quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

VERDADES DE RAZÕES ALGUMAS

            Saberia dizer Murilo de outros caminhos que não fossem aquela obsessão por Cláudia. Disso sabia dizer, o muito daqueles que sentiam se sensibilizar pela história, por um perfil construído algo com metáforas gastas, o muito do se predizer, pois era realmente previsível quando começava a tagarelar bulhufas. Mas Cláudia vinha à tona, e esta, de um caudal transparente, o colocava sempre na posição vulnerável, mas merecida, pois este continuava insistindo em versões hipócritas, meio no absurdo de querer conquista-la. Ela sentia um incômodo e reiterava como uma professora que ensina modos a um menino... Ensinava que os caminhos de que falava Murilo não seriam jamais trilhados, a não ser por aqueles contidos no imenso núcleo do que não era incerto, posto comportamentos traduzidos por um simples parágrafo: algo de aceite, não tanto da contestação em si, mas a profundidade necessária de que outros partilhavam fora do espectro não se sentia nesse núcleo. Meio de dar dó a obsessão que sentia um homem que não aceitava a superioridade moral e ética de uma mulher.
            As verdades possuem razões, e a idade da razão não é numérica, quantitativa, pois tantos e tantos não ultrapassam o limite de seu próprio e fraco conhecimento, a se existir apenas na dimensão projetada ao “outro”, do que esperamos que o outro faça ou se pronuncie, na medida em que possamos nos colocar no lugar desse outro. Insistimos por vezes em cristalizar erros imponderáveis, sem mitigar no cerne a sede de acertarmos sempre, na roda viva em que no início talvez tenhamos errado. Essa equação colocamos no encaixe de muitas situações, transcendendo as relações humanas, nestas reiterando que o respeito se prolongue a um entorno mais universal, como no simples exemplo de que pensemos melhor ao cortar uma árvore, ao capitanear desastres que podem ocorrer por ação não consolidada e prevista dentro de um planejamento inicial e raiz do fundamento do que se pretende como objetivo, pautando-se pelo humanismo como premissa básica e fundamental para que ainda saibamos ser respeitados como raça humana. A premissa de que não somos apenas a espécie, e que o conceito de raças distintas inexiste na antropologia moderna, em que podemos titular portanto que sejamos uma raça apenas, ou humanos no mínimo a se pretender que sejamos: um ser pensante, de luzes passíveis a qualquer um, pois o breu da escuridão fenece quando trazemos as luzes do amor e do conhecimento, da solidariedade e do perdão, do consentimento, da piedade, da bondade e, para alguns, da fé.
            Amanhã será um dia bom, isso a humanidade deveria decretar: um dia em que se pense em não agredir, um dia em que estejamos mais seguros todos os trabalhadores que com sua honestidade e garra fazem destas festas de fim de ano o agraciamento particular com suas famílias e amigos. Amanhã pensemos não em um Juízo Final, mas o nascimento do Filho do Homem que está presente para nos salvar, pensemos nas luzes que nos traz a aptidão para conhecermos essa consciência ipsum facto. Que o Deus seja de qualquer religião, e que sejamos continuamente nobres para levar essa compreensão sob todos os aspectos e não somente no amanhã de agora, mas para todo o sempre.
            Agradeçamos por tudo e acendamos uma pequena vela, que seremos milhões e milhões em nossas boas ou mais toscas casas, na medida em que passemos a acreditar que caminhamos de boa vontade para que todos possam ter uma vida mais digna, nesta forma de lutar para melhorar em todos os rincões do planeta onde haja injustiças, onde o pão não se reparta, onde olhamos para os necessitados como a estranhos, tal a intolerância que por vezes nos salta ao ego.
            Pois que Murilo compreenda a mulher, e que a mulher compreenda o homem, e que ambos tenham as suas livres escolhas... Que a escola pense melhor, que os professores ensinem a pensar na realidade que se nos apresenta e que pode ser dura e, no entanto, passível de mudanças. Que uma real libertação seja a página que esperemos encontrar na nossa própria literatura, religiosa ou não, e que pensemos duas vezes em tentar convencer um crédulo em outra crença, pois não há realmente nenhuma religião superior a outra, seja evangélica ou de umbanda, posto dever de todos é respeitar a cada qual conforme sua individualidade preservada, na coletividade que encerra nos canais de percepção e conduta, por vezes a inquietação natural da busca em que encontramos as saídas para o conhecimento, e a saída pela fé, seja em uma prática diária, seja em um texto, seja na arte, na religião, ou na opção clara de não possuí-la necessariamente.
            Os pontos de vista, neste novo século que se apresenta tão conturbado, geralmente pode ser multifocal, pois as tecnologias se apresentam em micro ou macro processos, em sistemas que pensamos não existir e que no entanto já fazem parte de nossas vidas. Mas quando fincamos o pé na realidade mais concreta devemos saber que a riqueza de um país deve ficar dentro dele. A citar três exemplos cabais: o petróleo, as selvas e a água. Nada tem sentido quando usurpam a riqueza de um país, e seguimos lutando bravamente para tornar o Brasil a nação emergente que foi estancada há meses e que deve, como fator de esperança para os brasileiros, continuar a ser hoje o país que mais Natureza possui... Mais riquezas, uma gente que é maravilhosa e batalhadora, que igualmente faz parte da força que emerge dentro de um panorama em que podemos sair – unidos – vitoriosos de quaisquer crises: política, social e econômica.

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