sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O SERVIÇO ESSENCIAL

 

           A partir do momento em que estejamos aptos a misturar um suco, a cozinhar uma batata, a ver mais sobre o nosso próprio olhar, estaremos aptos a prestar qualquer serviço básico e essencial. Todos eles possuem a plataforma da querência, todos demandam um esforço, todos são factíveis de serem aceitos na sociedade, não importando muito o como ou porquê, nem mesmo a intenção, quando disto subentenda-se ser ou fazer parte da sinceridade e da assertiva colaboração. Melhor dizendo, uma ação em consciência de Deus, um serviço devocional, seja ele a partir de Cristo, Moisés, Abraão, Maomé, ou mesmo entalhado pelo pensamento divinal da filosofia. Os resultados são certos, como pérolas ensartadas em um cordão! O Todo Atrativo, ou o Poder Superior nos demande que seja Krsna também, em síntese, não importarão tanto os nomes… O nome Krsna é O Todo Atrativo, é o Senhor Supremo, Deus, que eternamente nos guarde. Afora a questão espiritual, que nos mova e proteja, o serviço – qualquer que seja – está, quando para melhorar, como tarefa essencial, à moda e escopo do trabalho, não propriamente convencional – posto alguns terem limitações quanto a isso – faz parte da evolução igualmente material e existencial humana.
          O aferrolhar uma peça, a construção granítica, a poesia indelével, a inteligência sumamente necessária sempre serão dádivas quando estiverem presentes, devidamente guarnecidas pela razão. Essa mesma e pungente notícia que recebemos através de um veículo, ou melhor, na atenção de uma atmosfera límpida, ou de uma película transparente de um bom filme. Não se alterca mais fora do diálogo, sendo as palavras uma eterna fonte não residual de informações que, quer tratar-se de sigilo ou não, busca em outras o embate – aí sim – saudável na quimera de nossas vidas. Quando temos uma boa caixa de ferramentas e aprendemos a usar apenas uma bem, calçaremos ao menos as sandálias de um bom sapateiro para mais tarde calçarmos suas botas, em necessárias aquisições!
         Em uma música barroca, a se falar das ferramentas temos, como coadjuvantes de seus instrumentos, um Bach que remonte algo que a poesia geralmente admira, que são os contrapontos, ou linhas harmônicas na sincronia, como melodias entrelaçadas. No viés existencial, enquanto caminhamos por uma rua – seja de onde for – as pessoas estarão presentes e, para quem está apto a desenvolver a aptidão e sensibilidade para tal, há um tipo de moto continuum que prescreve cotidianamente as direções, sob a batuta de intuição, haja vista as mulheres consigam nesse quesito mais conquistas do que os homens, pois são de mais assentimentos nesse aspecto da persona que somos…
         Passamos por fases de integralização de modais os mais variados, e é nessas horas que estarmos coligando arte e ciência nos aflore o caudal da cultura como jamais estaremos em falta no milênio pelo qual atravessamos com nosso barco, ou com nossas asas por vezes famélicas de uma pedra por onde descansar. Descansamos sim, ao largo de nossas vidas, turbulentas ou não, mas o ferro é característica de um possível robô: somos de carne, de vísceras, muco e sangue, e o espírito que anima essa maravilhosa máquina como noviça espécie no planeta, tão inatingível que sobremodo está presente na eternidade, mas não sabemos quem seremos depois ou o que fomos antes. Talvez seja apenas a esperança que nos reserva a sabedoria, esta que nos remeta mesmo à certeza, e a prática aponta o agir, mesmos sem contar com muitas letras, pois aquele que remonta sua enxada é capaz de carpir, e aqueles que de modo feliz possam alugar um trator, possuindo mãos, são capazes de semear. Essa caixa de ferramentas encerra os ensinamentos de diversos profissionais, como há um canivete que se aproxima do corte, e há um bisturi que se aproxima do tentar salvar uma vida. Em si, um Victorinox são várias ferramentas em um, desde a tesoura ao saca-rolhas. Na hora de decidir algo com relação a uma técnica, temos que usar uma ferramenta que se encaixe, como na hidráulica é tão importante o alicate de pressão e, para instalar um varal é necessária uma furadeira, e de preferência Bosh ou Black & Decker. Citar marcas na sociedade de consumo pode virar uma mania de oficiosos trabalhadores mas, na verdade, podemos muito bem fabricar nossas próprias ferramentas, ou construir uma ferrovia com nosso próprio know how. É bem esquisito falar em ferrovias sem podermos crer que isso é um passado que já vem de longe, desde Juscelino, em nossa História.


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