quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

POR ONDE NAVEGAM OS OLHOS

            Nossos olhos são de um sentido muito acurado, quando deste o percebemos maior em que nossas portas de percepção compreendam que aqueles estão distantes do que pretendemos em navegar por mar de procelas estão de um lado a bombordo... Um aquém de significados encerra na premissa do próprio parágrafo algo de um olhar noturno no despertar mesmo de um homem. Um despertar que claudica, que vira o leme, que tange a si mesmo, qual vento que nos empurre as velas, mas que o olhar volve a ser o mesmo de seculares tempos! Saber-se mais humano é construção de um próprio, de ser solidário, de sequer cogitarmos que entremos em ordens de conflitos onde nada pode ser muito se sequer o entendimento do diálogo nos salve. Assim, de paz concreta, do que almejamos por ela sempre, em que no sabre de um império que se voltem a atenção ao que um romano já passou pelas pedras de antigos fracassos. Desses mesmos quesitos, ao que voltemos o olhar em um grande desfile de uma escola de samba, a saber, nisto reside poesia... É nessa poesia, é nessa arte que vemos um pressuposto espetacular, no que um samba de morro é de uma riqueza que espelha o nosso país com algo de arte inequívoca no que nos toque que aparentemente estejamos nesta longa e delirante moda adormecendo um sono de Orpheu. Na verdade, o gesto de um lápis nas plataformas do mundo, esquecido pelas gentes que não olham pela arte, está um navegar sereno de mais um artista anônimo por sequer saberem se a arte não continua, ou se obviamente cresce, pois que se eduque essa parte tão substancial: a arte de ver, a arte de sentir, de se expressar. Por onde navegam nossos olhos, a darmos o tempo necessário, ou a um sem tempo, que a arte não espera e trabalha com estudos de minúcias, sem a mão crispada no mouse, mas sim navegando no fluir das marés dos papéis.
            Quando estamos em trabalho, há que se dispor de que a arte pesponta um sacrifício, em estarmos como no teatro de um mundo onde o drama já faz parte de nosso cotidiano, onde estarmos conectados parece-nos ilusoriamente que fazemos parte do mesmo mundo onde tantos navegam por mares de salitre, por mares sem água doce: em uma lida a que as estrelas os acompanham nas travessias, e cercas os esperam nas fronteiras. Essa passa a ser a conexão com um imenso oceano, uma conexão de esperança, uma conexão de náufragos, um imenso viveiro de pássaros em desespero, vindo de um óleo cru que não atingiu suas penas, mas motivou o massacre de seus pares. Um óleo viscoso que tanto aceita, enquanto mantenedor de motores, quanto massacra, em suas origens, em suas derramas. Por um tanto é de se fazer crer que as crises que vêm a suceder remontem gigantescos interesses nessa matéria bruta, nesse famoso e tentacular óleo cru. O legado dos dinossauros extintos mostram a derrocada ainda em sua origem duvidosa de uma espécie tiranossáurica, enquanto daria mostras de humanismo, mas fracassa pela hipocrisia e desavenças decorrentes. Mas que tenhamos esperança sempre, pois de quaisquer lados há boa ventura, assim como no mar os ventos ditam regras ao marujo, quando este é de monta e experiência. E são muitos barcos por onde navegam nossos olhos, de dentro e de fora, que seria tolice crermos que há algum estreito onde não possamos navegar, ainda que tenhamos que esperar para acalmarem as vagas... Essa espera no faz fundearmos a embarcação, ao que se diz, como um planar de um pássaro que alteia e decresce o voo, assim como no mar a onda nos faz oscilar. Isso se passa, como na compreensão mesma, a algo muito salutar, pois une o nosso sentimento com o sentimento do inanimado, em que o espírito é da coisa em si: das marés, da vida!

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