segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

O ERRO DO RELATOR


          Nada do que parece surtia efeito na cabeça de Nestor… Ele por vezes parecia que estava em outro mundo, mas para ele infelizmente era sempre o mesmo mundinho de Deus, que tantos O esquecem quando se trata das maldadezinhas usuais na cabeça de muitos, um jogo de forças que dá na telha a questão do próprio poder em si e para si. Obviamente, muitos pensavam – como ele –, serem partícipes de algo, como se houvesse em tal século uma organização confiável, afora a truculência de muitos que se diziam respeitáveis, e não passavam de algozes dentro de suas nefandas hipocrisias. Não, parecia que o relator Nestor não sabia de tudo… Quiçá talvez não soubesse mesmo, mas o seu relato deveria ao menos dizer respeito ao seu padrão de conhecimento: vinha de uma grande sedimentação de informações, um tanto do conhecimento de bancos de dados, outro tanto da linguística rudimentar, ou seja, como traduzir um asno para um ser quase pensante, e isso relatava com propriedade, no jargão algo fácil que era do seu hábito, fazendo parte mesma do seu comportamento. No entanto, sentia seus erros, e seus fracassos habitavam seu pouco raciocínio, sem falar da lógica mais avançada, que desconhecia totalmente, ou quase!
         Nestor não habitava sempre neste mundo, pois às vezes sonhava acordado, com toda a miríade de pensamentos que o invadia nos seus insights pertinentes ao seu acordado banco de dados, a sua organização e a confiança que possuía, com sua contiguidade, ao farnel de sua vizinhança onde aconteciam coisas sui generis. Coisas que se passavam com seu intelecto, como a negação vertical de Darwin, ou a relativização de Newton, como se a ciência pudesse jogar dados com a questão matemática que faz um navio navegar, em que o empuxo sempre sobrevive no modal da física, e não seria a falta de verbas para as pesquisas científicas o que contaria como vantagem sistêmica, posto a própria matemática cartesiana girava certos robôs! Ledo engano que se enganasse no seu íntimo, mas valeria a proposta de erradicar seus próprios erros, quando contraditoriamente houvera um dia em que acreditasse na ciência e seus mapeamentos, os exames, os controles, uma sociedade que emergia de forma tântrica no seu perfil de velocidade e vilanias. Sim, que se dissesse sim a uma justiça, pois de tantos e tantos pontos emergiam de verdade os mastros de sua estrutura, e não seria uma psique meio destroçada de grande parte da sociedade da força bruta que se gostaria de partir para um quê de performance de tomadas de força que se revelassem formas brutas do querer de uma plataforma de conhecimento equivocada. Nos seus relatórios mensais para a veia de um leitor qualquer, partiria sempre a um comedimento existencial que respirasse no modal da veracidade ao menos a tentativa de realizá-lo. Assim se processavam anos na paráfrase de sua vida a que se entendesse a si mesmo, no seu princípio de homem perscrutador. Nada faria parte maior do que seu próprio universo, e sabia de homens e mulheres com conhecimentos aprofundados de fato que eram sempre grandes referências no seu estigma de homem modesto: Nestor querido, Nestor modesto. No mesmo principiar, seus erros não valiam tanto pelos longos contextos que apareciam em suas veredas, no particular do particular, sem saber que estava trilhando inconscientemente a lógica do século XIX, quando muito se aperceber que navegava por uma indústria produtiva nascente, mesmo em cada tijolo do My Sequel, no cruzamento de estruturas similares, e na arquitetura inóspita das informações que para ele disso não passavam, pois não embutia muitos conhecimentos nesse edifício.
          Seu nome seguia dentro de uma pilha de funções e seus subordinados: alimentadores de dados, managers e perfis os mais variados, sob a tutela de sua batuta. Para si, consignara seu papel de burocrata, e mal sabia exatamente por que estava servindo a algo ou a alguém, na mesma dimensão primeira de que a própria sociedade o aceitava como uma pequena engrenagem útil, como um desenho esquecido em cima de uma mesa de escritório, que pode ir além, mas igualmente amassado e jogado fora por quem não possui a veia do encontro com a arte. O tecnicismo, a psicomotricidade, vertiam fora do mundo contemporâneo o papel, o livro, em certas plagas, no descarte quase obrigatório. Mas era ali que residia o erro do relator. Nestor não se atinha imediatamente ou freneticamente com o seu ofício, pois era no universo das letras que a sua paixão residia: nos livros, nos jornais, no papel impresso. Talvez Mcluhan e sua galáxia estranhasse tamanha posição de um ilustre objeto do anonimato, pois mesmo com a mesma galáxia brilhando afora da compreensão total dos homens, Nestor talvez gostasse de errar de vez em quando para que pudesse ser uma nuvem entre o céu e o olhar dos viventes da Terra sobre as estrelas.

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