sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
A ANUNCIAÇÃO NÃO VEIO EM UMA EMBALAGEM DE HAMBURGUER, NEM NO RÓTULO DE UMA CERVEJA, POIS A LUZ QUE EMANOU FOI O BRILHO DA ESTRELA DO VENTRE DE MARIA QUE SALVOU O MUNDO QUANDO MOSTROU AO MUNDO QUEM SOMOS CRUAMENTE, APARENTEMENTE SEMPRE, APARENTEMENTE PIORES E PARADOXALMENTE INOCENTES COM NOSSAS INFANTILIDADES.
A BRAVATA NÃO EDUCA
Condiz
sermos puros... Que pureza, senão a transparência, a decência, mesmo que não
tenhamos tomado banho na semana e que nossa pele seja qualquer pele, a máquina
humana! Tenha-se dó, isso tudo não existe. Não é através de truculências de
teor ao querermos impor qualquer coisa a alguém, pois seja do justo firmarmos: caro
operário, vamos colocar mais dois seus para que aumentemos a produção em três,
pagando igualmente o que você ganha aos outros, que você ganha bem, e ao auxiliar
justamente. Por favor, erga-se no seu lavoro, você é grande porque trabalha
bem, e eu não pretendo jamais explorar ninguém, pois sou decente quanto a
esmeralda dos olhos de minha mulher, compreende? “De acordo”, apenas, “ok!”
Outra coisa, teremos noção mais evidente da produção quando você tiver apto a
passar de escala a escala, pois quanto mais você puder produzir, eu agrego mais
valor diretamente proporcional ao seu ganho, e que não me chames de patrão, mas de administrador, pois bem
sei que a minha gerência é aceita pelos donos, a respeito. E mais, ofereço a
vocês a possibilidade de lerem bons poetas ou boa literatura, história, pois
possuo bons livros e professores auxiliares que lhes permitirão melhorar a compreensão de nossa
pátria, quem somos, e etc. Se vocês possuem dúvidas, não haverá maior problema,
pois Edivaldo, o sênior, é bem mais velho que vocês todos e trabalha aqui como
professor e mestre geral, e é meu querido sogro. É dos nossos, aliás, quem não
seria, se não fosse assim? That’s the question... Um pouco de inglês não faz
mal. Compreendam todos que o ensinar-se algo é escola de todos, e pode ser de qualquer sistema em que nos encontramos: o justo, o que queremos, o que podemos.
Algo de
desenho seria outra escola, algo de versejar outra, a pintura... Qual não
fosse, transformar o país em uma escola, usar as redes sociais para aprender,
sempre estudar, pensar nas duras penas que não importa o lugar, pois se você
priva com irmãos, passando necessidades, o estudo é modo de uma ação que nos
move, que nos leva adiante, que torna a resposta positiva um insight, ou
melhor, uma motivação consciente e saudável, para o melhor, para sermos
melhores... É isso! Não há que pretendermos que essa mensagem tenha algo de
espírito, pois é o autor que tem estudado o suficiente para dizer com
propriedade que nunca lhe tiram da cabeça o conhecimento, já que o que
conquistamos em nossa vereda pela vida em si é a mesma esperança de ouro que
possuímos consignada em nossas existências. É fator, é concretude e conquista,
é o que leva-nos a progredir cada vez mais, e não é passiva, de ficarmos
esperando, não é esperança de esperar, que seja, não é essa espera turva em que
depositamos tudo nos outros. Nós mesmos fazemos por conta, não importa,
conectados ou não, ou com um caderno e uma caneta apenas, somos os mesmos dos
grandes servidores da informática. O nosso cérebro é a máquina mais perfeita e
já está conectado há muito tempo, com os livros de papel, com as andorinhas que
voam além das superfícies digitais, com o sorriso de um ser humano que não se
acovarda quando desconectado, ao vivo e a cores. Sem rancores, conhecer na
bravata não dá o ligamento esperado. O que nos educa é a compreensão de que
podemos até compreender o computador, mas acreditar que isso seja motivo de
isolacionismo ou condição existencial, ou mesmo superioridade em relação a uma
mosca, por exemplo, não convém com as novas e esperadas estruturas da sintaxe
evolucionista. É no justo que caminhamos, e o operário ganhará mais quando a
sua produção aumentar, essa deve ser a lei para todos os operários do mundo. E a todos aqueles políticos que cumprem pena no país que aprendam com seus erros, que tornem-se melhores, pois a questão do perdão quando cumprirem merece a atenção de todos os camaradas, pois quem fica ciente no mundo é sempre aquele que adquire experiência por algum dia ter pago pelos seus atos. Infelizmente, a um tipo de maioria neste sistema capitalista, a quem lhe fosse dada a oportunidade de lesar sua pátria ou seu semelhante e se manter incólume, não poderia jogar as pedras sobre aqueles que foram considerados culpados.
O CONHECIMENTO COMO FORTALEZA
Dada uma
equação, há uma presteza em resolvê-la, mas sem o conhecimento suficiente o
resultado não será exato. Não sendo exato, quando da matemática, não estará
certo. Como em uma lógica onde passou-se pelo conhecer da própria existência,
um escritor pode dizer com uma corrente verdade ao menos a busca por esta. Para
citar um exemplo da matemática básica em uma equação do segundo grau, o
resultado ou raízes da equação, quando o delta é maior do que zero, segue sendo
o domínio de um conjunto contido na Verdade, ou seja, um resultado de cálculo é
verdadeiro enquanto correto, dentro da limitação dos conjuntos onde se está
inserido como uma premissa do enunciado do problema. No plano humanístico
sabemos do ser coletivo e igualmente do ser individual e suas interações.
Quando as interações do ser com o seu entorno é de cunho mais horizontal, cessa
um pouco da soberba em querermos crer apenas no moto contínuo das diferenças de
frequência, vistas enquanto certas inacessibilidades meio burocráticas. Imaginemos
um plano como entidade geométrica e suas assimetrias, e estaremos aptos para
conhecer o que é uma navegação – mesmo em terra – de nossas próprias
superfícies existenciais. Onde um conhecimento de um indivíduo pode sobrepor-se
à coletividade quando esta possua em número aproximado dinâmico de trocas a
versatilidade para aceitar uma solução simplificada de um problema, alçando o
indivíduo a uma representatividade do pequeno coletivo, a ser espelhado em
maior número a outros. Mesmo enquanto dinamicamente a origem do conhecimento
esteja bem ocupada em avançar mais e mais na solução e sustentabilidade, em
termos amistosos sempre, porquanto educação dinâmica que ocorra sempre nessa
igualdade de condições em que se nos permita progressos maiores.
Não há
porque ocultarmos da população que pensamos seja de menores luzes o que se
passa na ciência de vanguarda, ou ao menos o conhecimento da história, ou, a se
bater em um velho ponto, a educação como um todo. A ficção não explica a
ciência, mas às vezes pode quase profetizá-la quando de boa arte e engenho. Mas
isso sempre passa por suposições, e o teatro de revista, o folhetim das séries
pode imitar bem a realidade, mas é sempre uma montagem ilusória desta. Quem se
dá uma importância mais meritória por pensar algo que crê seja melhor do que
outra, quem sabe, não detém a Natureza mais fundamental de um fato que pode ser
escrito com outros contextos, com outras espacialidades de vernáculo. Por assim
dizer que o que se lê é por vezes menos do que o que se fala, parafraseando os
gregos onde o diálogo podia ser o mito. Se não sairmos de uma realidade que se
impõe como a única, sem partirmos a discernir que a arte abstrata e o
surrealismo seja a fonte que nos aproxime de um onirismo de caneta, sim, expormos
algo a alguém como resultado de um rabisco de tintas, a sabermos que a mão não
nos falte nunca, pois esta mesma mão referida é a maestrina de uma batuta que
rege a expressão mesma, seja artística, seja artesã. A vida em um caudal de
merecimentos nos coloca em um tipo de retaguarda onde nos apoiamos apenas na
tecnologia, e onde ontem era uma arte de plasmar hoje vira fabrico visual... Na
verdade as possibilidades se voltam a uma grande biblioteca, onde podemos fazer
suceder fatos, onde estes ou outros fatos podem ser manipulados, onde toda a
abrangência do que pensamos ser a manifestação da matéria vem encapsulado por
teores não apenas ilusórios porquanto místicos e, no entanto, muitas vezes
paradoxalmente necessários.
O
conhecimento concreto vem a ser o referencial de como um homem, como uma
mulher, uma criança, podem se situar no que se confecciona, no lavor, no fazer
algo, na construção, na engenharia, na técnica das razões do direito ou no
ofício mesmo da poesia. Em muitos desses campos de atuação não se busca o
ganho, mesmo porque hoje um poeta é apenas um sonhador, e praticamente todas as
empresas dependem do marketing bem direcionado e bem colocado frente a uma
sociedade de mercado que coloca a embalagem e seus processos à frente dos
conteúdos. Apenas no que é indispensável – seja um serviço, uma riqueza ou um
dom muito arrojado – segue participando de alguma forma com valia nesse esteio,
nessas vertentes de uma economia que alija, ao invés de fornecer, ou contribuir
para um saudável andamento social. Esse é um conhecimento, ou uma tomada de
consciência muito importante, pois sabermos que existem muitos países, e que
alguns seguem mais justos, e outros mais refratários nas questões das
humanidades, nos fará seguir por nossos rumos com um esteio ou sabedoria que nos
tire muitas vendas impostas por uma questão de facilitar a manipulação, a
saber, que uma população menos conhecedora não pode por vezes sequer afirmar a
sua identidade. É por essas e outras que sabermos conhecer nos tornará mais
fortes, apesar das motivações em contrário...
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
VERDADES DE RAZÕES ALGUMAS
Saberia
dizer Murilo de outros caminhos que não fossem aquela obsessão por Cláudia.
Disso sabia dizer, o muito daqueles que sentiam se sensibilizar pela história,
por um perfil construído algo com metáforas gastas, o muito do se predizer,
pois era realmente previsível quando começava a tagarelar bulhufas. Mas Cláudia
vinha à tona, e esta, de um caudal transparente, o colocava sempre na posição
vulnerável, mas merecida, pois este continuava insistindo em versões
hipócritas, meio no absurdo de querer conquista-la. Ela sentia um incômodo e
reiterava como uma professora que ensina modos a um menino... Ensinava que os
caminhos de que falava Murilo não seriam jamais trilhados, a não ser por
aqueles contidos no imenso núcleo do que não era incerto, posto comportamentos
traduzidos por um simples parágrafo: algo de aceite, não tanto da contestação em
si, mas a profundidade necessária de que outros partilhavam fora do espectro
não se sentia nesse núcleo. Meio de dar dó a obsessão que sentia um homem que
não aceitava a superioridade moral e ética de uma mulher.
As
verdades possuem razões, e a idade da razão não é numérica, quantitativa, pois
tantos e tantos não ultrapassam o limite de seu próprio e fraco conhecimento, a
se existir apenas na dimensão projetada ao “outro”, do que esperamos que o
outro faça ou se pronuncie, na medida em que possamos nos colocar no lugar
desse outro. Insistimos por vezes em cristalizar erros imponderáveis, sem
mitigar no cerne a sede de acertarmos sempre, na roda viva em que no início
talvez tenhamos errado. Essa equação colocamos no encaixe de muitas situações,
transcendendo as relações humanas, nestas reiterando que o respeito se
prolongue a um entorno mais universal, como no simples exemplo de que pensemos
melhor ao cortar uma árvore, ao capitanear desastres que podem ocorrer por ação
não consolidada e prevista dentro de um planejamento inicial e raiz do
fundamento do que se pretende como objetivo, pautando-se pelo humanismo como
premissa básica e fundamental para que ainda saibamos ser respeitados como raça
humana. A premissa de que não somos apenas a espécie, e que o conceito de raças
distintas inexiste na antropologia moderna, em que podemos titular portanto que
sejamos uma raça apenas, ou humanos no mínimo a se pretender que sejamos: um
ser pensante, de luzes passíveis a qualquer um, pois o breu da escuridão fenece
quando trazemos as luzes do amor e do conhecimento, da solidariedade e do
perdão, do consentimento, da piedade, da bondade e, para alguns, da fé.
Amanhã
será um dia bom, isso a humanidade deveria decretar: um dia em que se pense em
não agredir, um dia em que estejamos mais seguros todos os trabalhadores que
com sua honestidade e garra fazem destas festas de fim de ano o agraciamento
particular com suas famílias e amigos. Amanhã pensemos não em um Juízo Final,
mas o nascimento do Filho do Homem que está presente para nos salvar, pensemos
nas luzes que nos traz a aptidão para conhecermos essa consciência ipsum facto. Que o Deus seja de qualquer
religião, e que sejamos continuamente nobres para levar essa compreensão sob todos
os aspectos e não somente no amanhã de agora, mas para todo o sempre.
Agradeçamos
por tudo e acendamos uma pequena vela, que seremos milhões e milhões em nossas
boas ou mais toscas casas, na medida em que passemos a acreditar que caminhamos
de boa vontade para que todos possam ter uma vida mais digna, nesta forma de
lutar para melhorar em todos os rincões do planeta onde haja injustiças, onde o
pão não se reparta, onde olhamos para os necessitados como a estranhos, tal a
intolerância que por vezes nos salta ao ego.
Pois que
Murilo compreenda a mulher, e que a mulher compreenda o homem, e que ambos
tenham as suas livres escolhas... Que a escola pense melhor, que os professores
ensinem a pensar na realidade que se nos apresenta e que pode ser dura e, no
entanto, passível de mudanças. Que uma real libertação seja a página que
esperemos encontrar na nossa própria literatura, religiosa ou não, e que
pensemos duas vezes em tentar convencer um crédulo em outra crença, pois não há
realmente nenhuma religião superior a outra, seja evangélica ou de umbanda,
posto dever de todos é respeitar a cada qual conforme sua individualidade
preservada, na coletividade que encerra nos canais de percepção e conduta, por
vezes a inquietação natural da busca em que encontramos as saídas para o
conhecimento, e a saída pela fé, seja em uma prática diária, seja em um texto,
seja na arte, na religião, ou na opção clara de não possuí-la necessariamente.
Os pontos
de vista, neste novo século que se apresenta tão conturbado, geralmente pode
ser multifocal, pois as tecnologias se apresentam em micro ou macro processos,
em sistemas que pensamos não existir e que no entanto já fazem parte de nossas
vidas. Mas quando fincamos o pé na realidade mais concreta devemos saber que a
riqueza de um país deve ficar dentro dele. A citar três exemplos cabais: o
petróleo, as selvas e a água. Nada tem sentido quando usurpam a riqueza de um
país, e seguimos lutando bravamente para tornar o Brasil a nação emergente que
foi estancada há meses e que deve, como fator de esperança para os brasileiros,
continuar a ser hoje o país que mais Natureza possui... Mais riquezas, uma
gente que é maravilhosa e batalhadora, que igualmente faz parte da força que
emerge dentro de um panorama em que podemos sair – unidos – vitoriosos de
quaisquer crises: política, social e econômica.
domingo, 17 de dezembro de 2017
UMA HISTÓRIA SEM PORQUÊ
Um homem saía pela porta da frente,
deixando as chaves outras sobre a pequena mesa da sala. Que fosse, pequena peça
do mobiliário, talvez houvessem outros suportes, um sofá, uma cama perto da
porta da frente, será que tipo de construção faria face a tudo o que se supõe
da arquitetura, do espaço, de um gesto de sair, mesmo quase compulsoriamente.
Saberia mais do que o possível se lhe tivessem dito, ao menos do se dizer com
franqueza, do que se passava então, pois do enviesado já estava farto. Quantas
construções sem sentido nas mentes de infelizes por não terem suporte cultural,
e como isso fazia bem ao poder. É mais fácil manipular a ignorância, e somente
os cultos sabem discernir quiçá até do ponto de vista histórico uma coisa da
outra. Não haveria senão poucos traços a traduzir seu caráter: um homem
simples, um homem da vida, amante da vida. Quantos amores se passaram até
conseguir ver que o nada parecia uma forma de amar na vida contemporânea, o
nada em si, o ser do nada, como diria um escritor... Até seus encontros seriam
dúbios, quiçá a gana de muitos o traírem, mas trair-se o que se na breve
possibilidade estaria apenas uma ideia, ou melhor, um estilo de se levar sua
senda! Creia-se que para esse homem a oferta carnal era apetecível, mas de
tantas e tantas formas que a ilusão se constituía em um hedonismo, daqueles por
companheiras construídas, das versões esquerdas ou direitas, do reto, do banal.
Usualmente saberia mais que era isso mesmo, e a crise se via crescer, a
desesperança era plantada em fragmentos de pequenos e intraduzíveis
ressentimentos, para não se falar nos ódios apenas aplacados por insumos
psicoativos, como álcool ou similares.
Nada... Que esse ser falasse, ao
menos por alguns minutos, mas se diria melhor dentro do alfarrábio de uma
poesia, ou em uma correnteza de expressão, que não precisasse ser do atavismo
cru, mas que descobrissem no oceano uma garrafa com uma carta sincera, jogada
cinco minutos antes do recolhimento.
Uma atriz era sua amante, não
propriamente fingidora do sentir, mas que sentia na sua arte o representar: de
palcos, de poética, de mimese. Carla o amava, seu nome estava escrito em seu
braço, a ver, cada qual em cada qual.
Chovia finalmente, e a chuva com
suas metáforas botavam o incandescente verão como um animal acuado perante as
pétreas gotas do sem perdão da Natureza. Que fosse o propósito desta, mas a
muitos o egoísmo previa tempo seco em suas piscinas e condomínios com placas
solares! A se gostar, que a roda girava, não sabemos os que leiamos algo se no
sentido da compreensão, se no intento intuitivo, ou nas verves raras de
talentos aplicados. Que fosse a noite uma longa chuva, que chegasse a ponto de
fazermos ver estrelas aparecendo por sob nuvens, por sobre o céu, e as nuvens
caindo na terra, a ver outras que apareciam mais teimosas, sem alguma
cadente...
Finalmente, que se dissesse, o homem
escrevia. Sentia uma saudade de Itália nunca visitada, a não ser por livros que
o fascinavam de per si, deste exemplo de uma língua maravilhosa, tão próxima do
Latim. Não negava ser católico, justo o oposto, via na comunhão a compostura do
rito sagrado, em que os ventos traziam da autoridade Papal. Como este, era
Francisco seu nome e, como o santo, adorava os animais, de tal modo que podia
viver tranquilamente sob a égide de um grande formigueiro, a considerar as que
estejam em filas, carregando fardos, ou curtindo caminhos... Seu nome estava
tatuado no braço esquerdo de Carla, e este no seu braço direito. Ambos – que este
pintava – amavam a arte mais do que o simples propósito material, e suas
expressões galgavam os muros em que os homens e as mulheres por vezes permitem
que construam em seu redor, talhando a si mesmos a escravidão do comportamento
que outros dizem ser normal. Algo sem sonhos, algo sem ideais, algo de ver o
mundo sob a esfera de contraordens apenas, em que a ternura cede seus espaços
para que resolvamos as coisas sem tangenciarmos no sentido de que tudo o que aprendemos
possa ser contestado em uma leitura com dinamismo e o encontro conosco que se
faça dia a dia...
sábado, 16 de dezembro de 2017
DE CATEGORIA À PRÁTICA
Antes
de navegarmos sobre um método de pensamento, devemos abrir nossas
próprias sintaxes, a uma abertura plena, em que um sinal qualquer
possa ser descrito como comunicação, como a própria inexistente
sílaba IC em comunicação, isolando a ação do comum. Duas
palavras, que podem denotar a compreensão de um conhecimento, ou
apenas uma questão analítica de raízes, um informacional que não
deva se repetir sem as vertentes de um aparato lógico. Na aparente
abrangência desses fatos que não se encerram fora do que
pretendemos ver, o operativo torna-se nulo quando não estamos
abertos, seja qualquer peça na hierarquia, para uma inteligência
horizontal nas categorias de trabalho e sua prática. Há chefias que
não se contentam em apenas exercitar a própria soberba de saberem
estar com um poder, e pontuar como inacessos a se prescrever que o
oposto é mais do que necessário. O industrialismo ausente pode
repetir fracassos nas estruturas que restam pelo serviço, ao serviço
somente, em que as nossas máquinas dependem – e por isso que nos
cessem quaisquer soberbas – não apenas do fabrico externo como da
prática e treinamento externo dos manejos.
Tenhamos
um social societário, fremente, forte, para que não enfraqueçamos
a inteligência preventiva, no fator de que bastaria, no conceito
equivocado, que as práticas sejam meramente de cura de infecções
já em estados lastimáveis, posto que ao fazermos ou permitirmos as
práticas que fatalmente geram a índole da corruptela, venhamos a
usar das mesmas armas daqueles que as usam e usaram e fracassaram em
seus sistemas e modos de atuação. Vestimo-nos de perfumes que
evolam seu efeito até o dia seguinte, ou à noite, ou sempre, em
eterna e crescente vertente de nossos próprios erros. As causas são
próprias, e o que está retido grandemente concentrado em poucos
fará a falta do mínimo necessário ao todo, à grande maioria. Esse
poderia ser o espírito do que ocorre realmente nos sistemas
implantados que dependem de releituras esporádicas e pouco
dinâmicas, qual não fosse apenas de igual sistematização quase
involuntária de nossos meios de comunicação, diga-se de passagem,
falsamente mais respeitados. O critério de admitirmos as diversas
categorias em suas disciplinas urge para que o esforço aliado ao
treinamento capaz pode gerar as divisas internas ao país que tanto
são importantes para seu andamento, a se ditar o montante cabal das
possibilidades da geração de consumo àqueles que não possuem
agora, no que sinistramente orientam os poderes estabelecidos que é dessa fração
que na verdade é a grande massa que se deve tirar o tanto a que
sobrevivam apenas, crescendo dessa forma o conflito, a violência e o
crime organizado.
Não
se deve usar o mesmo mecanismo, a mesma mola, posto ser estrito agora
a não dispensa das ideias dos leigos, e de inteligências que podem
buscar em seus subliminares a forma coesa e gregária de combate
necessário para efetivamente termos em mãos os resultados cabíveis
a que nos permita o progresso e o desenvolvimento, com manutenções
dinâmicas e abolição de preconceito no sentido de negar-se a si
mesmo – enquanto sistematologias – do enfoque que outros possuem
em superioridade na experiência e na vivência pessoal, que se
traduz em prática e arcabouço, digamos, técnico. É por essas
vivências e pela construção de uma sociedade livre no sentido de
admitir o gregário, o que vem a agregar conhecimento ou experiência,
é que poderemos ao menos jogar com mais competência a tática do
tabuleiro: essa imensa qualidade dos peões, descartando a
importância de reis que têm mostrado sequer pífios movimentos… É
pela grandeza do povo da pátria brasileira que temos a obrigação
moral e cívica de apontar os erros mesmos de quem detém os Poderes.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
INCONTINÊNCIA
Ao
se dizer de muitas coisas se prediz que não se diga ao mundo
O
que é da coisificação, a incontinência da agressão verbal, o
viés
Do
que seria o tudo sem a presunção de inocências invalidadas…
A se
seguir o tempo, quem diria, falar-se do tempo em que o fremir
Nos
dedos de sexos iluminados por gânglios retificados como um motor
Seguimos
ao tempo em que o moral das tropas se mede com a força dos pés.
Se
somos ou se somamos mais, que seja, o tempo feito não coaduna
Com
a vértebra silenciosa que nos esquecem nas camas de pedras
Onde
as urdiduras do passado não revestem mais o berço de nossa cultura!
O
ato manda mais, o decassílabo não traduz o verso, a se voar, se voa
tanto
Que
quando criamos o gozo vem mais longo e merecido, a se ter o sexo
Dentro
de uma mente que não é refratária com o próprio conhecimento…
Sabermos
de quase tudo o que se semeia de dúvidas não nos reflete a ser
O
ser que esquecemos dentro de uma página de jornal incerto que não
se lê
A
não ser quando reverbera a letra em um diamante atual,
contemporâneo.
O
mar passa a ser mais do que sua superfície, navegamos no cordão das
ondas
E as
musas se atravessam sob o cajado de Netuno, querendo mais de ser
Quanto
de também sermos um pouco do que gostaríamos de nunca termos sido.
O
não existir, propriamente, na tomada de uma cena em que os muros nos
cerquem
Como
alfombras laterais de chumbo – a saber – que não espirramos nos
tonéis
Onde
se guarda reticentes camadas de um conhecimento que se torna
nulificado.
Prosseguimos
sempre, portanto, sabendo-nos apropriados meramente à questão
De
enunciarmos descobertas donde não sabemos onde encontrar a metástase
De
uma palavra que se torna dona de si, bem onde nos encontramos com os
ventos!
Nau
que se nos encoberte, o prazer único do poeta são os versos que
vestem os dias
Com
os significados de se ter em cada palavra seu próprio matrimônio, a
ver,
Que
as palavras se multipliquem, posto de malfeitores o mundo já está
pleno.
A
título de sabermos por onde começa nossa pretensa e angustiada
frase em si,
Saibamos
sempre que se é de poesia se transmuta na maravilhosa e augusta
fração
Onde
o ser em si sabe de muito do se fluir, e a máquina que somos não é
gerada.
Somos
a centelha divina, somos mais do que este corpo, e que isso torne
válido
Apenas
aquele conhecimento que esquecemos deitado sobre falsos e crus louros
Onde
nem César e nem Napoleão descobriram sequer por um segundo seu
encanto.
Há
que saudar toda a fértil literatura, todos aqueles que transitam
pela vida com arte,
Os
menestréis dos figurais, as vertentes dos cordéis sertanejos, a
poesia concreta
E os
versos que ainda sopram por sobre os faróis de sonetos quase
esquecidos…
Há
que traçar paralelos com Dante, havemos de soletrar as almas da
cultura,
Sabermos
resgatar os panos da Pérsia, perscrutarmos as falas de Horácio e
Virgílio,
Trazermos
Aristóteles à tona de todo um panorama existencial vago e órfão.
Nunca
será a ciência econômica a pátria dos aflitos, pois estes resultam na desigualdade
Que
outros impõem com outras ciências mal traduzidas por outras e
renegadas cifras
Que
vertem sobre a realidade de todo um povo o caudal irrequieto de
genomas vis.
Genomas
de interesses, interesses de genomas, se é que a ciência biológica
traduz
Que
uma agência de informações possa gerar essa anomalia dentro de um
quadrante
De
programações onde a própria Gênese vira a experiência de alguns
incautos.
Sabermos
muito da Natureza é o único caminho para nos tornarmos humanos,
Sem
precisarmos testar nosso hedonismo na plataforma nua em que o social
Se
torna apenas o idílico romance que os seres mais inteligentes têm
com os gadgets.
Os
sistemas vão sucedendo, outros, que nos perdoem as palavras, posto a
percepção
Torna
líquida a sensação de não estarmos mais vivos quando de parecerem
sem vida
Os
que vivem a própria juventude em não querer mais participar de
qualquer mudança!
domingo, 10 de dezembro de 2017
O INVESTIGADOR DA VIDA
Tolentino
sabia de muitas coisas, em se tratando de ofícios… Nem tudo bem
completo, mas um principiar, uma espécie de alquimia, de antigas
receitas, um pouco dos suportes da arte, e esta ele investigava, por
motor próprio, e da vida era, em todos os sentidos! Amava máquinas
igualmente, em suas épocas, tanto faz, no seu tempo: uma velha
televisão de tubo, ou um note de última geração. O amor que tinha
pela vida sempre foi intenso, pois via tudo como uma espécie de rica
ilusão, onde a arte poderia se tornar mais concreta, em
espelhamento, em interpretação, em contextos. As letras o
fascinavam, pois tanto teria a dizer que ninguém jamais ousaria
retirar-lhe o valor que aquelas representavam a ele. Então sempre
seriam de certo modo aquele rio que nunca cessa a correnteza, mas que
em remansos igualmente mantém-se cristalino. Era tudo isso citado
como se houvera se aberto nos sentidos, na mente, a caminho de
encontrar-se com um mundo mais inteligente, como quando se cata o
abacate…
Era
a Verdade uma disciplina que diziam alguns cursar. A ele, bastava uma
formiga caminhando, que a questão era a formiga em várias direções,
outras trabalhando, no entremeio a fugidia sombra de uma árvore, em
outro aspecto uma imagem de um homem gigantescamente poderoso
falando, mas que cessava quando saía da imagem e via de novo um
inseto, para ele mais real, para ele mais importante, posto no mundo,
posto no movimento. Então do material, então do espírito, mas
todos os corpos, as teles, os troncos, e muito da ciência tinha a
ver com a seiva que corre por dentro das amendoeiras, ou nos fluxos
fibrosos de uma palmeira. De se pegar um ramo, um ramo livre de se
pegar, e ver se tem flexibilidade suficiente, e encontrar no nylon
uma similaridade, do objeto, já se avizinhava um processo de estudos
extenuantes, na descoberta dialética e crescente da vida, na
compreensão do mundo. Sabia disso, os ofícios lhe valeriam, sabia
professar o conhecimento, amava loucamente conhecer, adquirir a
ciência e aprender com a Natureza. As gentes eram como eram… Por
vezes acentuava-se um painel que ele não descobria a seu termo,
alguns ícones, alguns botões que não houvera de sabê-los, mas que
eram, e bastava, para o posteriori.
Não
dava muita importância a que muitos lhe creditassem o que cria
existir em sua consciência, mas partilhar seria sempre bom, ao menos
para ensinar a quem quisesse aprender que o Poder era uma face da
transformação, um significado de ação que por vezes não lhe
caberia ressaltar muito, pois a lógica natural é sempre infinita e
transcende Peirce, transcende o que creem ser o que há além dela,
mas apenas em substratos de pensamentos, posto a percepção humana
ser limitada, e a Verdade passa a ser a eterna dúvida, o eterno
encontro, o que não retorna como certeza, o improvável, o
balanceamento de questões íntimas do ser, a Humildade referente e
necessária diante do sagrado e imutável em essência como
particular, na premissa da qualidade, anulando o pensamento de
matrizes, ou de número. Técnica. Prática. Um modo além do método,
esse arcabouço filosófico seria de máxima abertura do pensamento,
a ver que nas relações produtivas o espelhamento com um certo
misticismo é necessário na concepção investigativa de Tolentino.
Pois não seria possível alguém se abrir nos mistérios para
açambarcar o propósito de muito seres que pautam pela busca, pela
procura, no modo inenarrável e poético do voo de um pássaro
pescador, ou na mesma realidade do peixe que há sob a superfície. E
buscar funcionamentos é técnica. E o manejo é prática, mesmo
quando empunhamos um balde sobre uma plantação inteira em nosso
próprio húmus.
Tolentino
era um pouco de tudo. Talvez fosse alguém mais conhecedor de certos
ofícios, como citado, mas na rocha residia seu primeiro encanto. Na
água encontrava outro, na terra mais um e no éter do céu a
profusão de outros significados. Sentia a totalidade de suas
superfícies, no tato de seu olhar, na sua visão de seco ou molhado,
em saber que na verdade o encanto era algo que lhe prosseguia como o
vento nas velas enfunadas, e sabia disso, sabia que seu corpo
navegava, sabia quiçá que estava meio como um capitão com muitos
barcos e um grande navio, que era sua existência mais agregada, com
tripulação de fé, e buscava… Investigava cores, tipos de
refrigerantes, panelas ariadas, máquinas de lavar, panos de enxaguar
pisos: os ofícios de um barco. O telefone, os canais de comunicação,
que tudo se resumisse no enxuto, no mais provável, na simplificação
de diversos setores que se somavam a outros e outros em outros
detalhes, em futuras compreensões, que não temia aprender, isso
não, não nem que quisessem admitir outros.
A
arte era um grande canal, de se soltar os freios, mas vinha lotada
com a ciência, já que hoje salva a ciência de nos compreendermos,
de podermos ser inteligentes sem inibição, de investigarmos quantos
goles possui uma terça parte de um copo de água, ou como bebermos
inquietos aquela água que fica disposta ao calor do sol, na
observação rutilante de que esse líquido falta – e muito – no
mesmo planeta em que dizemos que sabemos em menos de um segundo o que
se passa no Japão. Tolentino pensava, em sua perscrutação, que
seria bom dedicarmo-nos para saber exatamente onde falta essa água
para que saibamos que no conforto de termos apenas se ampliarmos para
que todos a tenham não faltará para quem acredita que sempre terá.
sábado, 9 de dezembro de 2017
SENTIMENTO PROFUSO
Algo
de sentir assombra um tanto as faces do que cremos no que criamos,
Quanto
de pensar que somos pena ou pincel no subterfúgio dos sonhos,
E
seguimos, quase trilhando a paz, que o bom católico nos crê tão
bela
E
efetiva na religião do mundo do Ocidente, conforme franciscos…
É
de se ver a espoliação injusta do injusto que tece contra a
religião
O
religar-se a nada, o desligar-se do tudo que não seja a invídia, no
processo
Em
que páginas de ocasião vertem o preconceito manietado a grosso modo
No
se tentar contra a Igreja que Pedro ergueu em sua primeira pedra…
Há
das sombras no mundo outros panoramas, guerras cruentas, pois que se
diga
De
uma vez que a Terra Palestina é assolada em seus princípios do que
seja
Falarmos
sem temores sobre a triste realidade de todo um povo que sofre
As
brutalidades covardes que apenas a ignorância monolítica ferve a
favor!
A
paz seja dada, a Comunhão nos una, em todos os mundos em que o Papa
Nos
deixa o texto sagrado e a ciência da compreensão em apontar
Alguns
erros que significam o manietar-se a tradição religiosa de nossa
cultura
Quanto
de sabermos que o grande sacerdote é alheio à inquisição externa…
Desta
inquisição que persegue os bons cristãos, de um catolicismo que
resista
Em
que por vezes diuturnamente recebe críticas sem fundamento que não
seja
A
riqueza de povos que dominam o mundo em nome de messias algum,
Já
que no pressuposto envidam esforços ao Apocalipse para tratar de
negócios.
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
ESPERAMOS AS HORAS...
São
tempos, as horas, que nos cheguem, nem em ocasião
Mas
que, em subterfúgios da ausência, um afeto ou carinho
Faz
parte do imenso contraponto em que nos chegam fatos...
Os
fatos, os fardos, o guindaste que não erguemos antes
Por
supormos algo além da intensa vigilância de pretextos
Quando
os alicerces da imensa construção nos dita pressupostos.
Supondo
alguém que sequer pestaneja, quando monta o alazão
De
um sem nome, posto ser cavalo de madeira a infância
Da
qual não se lembram as gerações que botaram garras no botão.
Será
que os dias serão assim, desconformes com a vertente
Que
passa entre nós, sistólica e diastólica como a razão pura
De
um Juízo que nos transcende a simplificação fatalista?
Será
a poesia a continuação da mímesis,
uma fonética sem acordo,
Um
peixe engaiolado para mais uma missão da fala frenética
Nos
microfones que esmiúçam os dados de alturas cabais?
As
questões podem se nos tornar fatalistas, na medida em que a nau
Abraça
calados de imensas profundezas, na relação em que um outro
Parte
a dizer estrelas enquanto o silêncio vem à tona rugindo...
Seguem-se
os parentescos opostos, a consanguinidade de uma relação
Em
que a amizade vem embalada com o perfil familiar do fatídico
Na
jurisprudência algo aberrativa por perfis de todo analíticos e crus...
Que
a crítica não perpasse a sangria das gruas de uma longa exposição,
Pois
vaticinar a poesia é apenas o Canto em si, uma página que seja,
A
interjeição do espanto ou do enfado, a quem optemos seja uma musa!
Quem
dera a Odisseia clamar por leitura, quem dera Alighieri ser lido
Nas
vezes em que um Renascimento pudesse ser estudado de dentro
E
que a Sistina fosse em si o próprio julgamento do que é a Arte!
Sereias
nos atam aos mastros, o canto maravilhoso veste-se de cores
Que
relembram antigos naufrágios, onde capitães soçobraram
Depois
de relembrarem o descuido da nau nos ventos e seus lemes...
Pois
bem que a poiesis retorne, a retocar
sentidos e sentimentos
Já
que seja um o fruto, e não importa exatamente qual é qual
Visto
que o da percepção é matéria nua e crua na verdade suposta.
Se
um antigo nos dissesse a temática da Alquimia dos séculos,
Talvez
nos ensinasse que seria uma tentativa atávica de lembrar
Que
não repreendamos a arte, pois é a deusa ativa do entendimento.
As
janelas por onde respira, o ar de um jasmim de primavera,
Um
mantra que nos coloca a versão algo inaudita da devoção,
Algo
assim seria uma boa abertura de vernissages presenciais.
Que
abramos espaços, que não recriemos personas, que deixem
De
uma vez as linhas da poesia se assoberbarem da vida que possuem
Dentro
obviamente do espectro do conhecimento que a falta nos faz!
As
vertentes da esperança ditam, o que não sabemos exatamente,
Mas
o que estava na linha anterior é como atmosfera já nublada
Em
que o céu se prepara para abrir caminhos em direção ao Sol!
domingo, 3 de dezembro de 2017
ENTÃO VAMOS A QUE LUGAR?
Por dentro de nossa inquietação que
a certeza quase camufla, por dentro de uma sociedade de uma pessoa que seja,
nos seus conflitos internos, ou na sua fé resolvida, somos uma semente eterna
que frutifica se nos permitimos residir no húmus da solidariedade... A se falar
sem a introdução estética de nossos planos, na face em que nos colocamos como
um Pitágoras recriado em novas equações, na matemática que não encaramos, mas
que a aritmética nos dirá se somamos ou subtraímos, se insert ou delete, na
tábua rasa da lógica fácil onde não nos permitimos mais sequer pensar com
profundidade as questões da existência do homem, da mulher, do que se produz,
do afeto que produzimos e dos desafetos anunciados em palavras tão breves como
a insanidade dos preconceitos antigos e arraigados em raízes profundas contra
as mesmas raízes étnicas ou psíquicas, sejamos, designados raças ou artistas,
pensadores ou idealistas, progressistas ou conservadores. Os “ismos” isolam, e
a sua ocorrência nas artes, por exemplo, apenas separa o que se poderia chamar
de movimentos sintonizados com a temporalidade, ou seu atonal de sonhos. Uma
poesia que seja, apenas uma poesia, e de se frutificar, estamos mais para os cronópios de Cortázar.
Convenhamos, partimos de onde e
vamos aonde? Meras perguntas podem nos invadir, e essa questão de nos
perguntarmos continuamente, em horas em que pensamos nos frutos de nossas
atitudes, será sempre bom exercitarmos nosso intelecto, pois as receitas
prontas de quem somos não tratam de nossos panoramas infinitos, em que a força
da Natureza nos dá uma goleada de dez a zero, nos cinco minutos de qualquer
tempo, mas sempre no primeiro, para nos avisar que já é vitoriosa, e não somos
nós que A destruímos, mas Ela que dita a consequência de nossos erros.
Logicamente, independente de alguma ortodoxia sobre a fatalidade de
estigmatizarmos nossa espécie, o fato é que sempre devemos ter esperança, e
começar a ver um mundo com menos violência e guerras grandes ou pontuais, em
famílias ou entre nações e continentes, temos que saber que certas notícias só
vêm botar lenha em um fogo que acaba por consumir a boa vontade das gentes do
bem, que desejam o bem, e aqueles que portam insanamente o furor de vaticinar
projeções equivocadas do que seria uma sociedade boa ou ruim, dependente do
contexto do conflito em se conseguir o “colocar no poder” certos fantoches,
tornando-se agentes do insucesso, posto marionetes de sistemas no mínimo
suspeitos em modais e atuação. Fruto disso é estarmos sendo habituados a
escutar tamanhas barbaridades em termos de ofensas, de gente que se alimenta do
temperamento cáustico, acreditando no modal da tirania um modo de viver saudável
porquanto signifique quaisquer guerras – que na verdade são fantasiosas –
frutos de uma ignorância sobre a cultura e diversidade expressiva dos povos do
mundo, talhada a ferro e fogo no que resulta o entretenimento beligerante da
indústria cultural. Obviamente, colhemos esses frutos dados como a maçã de Eva
no Éden, como fator ilustrativo, obviamente, mas imaginemos um filme onde o ato
se repita extraordinariamente intenso, numericamente, que pecar torna-se o modo
em que se atua generosamente, obviamente dentro de uma ética bíblica, se formos
tomar ao pé da letra o que fazem os conteúdos das TVs e etc, com o imaginário
algo tosco de quem se abre como uma flor para receber esse veneno em termos de
conteúdo, frequência da violência em si, e pesos subliminares que sobrecarregam
o cérebro subconscientemente. Acabamos por aceitar atitudes grosseiras como
algo natural, e gentes querendo ser rígidas como uma pedra, mas que não se
movem, como tais.
Sabermos seguir no mínimo como
cristãos, que é a religião predominante no Ocidente, é vermos que antes de
tomarmos de uma palavra cáustica, pensemos melhor sobre aquela atitude reflexa
da qual achamos que somos mais ágeis, quando temos as respostas prontas, ou
reagimos diante de estímulos, dando respostas que cremos serem científicas e que,
no entanto, podem ser desumanas. Nem tudo na vida são prazeres, e aqueles que
não são hedonistas, e que sacrificam a sua vida por um bem maior podemos crer
que merecem mais respeito, e não o preconceito direcional e “certeiro” por
aqueles que não compreendem o fato de que alguns homens e mulheres são mais
felizes simplesmente por doarem as suas vidas a um serviço em prol da
humanidade, no sentido progressivo da existência, que não temem falar sobre
assuntos polêmicos, que prezam pelo debate, e não por uma hierarquia civil e
portanto inexistente, por questões de falsos e equivocados treinares, onde a
ternura se esmorece. Vêm a dissenção e a incompreensão a respeito do que seja
realmente a vida em devoção, a vida em serviço, a gratidão gigantesca por se
ter o que se tem, honestamente, não invejando aqueles que demonstram sua
felicidade e prazer em viver, mesmo expostos às vicissitudes e dificuldades
inerentes aos tempos cáusticos que estamos vivendo: os homens, em relação aos
estragos e espoliação com relação à Natureza e a decorrência cabal e
logicamente resultante disso na relação entre membros da própria espécie.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
O MAR DO SER
Tantos
que somos que o mar não comporta areias
No
que dizemos, amálgama cristalino dos versos
Em
que um respira o vento das ondas nubladas por céu
E
outro vê o sentido mesmo que aflora na pele do dia...
O
que se chega de ondas em uma primavera tardia
Vêm
no sufrágio de uma tormenta silenciosa e nua
Onde
não vemos a nós mesmos, mesmo quando
Sabíamos
de estrelas a caminhar solenes aos pares.
A
confrontar estrelas, sobrevoamos a nossa pretensão
Debaixo
dos lençóis das águas, nas placas e remansos
A
que não daríamos o leque de saber de onde somos
Qual
não fosse o dia de querermos uma veia que pulsa...
Seremos
tais que não supomos sequer a palavra não dita
Quanto
de estarmos na superfície convexa do planeta
A
ditarmos que as naus não nos convertam em náufragos
Posto
de urgir por chegadas nós as temos como nozes...
Do
mesmo mundo, posto universo de uma pequena semente
Navegamos
por onde se supõe que as estrelas não se ausentem
A
saber que por fim no dia em que estamos em superfície
Há
imensos rochedos milenares que navegam sob as ondas!
Somos
mares da imensidão, seres que não trafegam no éter
Quando
da água se sente a profundidade de suas falas
A
dizer o canto de sereias que esquecemos enfermas da fala
Nas
incertezas de que realmente querem fazer sofrer Ulisses.
Nas
vertentes de cristal onde depositamos os erros na urna
Vemos
braços pingentes de cores transparentes e errantes
Qual
húmidos tempos de chuvas cáusticas e permanentes
Que
assolam os caminhos pétreos de Romas anunciadas...
E
aí vamos, o mar do ser que é mais do que o oceano inato
Quando
supomos que a vertente de um rio que não seca jamais
Seja
a esperança de um timoneiro experto em trilhar sereno
As
alfombras incandescentes que espelham a Lua em grandeza...
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