Quem dera o homem cuidasse de uma arquitetura
que fosse concretamente compatível com o clima, ou a geografia e
seus tremores, como em Tóquio. Nessa cidade encontramos prédios que
não desabam com os terremotos e uma grande preocupação com a
natureza e suas qualidades. Os edifícios feitos com micro espaços,
a alimentação saudável, e a leveza de muitos caracteres nos
remontam ao milênio que já chegou em alguns países, enquanto que
em outros testemunhamos alguns e graves retrocessos. No entanto Gaudí
continua sendo um arquiteto além de seus tempos, o que torna essa
profissão algo de maravilhoso quando a arte e a técnica se combinam
em uníssono. Ciência bendita essa nossa de entrarmos em um edifício
que mantém seu arejamento compulsoriamente real, dentro de
concepções quase ultra ou surrealistas… Esse sonho que não
retrocede jamais, e a arte maior se junta com a matemática, por
vezes em protensões geniais para não vergar demais a coluna, ou que
os vigamentos se pretendam perfeitos. O que há nos interstícios da
arquitetura ninguém sequer cogita quando olha por através das
formas e não percebem as estruturas responsáveis por essa ou aquela
dimensão. Matematicamente correto, é o que dizem, no mais das
vezes, quando o que se pretende é ao menos enxugar um pouco o
cálculo e suas réguas, nas questões de se erigir através da
tecnologia contemporânea conceitos estruturais que se multiplicam e
suas faces de possibilidades sincrônicas – repetindo – com a
nossa era.
A simpatia que temos pela arte da construção
talvez seja aquela que remonte em cada cultura, cada oca em palhas,
cada caverna já sedimentada, ou cada abrigo necessário ao homem e
sua família, aos clãs, às tribos, à periferia ou mesmo às
favelas. Nisto de pensarmos como um ser qualquer pode morar em uma
mansão, enquanto centenas de milhares moram em barracos, ou simples
tábuas de zinco remonta à velha questão da distribuição de renda
e atenção necessária aos povos das minorias que, infelizmente,
contam serem a maior parte da população. Tem-se a ver com uma
social-democracia, como se fez na Europa em décadas passadas, o
mínimo que se obtém no esforço de repartir melhor os valores do
imenso país que somos. Não depende essa assertiva de uma classe em
especial, mas da vontade política de cada governante, ao que
subentenda-se, em um celeiro de alimentos como a nação brasileira,
darmos de comer condignamente, darmos a moradia condigna e cuidados
especiais como emprego, renda e consumo interno. Não haveria
retificação necessária a que se demande grandes esforços, posto o viés de dilapidar o patrimônio nacional é como vender a própria casa e
viver para pagar o aluguel.
O esforço há de trabalhar com
planejamento econômico e a justeza de caráter estatal de não
derrubar boas iniciativas, como aquelas que privilegiam a indústria
nacional e a valorização do salário do trabalhador, criando-se um
vínculo imediato com a riqueza de todos, com o crescimento nacional
e com a possibilidade de se acabar de vez com a miserabilidade de
nossos companheiros de brasilidade. Nosso povo, que somos todos, em
todas as classes, permitindo que as mesmas se mesclem naturalmente em
direção ao progresso social e compreensão de cada idiossincrasia
particular, dentro do grande ser coletivo. Essa integração ao
desenvolvimento concreto resulta na competência de boas lideranças
e no humanismo que há de sorver o tônus que lhe dê forças, como o
açaí para um atleta, em que se remete a performances de superação
no esforço em equipe, ou isoladamente, conforme a individualidade
pungente, ou os grupamentos de fé e valores.
Permitir-se a
uma boa arquitetura é conceder boas casas aos mais necessitados e
implementar cada vez mais ações desse cunho, com a transparência
orçamentária paritária e transparente, evitando fraudes nas
licitações e repetição de erros cometidos no Poder desde a
história mais recente do nosso país. Equacionar esses erros é
uma tarefa aparentemente impossível a alguns, mas urgente para
outros que não podem esperar na inanição morrendo paupérrimos…
Deveremos transcender os nossos egoísmos que o poder tanto confere
aos fracos de espírito, como nos que já são arrogantes e
prepotentes por natureza. A fome da justiça social há de haver
reclames na massa que apenas acompanha esta crise pela qual passamos,
já vencendo a de ordem sanitária, mas fraquejando na ordem
econômica. Sempre é tempo para termos boa vontade, como uma escolha
ou o arrefecimento nos ânimos que tomam por base a violência e o
descaso perante a maioria da população, esta que está sofrendo
deveras e merece toda a atenção do mundo!
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