terça-feira, 17 de janeiro de 2023

CRISTAIS E FELTROS AZUIS

 


A paródia é um tentáculo no ventre de um saber
Que esquecemos sobre a tessitura do veludo da mulher
Em axilas de ébano, em estampas coloridas e laranjas
Naquele velcro de uma mochila acompanhada
Com a água quente de um verão salitrado…

Quem diria andarmos sobre o asfalto de nossa carne,
Quem diria espalharmos pães sobre confetes noturnos
Na vida que nos dispa de sensaborias maiores
Ao que nos reflita que a poesia de uma criação verte na mão
O pressuposto da fecundidade simples de se estar criando…

Século luminar a ao mesmo tempo poeirento de percevejos de madeira
Que pregam no papel suas alfombras em pátinas escalavradas

Na questão máxima e quase ausente de significados
Ao fim do principiar da noite, quem diria, sermos apenas…

As querências da penumbra, o resfolegar de um vento rocinante
Os baús de heranças deslumbradas na orgia da expectativa
Ao se ver a morte como saída mais fatigada do não ser.

Aqui se seja, ao menos, um quinhão merecido de uma hóstia consagrada
No doce gesto do húmus de uma saliva de um crente
Que obnula a sua percepção de uma vida em versões paulatinas
A saber, que de fé o rito faz sacramentar a incerteza da certeza do momento!

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