domingo, 19 de março de 2023

NOTURNO


Que verta em mim o torpor, a química translúcida
De um cristal de um crisântemo, como a flor de algo
Em que busco explicar agora com a razão meio de noite
Que abrace a um som de claves em síncope, o piano,
A própria alumbrada questão do ser em si, do ser do si
Que remonte algo de se escrever, que sói o ritmo
De letras infinitas, que me ensombram significados
E que a vida não se me esmoreça jamais, para onde vou
Quando for a hora de me despedir dos dias na missão
Onde braços de ébano talvez façam parte do meu passado
Em um navio que tenha vivido, nos porões, como escravo
Que me torno agora, em minha perpetuidade
A servir dentro do contexto da alfombra dos meus cristais lacrados
Com a voz que me responde dos lábios serenos
Da latitude rumorosa dos ventos, eis que surge uma porta ampla
E vejo, e sempre vejo e ressurjo, rompo por um tempo os grilhões
E teço minha pretensiosa liberdade
Como quem constrói um ninho passadio e sereno
Nas folhas que colho como um turvo pássaro que detém em uma alcatifa
O esperar que a humanidade tenha de se esperar algo além do turvo
Que não espelhe a brutal desumanidade almejada nos games
Que a indústria teceu nas últimas décadas com tamanha maestria
Que há por treinado um exército pretensamente salvacionista
Que apenas uma nação mais experiente nas coisas da vida
Seja de Bantu a experiência qualquer, o que seja,
Mas que no Congo não vertam mais o sangue que hoje vi as armas
E o sofrimento de uma mulher santa que me enobrece o espírito
Quando sei que o Cristo jamais desejaria similar coisa a Cipião
Se soubesse que a vertente dos desavisos do império que não conheceu
Usaria seu nome para ampliar seus tentáculos sobre a questão tão hipócrita
Onde o mesmo exército salvacionista do que dizem serem os últimos dias
Serão os primeiros da bancarrota de todas as negociatas do mal
Que perfizeram essa construção de papel e chumbo
E perdem agora as sementes que lançaram como lava no deserto
Para os estertores de seu fulgor agora tíbio na falsa moral
E no descaso de que a palavra do Cristo seja representada
Por guerreiros mais fortes do que até mesmo a real armada
Supunha por aliança no Atlântico crendo que o anglo
Seria o dominante cultural mais amplo do que os limites
A que já impõem o bom senso que não precisam sair de cena,
Mas apenas serem humildes para não passarem vergonha
Ao consentirem com a derrota sem deixarem de ser homens ao menos com honra!

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