terça-feira, 7 de março de 2023

RETA E PONTO

            O que antes era linha reta, como uma carreteira pampeana, se torna a joia curvilínea de um ourives, o que não demandaria em que nem todos os artistas são da renascença… Alguns, como Grosz, pertencem a outras escalas, e o viés do escaravelho se torna a experiência mais soturna de homens que, tal como seres da selva, se mesclam a eles e suam nada de flores, mas uma seca soturna, um tipo de agreste, empunham cipós, cimentam um pão de trigo na pedra tal um chapati, recriam os veios do urbano, tecem em seu imo o encontro com uma máquina sobre quatro rodas e, o fato mais circunstancial da existência revela não propriamente a dureza da mesma máquina, mas a ciência da consciência da matéria sensível, que é o que vemos, propriamente, mas o viés espiritual para certos homens é tão profundo que ele passa a não ver mais nada além, além do espírito das rochas, as circunstâncias de sua existência mais cabal, encontra no sacerdote o caso mais refulgente naquele momento, e reitera que a Casa Comum seja aquilo que espera de um país que se chama Vaticano, no seu encontro com o Ser Cristão… Mas afora, sua espiritualidade vai nas mesmas pedras, ultrapassa o templo, vê em uma umbanda na praia outra coisa, vê coisas lindas, vê cultura, vê arte, vê as entidades, e crê igualmente, e vai andando e anda, e prossegue andando, e entra em um local, vejam bem, não é a sua casa, mas lhe tratam bem, tem cigarros, paga um refri a si mesmo e anda, e prossegue, e enxames por vezes se avizinham e o homem tem um celular e tem jogado GO durante todo o inverno passado, e nada lhe importava do que o jogo, posto aprendizado, e hoje anda na rua, e o GO dos enxames funciona e começa a gostar mais da China e do Japão…

           Um dia, um japonês lhe fala da arte samurai, e ele pensa, tenho que golpear a pedra, com toda a força, mas quando chegar a dois centímetros, é ponto de parar, e o empuxo empurra o bambu a se aproximar até dois milímetros, e a perfeição da arte da espada estará concluída ao menos no movimento inicial, e a prática brota, e o conhecimento asiático lhe reporta, e o faz reportar algo, e esse viés de construção passa desapercebido, posto quando imita um rifle com o bambu os transeuntes expressam energicamente, isso é um problema, posto o homem brinca de mirar, e efetivamente, e concretamente aprende, e não poderá jamais ser um soldado e sua arma é apenas a Natureza, e fica feliz com a concludente versão da mesma, que lhe ensinara desde que nasceu. Por uma suposição, de mais de cinquenta, mais de cinquenta dedicados à luta, e houve etapas de estudos sérios, enquanto todos copulavam, o homem não aprendia a copular com as quem amava, e procurava as mais medonhas, e com elas aprendia a arte de amar, uma coisa feia, e tinha a oportunidade, e aprendera o box na faculdade, e a capoeira, e o tai chi, depois de ficar enfermo, e o tai chi sobremodo, depois que deixou de saber que na carne de um inseto ou no voo de uma gaivota residiria o conhecimento que uma cultura milenar já passa a revelar a ciência do chi, que é a essência não da força bruta, mas da paz com a certeza do conhecimento aprendido teoricamente e, principalmente, na prática.

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