impede qualquer acometimento da sóbria bondade...

Outro mendicante cruza, e um trabalhador lhe dá da água,
Ao que outro que trabalha em um restaurante lhe dá comida
E outro de fama louca e burguesa observa feliz da solidariedade...

E a solidariedade torna-se conduta, e o socializar verte possibilidades
Quando a um que marcha outro o conduz a guardar o gáudio dos mares!

Se passa que não é superfície a semântica das ruas, em suas verdades nuas
Sobre o chão duro e pesado por vezes, em que vemos o salitre das chuvas
Um retrato de um antepassado libertário que já caminhou pela vereda.

Eis que um ponteia uma poesia quase nua de se soçobrar a si mesmo autor
De um verso de cristal onde se assoberba a companhia dos ventos
Em que o sólido descortinar-se se alinha irmão com o rufar da vida.

De mais uma poesia, que seja uma de bom grado, como uma receita
Em que validamos a intenção de uma cura a alguém enfermo
Pela infinita enfermidade da paixão pelos desfavorecidos...

Que parecemos – os de bem – por vezes que carregamos fardos de chumbo,
Mas que os vulneráveis da Terra saibam por onde caminham,
Pois de fé são companheiros de sua própria aurora cambiante...

A que saibamos, que é de igualdade que se iguala o direito,
É do fraterno que se resguarda a instrumentalização pétrea da bondade
E é na libertação dos povos que se estima que sejamos mais humanos.

E que a verdade seja uma ponte indizível que diga o suficiente
Para que saibamos que os homens e mulheres que fazem história
Sabem que muitas vezes esta é contada por outras linhas e pontos...

A partir de certos sacrifícios nos aproximamos da realidade pungente
Em que alguns fenecem por vezes seus sentimentos quando a esperança
É apenas que não trilhemos os caminhos de nosso egoísmo e ganância.

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