quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

PREFÁCIO DE TEMA QUALQUER

            Qualquer escrita é algo que dita uma norma de tema a ser descoberto na semântica das linhas. Pode versar sobre complexidades ou recorrências de outros versos, ou mesmo aos parágrafos que se concatenam em profusão natural. Assim pode ser o de se escrever e prefaciar os modos da paródia: vêm a enriquecer os diversos significados que por vezes ignoramos. Seria um tema como o mar – imenso – em seu ser de ondas, seus rugidos milenares ou suas rochas silenciosas na calmaria, quando pousadas na vastidão daquele. A se observar, sintamos que cada onda e seus múltiplos fragmentos ajudam na compreensão da latitude espiritual dos mundos. Pois ao que vos escreve, em sua própria crença, sabe que inumeráveis são as compreensões da Criação. Dos troncos que emergem com suas fibras no quebra-mar, de uma Natureza toda da matéria saberíamos que prefaciar uma amostragem literária do todo infinito enquanto percepção sensorial finita. Quando a finitude percebe-se na amplidão das diferenças circunstanciais...
            Mais uma linha sempre remonta que saibamos de palavras e suas conexões com o verbo, a que não se caia no erro de acharmos que a gravidade seja a última resposta! Newton fez o avião voar, Deus fez as aves nascerem do voo da Natureza, e alguns poetas nasceram no mesmo átimo enquanto se fez de um coral ultramar brotar uma vaga e sua superfície de cristal. Assim é o próprio prefácio existencial de um imenso livro chamado vida espiritual.
            Na relação com a Natureza das ideias surge uma questão que remete ao entendimento desse universo, pontuado pela luz e versado sobre o conhecimento.
            Em simples tangentes desses significados existe o mais que sentimos, na veia circunspecta da vida, na solidão perpétua e por vezes necessária de um homem e sua próprias vagas de consentimento. Que não se remeta que ele seja do povo, pois seria apenas suficiente afirmar que o seja de uma crisálida, posto nascente é o sol dele mesmo, e que não se ressintam quaisquer, justo a Natureza ser a sua eterna – não perpétua – companheira! Pode ser que seja um tipo de soldado, mas com a mira infalível em sua arma: o conhecimento... Resguardem-se algumas religiões, pois, para alguns, Gibran e Prabhupada bastam para se compreender o mundo espiritual em todas as latitudes que nos tornam histórias de nós mesmos, que somos tão importantes quanto as rochas no mar que abrigam em seus côvados de alimentos a fartura dos peixes. Seria maravilhoso pensarmos um pouco a respeito não mais do que nos ensinamos repetidamente, mas do que farta e infinitamente nos ensina a Terra e sua Natureza. Isso se pontifica, é fato, recicla nossas consciências, ausente de indústrias, sem a carência do simples prazer mundano, já que tudo o que pensamos a respeito carece da humildade necessária a que reflitamos um pouco mais, dentro do que nos espera quando, mesmo limitados em nossas fronteiras existenciais, podemos contemplar a vida que se abre livre, o mesmo comer de um alimento quando sinceramente o oferecemos a Krsna. O homem que vive nessa latitude pode se realizar plenamente. Apesar de tudo, todos passamos por dificuldades, e há aqueles em que a vida tem uma aparência de desastre, mas é uma impressão inequívoca de estarem tendo como referências únicas as pretensas e ilusórias certezas, o que denota uma vida apartada de algo que não é apenas o uno, mas a reunião de todo o Universo, pois sabemos em sua inclusão das luzes que as estrelas existem em nossos céus, visto estarem presentes na companhia do fletir de nosso olhar ou, na ausência deste, em uma poesia recitada a um cego.
            Assim demos por letras as letras que garantam o que serve, quem sabe, a proposições mais verdadeiras ou, quem dera, diminuir a intransigência daqueles que capitulam na mesquinharia de suas contendas por eles tornadas insolúveis, ou ao modo em não saber lidar com a própria covardia a que, saibamos, vem de uma gente talhada a ferro na ignorância monolítica, apesar de lauréis acadêmicos ou virtudes quase sempre forjadas, quando pautam-se pelo egoísmo.

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