Tanto é o mundo que a tragicomédia sobrescreve o
capítulo de nós mesmos… As traições tornam-se inevitáveis e as
leis consuetudinárias viram alfarrábios obsoletos. A vida pressente
que tenhamos a positividade como orientação, mas a realidade mostra
laivos imensos da corruptela em que se torna paulatinamente a
sociedade nacional como um todo. Os enganos são frequentes, e a
adicção às drogas e ao álcool submetem o povo e o manietam. É
triste sabermos que a ponta do icebergue prossegue querendo a
sobriedade, mas os ventos da angústia e da desesperança assolam
cada vez mais os desavisados, permitindo que nos aproximemos de um
fosso em que cavamos muitos – muitas vezes desde priscas eras –
com um tipo de “cuidado” essencialmente nocivo. E vertem golpes,
roubam, procrastinam ações coerentes com a bondade e, no mais,
encontramos ambientes propícios a um vento que muda o quadrante do
rumo de nosso barco. É nessa situação que devemos ter a fé
transformadora, como um sentimento do espírito e da ordem que
estabelecemos para nós mesmos, com toda a disciplina quase
espartana, toda a força que emerja de dentro de nossos instintos,
ladeada por uma razão que alicerce nossos sentimentos, domando-os
como a uma parelha de cavalos ágeis e, no entanto, com as rédeas
que devemos possuir com pulsos de aço. Essa é a questão: sendo ou
não sendo, sempre estaremos com o nosso próprio controle.
Não
adianta suprimirmos essa supra citada disciplina, pois a mudança de
rotina requer outra rotina, e os estudos prossigam com o alvitre dos
resultados positivados, senão não sublimaremos a preguiça e a
depressão que por vezes podem nos acometer! É verdade que viver
sóbrio não é tarefa muito fácil a muitos, mas viver dependente de
muitas substâncias inócuas não é tarefa nenhuma, mas sim a
anulação de qualquer utilidade social a que nos devemos submeter
para concluir com uma existência mais serena os problemas e suas
rematadas soluções, que encontramos em nosso próprio potencial
transformador… O pássaro que vemos em pleno voo possui sua própria
resiliência, e nossos braços podem alçar voo em nosso trabalho, em
nossa leitura e em nosso meio de se sustentar nesse desafio
maravilhoso e instigante que é o amor e a transcendência que
havemos de possuir espiritualmente no planeta. Certamente, este mundo
está cheio de orientações conflitantes, de receitas autoritárias,
ou de justiças equivocadas, por vezes. A verdade é que a Verdade
Suprema não é relativa e nem encontrará meios de ser relativizada,
posto sempre as mentiras, as falcatruas e as idiossincrasias
particulares da farsa é que campeiam por aqui e por acolá. Devemos
prosseguir na sobriedade de nossos maiores laços espirituais, no
berço de um Deus que é maior do que nós mesmos, assim como O
concebemos, ou dentro de uma coerência e boa atitude perante o
próximo.
Finalmente, o desafio posto a nós mesmos, tanto
individual ou coletivamente, nos revelará que – com simplicidade e
austeridade – conseguiremos vencê-lo como dois e dois são quatro!
Não há como distanciarmo-nos de um comportamento reto e íntegro,
fruto dessa tomada de consciência e posicionamento espiritual, no
escopo da ventura e da virtude. Assim é, para alguns, tarefa não
muito rara e para outros um trabalho hercúleo e, no entanto,
cotidianamente justo e correto. Essa conscientização se revela nos
menores gestos, e conseguiremos aprumar a nau para navegar em
remansos, saindo de ilusórias tempestades. Se houver rumor durante a
jornada para dissuadir-nos que o melhor é um tipo de causa e
consequência, se no platô dos enjeitados continuarmos a assumir
nossa própria autopiedade, o caminho pode se tornar mais longo e
difícil e em uma direção algo incerta. Quando pontificarmos que
uma vida simples e um pensamento elevado possa se tornar um objetivo
existencial em cada ser que somos, o respeito a nós mesmos, ao
próximo e a todos os seres do planeta se tornará algo mais concreto
de se realizar, com resultados atinentes em cada sopro de ventania
serena a plácida em nossos próprios corações. Desse modo,
saberemos que o barco é para todos, e quando enfunarmos suas velas,
a navegação será para um futuro melhor, visto que diariamente
faremos um esforço para não sair do rumo e de uma navegação
exemplar como argonautas que o sejamos um pouco, validando alguns
deslizes, estes que fazem parte da procela que por vezes temos que
enfrentar. Emprestar valor à força preexistente e seguir rumo a uma
jornada libertária diz respeito a respeitar um ao outro, aceitando
as diferenças e prestar atenção ao que nos sugere justamente a
palavra liberdade...
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