quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

DO QUE SERIA DIFÍCIL MAS A GENTE COMPLICA

 

Tudo é muito mais simples do que sequer ousamos supor.

Um olhar dado com sincero sentimento pode parecer frágil
Mas se agiganta pelo sentimento puro do que é humano,
E não nos ressentiremos também se há um soslaio irônico…

Da chuva em nosso olhar por vezes nos embaça a vista,
Mas serena com os cristais criados com as águas.

Seremos gigantes se deixarmos florescer o modo simples,
Mesmo sabendo que são raros os que agem com simplicidade
Sem as trocas de palavras tão correntes nos caudais
De significados que testam a própria vida das sílabas.

A massa não pode ser tangida, mas veste-se de alicerces fortes
Quando se lhe dá o pressuposto do conhecimento.

Uma opinião pode não botar a mesa em fartura justa,
Mas destina aos cidadãos a ideia salutar de um bom diálogo.

Seguiremos pensando nas miríades das entrelinhas,
Como se fosse uma cosmética de muitos tons?

Ou mostraremos a face como ela é: sem subterfúgios do sem nome?

Coração inquieto, este que temos, por bater na síncope
De um agir quase involuntário na linearidade crônica de nossos erros.

Diga-se a um: serei?

Responda-se a outro: terás!

Nada simples, pois essa face esconde
Toda a complexidade histórica que fez Portugal embarcar os escravos
Nos frutos cristalizados da mesma cobiça
Que força o homem a ser o nada…

Tal a complexidade que veste-se
Dessa irrequieta paixão de desfrute em que nem os Himalaias
Serão suficientes para as dimensões desse desejo
E o mesmo coração arde sem abraçar todas as riquezas
Que não podem vencer a ganância afetiva e material…

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