Quem sabe o que nos reserva algum desnivelamento
de ordem progressiva, como a falta de comodidade nas vertentes do bom
proceder, ou mesmo desse conforto que nos engana às vezes na folia
abrupta da ociosidade… Como se não bastasse o horário dos
intervalos, e nos pegamos na vez e na hora em que um ser produtivo
pode, apesar de estar em descanso, partir para uma ação
construtiva, no mais das vezes. Mas que, peça por peça, estaremos
caminhando para aquele tom futurístico que já fundiu certos bronzes
de Boccioni ou nas suas pinturas da rapidez de uma máquina em que se
torna até mesmo o cacoete humano quando nos deparamos com o como e o
porquê das intenções em nos permitirmos viver dentro de nosso
escopo: criado, projetado e executado com a maestria da tecnologia.
Esta mesma com certos padrões que universalizam Ocidente e Oriente
com o mesmo passaporte da ciência, mas com dissenções de ordem
econômica, na diuturna luta pela hegemonia do mercado. Na bonomia ou
na falta de apetite vanguardista, os lados cada vez mais
conservadores apenas depositam a mesma vanguarda nas ações de quem
detém melhor as ferramentas, lutando a luta inglória de fazer da
nação algo sem sal, inerme, aquém e dependente ao mesmo tempo das
matrizes, os países de primeiro mundo. Essa dependência conta com o
envase de muitos tipos de técnicos que trabalham financeiramente
para a entrega das riquezas nacionais para o capital estrangeiro,
tornando a nação algo cada vez mais distante do nosso ideal de
pátria.
O requisito indispensável ao desenvolvimento de uma
nação é justamente a premissa de sermos racionais e nacionalistas.
A razão que respeita a nação, a nação que respeite a razão
primeira, o que nos move, não obstante uma lógica funesta possa
parecer a solução e, no entanto, nem todo o pensar lógico pode ser
a solução, pois o poder pelo poder jamais carecerá dos silogismos
das lógicas sem cor. A questão não é apenas planetária, mas este
que vos escreve garante que ao menos os países sensatos estão
protegendo suas economias e instituições. Seus patrimônios, suas
riquezas, suas empresas e seus trabalhadores. A vanguarda supracitada
é justamente o know how de conhecer as coisas como sempre se
faz com tecnologias independentes, sabendo-se construir o mesmo
conhecimento e investindo na ciência com o merecimento ajustado às
necessidades de toda uma Nação. Não basta apenas termos armas se
na verdade pecamos por não saber fabricá-las, ou também pecamos
por não saber fazer nem um smartphone, ou
outra ferramenta eletrônica… Antes, devemos ao beabá industrial
todas as nossas reservas, posto tornar a Amazônia árida ou
“produtiva” não pode e não deve ser a solução, pois trocamos
igualmente – no sentido de sermos celeiros – um contêiner
de soja por um chip. Em
termos de inteligência fabril estamos mais atrasados do que grande
parte do planeta. Não temos inteligência tecnológica e não
investimos no conhecimento como se deveria, pois apostamos cem por
cento de nossas estratégias econômicas à perpetuação do poder,
seria o mesmo se dizer que o país promete ter muitas riquezas, mas
será mais preciso se dissermos que essas almejadas riquezas são
finitas. O saber como, o conhecimento a gente herda para outros e
outras gerações, e assim caminhamos para o futuro sem a defasagem
de uma monolítica ignorância que nos impele a importar produtos
caros devidamente manufaturados, e exportar toneladas de cereal na
modalidade de exaurir os solos e destruir biomas. Não adianta
sacarmos por um ano a miserabilidade do cenário se, depois de outro
ano perdemos o poder, sem nem ao menos o ter aproveitado para fazer
reformas estruturais na Nação. Sem tirar nem por, sem democratizar
os meios de comunicação, sem mudar – realmente – a maneira de
se fazer política, pois não será dando que se recebe, posto para
receber temos que trabalhar a nossa boa vontade que deve ser baseada
na honestidade acima de tudo, pois o que ocorre é transformarmos um
pleito em um balcão de negócios, onde quem lucra mais será aquele
preferencialmente vitorioso, nesse jogo sem tréguas.
Aparentemente,
tudo não passa de conservadorismo versus liberalidade, democracia
versus fascismo, esperança versus agonia, concentração de rendas
versus salários mais justos… Coisas da idade contemporânea,
apesar de estarmos ainda engatinhando pelo novo milênio, com
recursos amplificados e, no entanto, na vigilância necessária e
permanente. Todos nós temos ouvidos para escutar e olhos para ver, e
todos respiramos o mesmo ar, ou ao menos temos a Constituição para
tal.
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