Quem
dera não fossemos condicionados como somos. Apertamos botões em nossas vidas
para nos sentirmos tecnológicos e tudo o que aprendemos antes se torna uma
página de alfarrábio, pois queremos garantir que o sucesso é viver trancado
dentro do luxo imposto, com direito à uma piscina incólume e ao padrão de vida
totalmente fora dos limites da pobreza que nos circunda, e que vemos como
culpada de algo... Um homem ou mulher que trabalham em seus dias, em suas
jornadas não podem ser alvos de crítica por terem um emprego considerado
braçal, ou inferior, pois, creiam-me, as mais lindas rainhas são as mesmas
trabalhadoras que varrem nossas ruas, por um exemplo cabal e necessariamente
evidente, pois enfrentam como reais guerreiras muito mais problemas na
existência. Não são da beleza grega idealisticamente, mas há que considerar as
valquírias aquelas que efetivamente são guerreiras, defendendo por vezes de modo
insalubre as suas conquistas materiais. Mas o ponto chave a ser abordado neste
campo em que as palavras vêm para gerar é a questão do condicionamento da fala.
Aliás, as falas que condicionam o modo da burguesia em se expressar que já se
aproxima muito das vezes populares, graças a deus. Acontece neste país uma
retomada da leitura, que remonta a que criemos um modo em que longos parágrafos
possam ser compreendidos e assim atenuarmos nossas diferenças culturais de
ordem erudita.
Vemos
o sintomático índice cultural de nossas telenovelas, como sendo ainda a maior
audiência das populações do país, e não pensemos que sejam restritas a
determinada classe, mas que alcançam ainda a maior parte das gentes do país...
De tal monta que são tantas, que na verdade não haveria uma pressuposição de
que estejam condicionando toda essa gente, já que a miríade de diálogos cria insights – mesmo considerando de uma
plataforma ausente de correntes mais filosóficas – que o popular encontra como
meio de compreender e entreter-se nesse mundo, depois de suas exaustivas
jornadas de trabalho. Demos crédito ao folhetim e sua vertente teatral de
costumes, tão atrativa como são os seriados internacionais de TVs fechadas, que
por sua vez atende uma parcela mais idosa da população, em classes mais altas,
mas que no cerne passa a ser a mesma preguiça – neste caso, naqueles que
vivenciaram formações mais intelectualizadas – ou cansaço do mesmo intelecto,
ou mesmo a escolha tão importante no mundo de hoje, pois jamais devemos coagir
as escolhas, atalhar os desejos, desde que sejam dentro da lei e suas proteções
salutares e maduras. Obviamente canais que exibissem mais filmes de cunho da
arte, como no exemplo europeu, seria talvez querer muito de um país onde a
dominação estrangeira tece seus interesses, criando atmosferas espirituais nos
países pobres nem sempre condizentes com entretenimentos de melhores níveis
culturais. Isso é apenas a constatação do fato, ou dos fatos mesmos, pois de
que adianta tanta aproximação com grandes metrópoles se o nosso povo é mantido
em um limbo de conhecimento mais facilmente manipulado? Nem é tanto a questão
de almas condicionadas, mas se tanto, do mesmo em materialismo, do Pavlov ainda
atual, considerando a importância de seus conhecimentos com bichos, no que prescreva
que em certos aspectos somos bem piores do que os tais...
Que
não teçamos, com o mundo tal como está, superioridade de espécies no planeta,
pois chegamos à conquista de conceder afetos afortunados aos animais, como em A
Montanha dos Gorilas, com a atriz consagrada Sigourney Weaver. Por que não
creditarmos ao movimento de formigas um conhecimento que encontramos e que nos
dá a Natureza, com a generosidade maravilhosa em que nossa espécie não costumou
ainda a se dar conta, com sua percepção aberta apenas aos aparelhos digitais?
Saibamos que a afetividade de um cão não pede recompensas, apenas que se o
trate bem, e que sejamos humanos – estranho paradoxo – com eles. Atingimos
níveis de condicionamento maiores do que os bichos, na equação: estímulo-punição-prazer,
em que a ordem não se dá em nenhum sentido, pois mesmo os estímulos dependem de
nossa massa encefálica em apertar os botões e vivermos, a não ser que exerçamos
a escrita, a arte, pois estas ferramentas de expressão fazem brotar muitas
vezes a contradição necessária, dentro de uma investigação acurada e quase
filosófica de como nos situamos no mundo... Como disse Vandré, a vida não se
resume a festivais, e agora, nem a orgias, nem ao descaso, injúria, inveja,
preconceito ou difamação. Apenas afirmo que senti tudo em minha carne, mas não
importa, pois para um devoto de Krsna, a fama é igual à infâmia, pois não há
dualidades na vida espiritual e, como um bom conselho que dou aos seres que
aceitem de meu verbo, a senda necessária é ao menos tentar agir em consciência
de Krsna, em bhakti, não importando a religião, ou mesmo, para os ateus, agir
com caráter, com a disposição férrea de cavalheiros, pois de barbáries já basta
em muitos cantos insalubres do planeta. Pensemos no progresso como algo que saiba
de melhor distribuição de riquezas, pois do mesmo lado de alguém que curta
escrever, há a curtição sem precedentes em sabermos que muitos poderão a vir a
ler. E entender.
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