sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O MAR DO SER

Tantos que somos que o mar não comporta areias
No que dizemos, amálgama cristalino dos versos
Em que um respira o vento das ondas nubladas por céu
E outro vê o sentido mesmo que aflora na pele do dia...

O que se chega de ondas em uma primavera tardia
Vêm no sufrágio de uma tormenta silenciosa e nua
Onde não vemos a nós mesmos, mesmo quando
Sabíamos de estrelas a caminhar solenes aos pares.

A confrontar estrelas, sobrevoamos a nossa pretensão
Debaixo dos lençóis das águas, nas placas e remansos
A que não daríamos o leque de saber de onde somos
Qual não fosse o dia de querermos uma veia que pulsa...

Seremos tais que não supomos sequer a palavra não dita
Quanto de estarmos na superfície convexa do planeta
A ditarmos que as naus não nos convertam em náufragos
Posto de urgir por chegadas nós as temos como nozes...

Do mesmo mundo, posto universo de uma pequena semente
Navegamos por onde se supõe que as estrelas não se ausentem
A saber que por fim no dia em que estamos em superfície
Há imensos rochedos milenares que navegam sob as ondas!

Somos mares da imensidão, seres que não trafegam no éter
Quando da água se sente a profundidade de suas falas
A dizer o canto de sereias que esquecemos enfermas da fala
Nas incertezas de que realmente querem fazer sofrer Ulisses.

Nas vertentes de cristal onde depositamos os erros na urna
Vemos braços pingentes de cores transparentes e errantes
Qual húmidos tempos de chuvas cáusticas e permanentes
Que assolam os caminhos pétreos de Romas anunciadas...

E aí vamos, o mar do ser que é mais do que o oceano inato
Quando supomos que a vertente de um rio que não seca jamais
Seja a esperança de um timoneiro experto em trilhar sereno
As alfombras incandescentes que espelham a Lua em grandeza...

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