quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

INCONTINÊNCIA

Ao se dizer de muitas coisas se prediz que não se diga ao mundo
O que é da coisificação, a incontinência da agressão verbal, o viés
Do que seria o tudo sem a presunção de inocências invalidadas…

A se seguir o tempo, quem diria, falar-se do tempo em que o fremir
Nos dedos de sexos iluminados por gânglios retificados como um motor
Seguimos ao tempo em que o moral das tropas se mede com a força dos pés.

Se somos ou se somamos mais, que seja, o tempo feito não coaduna
Com a vértebra silenciosa que nos esquecem nas camas de pedras
Onde as urdiduras do passado não revestem mais o berço de nossa cultura!

O ato manda mais, o decassílabo não traduz o verso, a se voar, se voa tanto
Que quando criamos o gozo vem mais longo e merecido, a se ter o sexo
Dentro de uma mente que não é refratária com o próprio conhecimento…

Sabermos de quase tudo o que se semeia de dúvidas não nos reflete a ser
O ser que esquecemos dentro de uma página de jornal incerto que não se lê
A não ser quando reverbera a letra em um diamante atual, contemporâneo.

O mar passa a ser mais do que sua superfície, navegamos no cordão das ondas
E as musas se atravessam sob o cajado de Netuno, querendo mais de ser
Quanto de também sermos um pouco do que gostaríamos de nunca termos sido.

O não existir, propriamente, na tomada de uma cena em que os muros nos cerquem
Como alfombras laterais de chumbo – a saber – que não espirramos nos tonéis
Onde se guarda reticentes camadas de um conhecimento que se torna nulificado.

Prosseguimos sempre, portanto, sabendo-nos apropriados meramente à questão
De enunciarmos descobertas donde não sabemos onde encontrar a metástase
De uma palavra que se torna dona de si, bem onde nos encontramos com os ventos!

Nau que se nos encoberte, o prazer único do poeta são os versos que vestem os dias
Com os significados de se ter em cada palavra seu próprio matrimônio, a ver,
Que as palavras se multipliquem, posto de malfeitores o mundo já está pleno.

A título de sabermos por onde começa nossa pretensa e angustiada frase em si,
Saibamos sempre que se é de poesia se transmuta na maravilhosa e augusta fração
Onde o ser em si sabe de muito do se fluir, e a máquina que somos não é gerada.

Somos a centelha divina, somos mais do que este corpo, e que isso torne válido
Apenas aquele conhecimento que esquecemos deitado sobre falsos e crus louros
Onde nem César e nem Napoleão descobriram sequer por um segundo seu encanto.

Há que saudar toda a fértil literatura, todos aqueles que transitam pela vida com arte,
Os menestréis dos figurais, as vertentes dos cordéis sertanejos, a poesia concreta
E os versos que ainda sopram por sobre os faróis de sonetos quase esquecidos…

Há que traçar paralelos com Dante, havemos de soletrar as almas da cultura,
Sabermos resgatar os panos da Pérsia, perscrutarmos as falas de Horácio e Virgílio,
Trazermos Aristóteles à tona de todo um panorama existencial vago e órfão.

Nunca será a ciência econômica a pátria dos aflitos, pois estes resultam na desigualdade
Que outros impõem com outras ciências mal traduzidas por outras e renegadas cifras
Que vertem sobre a realidade de todo um povo o caudal irrequieto de genomas vis.

Genomas de interesses, interesses de genomas, se é que a ciência biológica traduz
Que uma agência de informações possa gerar essa anomalia dentro de um quadrante
De programações onde a própria Gênese vira a experiência de alguns incautos.

Sabermos muito da Natureza é o único caminho para nos tornarmos humanos,
Sem precisarmos testar nosso hedonismo na plataforma nua em que o social
Se torna apenas o idílico romance que os seres mais inteligentes têm com os gadgets.

Os sistemas vão sucedendo, outros, que nos perdoem as palavras, posto a percepção
Torna líquida a sensação de não estarmos mais vivos quando de parecerem sem vida
Os que vivem a própria juventude em não querer mais participar de qualquer mudança!

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