sexta-feira, 28 de abril de 2017

POESIA ESPIRAL - Homenagem à Castro Alves

Arabescos de arcos compartidos que nos redesenhem portas
Por onde entramos dentro de espaços livres e redescobertos
A cada diálogo da matéria, a cada pressuposto tecido
Pela conveniência histórica de ser quem somos em um mundo
Que em realidade nos posta a vida como se a vida fosse isso e tal...

Volutas jônicas, pensamentos orientais, orégano e pimenta,
A servir – quem sabe – a alguma sociedade que acrescenta
Em que nos atordoamos imaginando algo que não se imagina
Posto esse verbo a conjugar abala a própria conjuração!

De nos imantarmos que nos seja dado o resguardo atávico
De todos os processos civilizatórios, a que não temos a certeza
Nem a propriedade intelectiva de afirmar qual seja ou não
Aquele adequado a uma questão histórica, posto imensa
A mesma questão de que cada pátria exerce pelo seu povo!

Castro Alves nos ensina em sua poética a espiral dantesca
Em seu Navio Negreiro a que chegou a dimensão do holocausto
Quanto de sabermos que o nosso país, sendo negro, não possui
A dimensão catastrófica do que fazem em solo africano.

Citar poesias únicas seria quase imantarmos da mesma poética
A necessidade que temos de praticar da arte a arte da liberdade
Posto sabermos que todo o grilhão da injustiça possui a voz
De uma confortável opinião daqueles que impetram o desrespeito.

É dessa a questão tão digna de assemelharmo-nos em responder,
Qual tanto não seja o que diríamos aos outros que não nos acolhem
Na sua empáfia misteriosa de não saberem sequer da própria história,
Qual não diria do que temos por dentro de entranhas do descontentar.

Resta que saibamos que os mesmos grilhões que muitos já querem
Ser impostos às classes mais rigorosamente empobrecidas
Sequer sabem que do ferro em que pretensamente aqueles forjam
No ferro vendem o ouro ao qual surpreendem ao pecar demais.

Por isso que nos juntemos todos à hora da refeição noturna
A lembrarmo-nos de um dia grandioso de luta alvissareira
E daqueles que participaram do dia de hoje, abraçando a justa
Saibamos que é dessa luta que participam homens e mulheres
Que são realmente homens e mulheres, e baste: por mais seremos!

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