quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

O LAPSO E A CONCRETUDE

 

         Andar sobre superfícies côncavas nos faz deslizar para o centro quando não encontramos o limite da geometria em suas bordas no anel algo conceitual do referido objeto. Nada do que não nos permitamos salva-nos deste contexto, assim como estarmos sobre uma calota mediana e convexa nos traz abrigo nas fugas ao centro, pois se não fora deslizaremos para as bordas de sua outra e oposta geometria. Passamos a ignorar a concretude dos limites, o equilíbrio que há nesses dois pratos, onde quiçá duas torres ajudassem a equilibrar a paródia contextualizada! Estarmos sobre essas formas de modo solitário nos remonta um lapso, e sabermos equilibrar essa oposição nos leva à concretude, a sabermos como comportarmo-nos perante os níveis em que o stress do objeto que não se mova nos remeta a uma solução qualquer, assim como viver em sobriedade nos dá o espaço necessário a que dispusermos a essência diuturna do conhecimento para democraticamente elucidarmos a importância da assertiva qualidade da atração entre os seres e seus processos. A existência passa a ser consuetudinária, tradicional, vergada sobre a protensão que suspende um vão na engenharia, uma convexão da esperança no mundo inteiro. Sabermos desse supracitado processo – entre tantos outros – nos faz conformes a divergir sobre uma escola em que Saturno se depreende em seus anéis. Saber do sofrimento que nos perpassa a vida nos entorpece do mesmo sofrer de quem amamos, e ser da esfera mais solidária remonta um perfil quase nulo quando a nossa ação não nos recorre a ser mais sensata. A visão complexa de que estaremos em um ensaio de erros e acertos empíricos refaz estruturas que consolidamos na esfera de um pensamento onde o côncavo e o convexo possam estar alinhados com uma dinâmica de diálogos, ou mesmo da expressão em sua mais ilimitada possibilidade, sem conferir ou significar ameaças ao status social ou sistêmico. Do que saibamos ser a vertente de algo mais esporádico do que esperamos revela o nível paradoxal, posto a escrita possa ser de vanguarda com todas as suas letras e, no entanto, os signos nos mostram a perplexidade da classe que não negue pertencer a si mesma. Se tudo fosse de ordem classificatória estaríamos em uma situação onde não estaríamos nem aptos a navegar entre tempestades de amor e ódio. No que um traduz a bonança, e o outro a semântica dos opostos no absurdo da poluição da certeza sobre tudo, o que nos deixa mais órfãos com o coração repleto de rancores. A esse ruído pertencemos – aí sim – à classe que exclui, que segrega, que contamina a bondade com um sentimento ruidosamente sinistro, e essa questão torna possível as contendas pessoais até os limites quebrados entre a paz mundial.
           As nações do mundo que não retaliem, mas construam, que não sejam despóticas, que encontrem seus variados caminhos pois, se assim não fosse, seria impossível sequer viajar, posto a guarda de nossas idiossincrasias particulares por vezes entram em uma vibração de única amplitude: geralmente a causa da ruptura de mais variada estruturação tanto material como espiritual. Há que se negar esse tipo de lapso em nossa existência, pois quem gosta do conflito obviamente não é o soldado raso: sem seus coletes, sem suas proteções e, muitas das vezes, sequer armado. O que naturalmente ocorre em nossos seios sociais é aquilo que muitos dos seres humanos se aproximam, um pensar unificado em um cerne tipicamente único, absorto no nada, esses seres em que nos tornamos quando sequer sabemos a dimensão do que somos e sequer sabemos a dimensão do que seremos, vivendo em uma decrepitude de tempo ociosamente trabalhador. Nem todo o aspecto produtivo significa todas as sentenças capitais do mundo, ou todo o embasamento de quaisquer sistemas onde nos encontramos… Digamos, nem toda a ciência tem escalas inegáveis. Ou, melhor dizendo, os degraus seriam mais altos se soubéssemos que por vezes é melhor nem erigi-los para um lugar que não chega a lugar algum. Necessariamente, precisamos ter melhor dirigida a nossa consciência dos fatos e, na melhor das contas, aventar a possibilidade de que a vida honesta é a melhor parte do ser, quando na esfera material. Um ser de algo mais sólido, nem que aparentemente seja excluído, mas que lute diuturnamente para obter apoio de um merecimento maior, insistindo, bem portando-se, tentando seu melhor, não se tornando uma esponja etílica, ou fatores tão ou mais graves quanto. Basta não tornar toda a História pessoal um lapso, uma lacuna, pois todos nós a possuímos, e o passado vem a nos ensinar que errar múltiplas vezes apenas nos encaminha ao fracasso. Essa é a Lei que porventura está escrita na civilização deste novo milênio, pudera!


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