quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

CICATRIZES

Torto é o verão em que nos vejam toscos a mais uma frase
Que não se diz no âmago de qualquer precedência...

Talvez esperemos a própria espera, mas que não consubstanciemos
O que de fato é fato, fardo de nossas ciências que lutam igualmente.

Saberemos mais um pouco do jargão de uma palavra nua
A que soletre um dia a mais do jogo de amarelinha
Em que nos dispomos valentemente a cumprir em cada nascente!

Posto não sermos a ferida aberta outrora, mas que uma cicatriz
Também dispõe de sua história, seja na pele ou na terra.

Boas as cicatrizes das semeaduras, bom o trigo que renasce
E floresce suas pétalas do alimento, enquanto o homem
Sabe que detrás do esforço há gentes que comem sem perceber.

Mas que não importe tanto o que nos versa como não sabermos
De um tudo que por vezes turva, de um nada que por outras é luz.

Da tangente de uma simplificação de uma história, saibamos:
Há flechas que vão no cerne, no âmago do cupido de nós mesmos
Na latitude serena de nosso peito: nunca quieta, nunca registrada...

A se erguerem o sólido, a permanecer uma fundação, a uma laje
Que protende seu destino, que cavemos a colocar mais uma sapata.

Na arquitetura de uma criatura por vezes solene, que peçamos a ela
Apenas que não resida com rancor, posto teto, sagrado, o que temos.

A envergadura de nossos braços de titânio nos levem aos deuses
Em que nos encontrariam mais humanos se for de boa literatura.

Pungentemente, que não acreditemos no fracasso por ele, que nada
Teremos do futuro que é o próprio presente em projeto
A sabermos que o planejamento de cinco décadas é necessário.

Nesse lugar comum de resolvermos quem estará vivo para ver
A quantas anda as cicatrizes na Terra, veremos que o não pensarmos
Traça outras tantas cicatrizes abertas e insolúveis na espécie humana.

E um cristal tcheco remonta a que saibamos que onze vértebras
São de algum outro ser que se reporte, pois na coluna que do norte
Haverão outras que já se ergueram como em uma peça do dominó da vida!

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