sábado, 18 de dezembro de 2021

AS PÁTINAS DO TEMPO

 

Se assoberba em nosso coração um ato decassílabo
Quando nossos versos se perdem na métrica
De um metro escalar ou vetorial, dependendo
Do tipo de técnica e do tipo da engenharia da arte!

As equações ferruginosas perdidas pelo sonar
Translúcido do tempo, indicam apenas
Que hoje nada do que tínhamos sera por herdar
Dos que eram história, à História Atual.

Páginas de patinetes se criam, no alfarrábio
Que vence dentro da clausura de museus,
Mas que fora destes não soam mais como testemunho
Inconciliável das pátinas enumeradas nos registros.

Tudo o que se lê, independente da migração
Histórica ou geográfica, tudo está catalogado
Na espera de que seja interpretado e, no entanto,
Nada do que criamos bem sofrerá análise dos ignaros…

Nada do amor que salva será guardado em uma pasta
De chumbo onde não se sabe onde estaria
A chave que abre uma portinha do passado
Na reminiscência ocre dos covardes fracos de espírito.

O que se retenha em contradições louváveis
Sua o suar dos leitos, sejam conjugais ou hospitalares
Quando, no nosso sentir possamos, que o pensamento
Verterá sobre a superfície conservadora de naftalina.

Que se remonte um tipo de sociedade não secreta
Onde a arte tenha seus tempos justos para manifestarmos
Tudo aquilo que perpasse o próprio tempo
Levando as pátinas para a arquitetura das almas que somos!


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