Sabe-se
que não é fácil, quando passamos por uma rua, nos atermos na realidade obreira
dos tijolos. A importância supra de um tijolo. É como a mão que o assenta na
linha das fieiras, no prumo, no que constrói aqui, no recorte das janelas que
vertem o cenário futuro e na consciência que a arquitetura só é possível com o
operário. A sociedade devia respeitar tanto o cidadão que ergue uma casa, como
aquele que habita a mesma sem reparar por vezes em como é imensa a construção,
e como fabricar um tijolo revela a grandeza da terra que temos sob nossos
pés... Essa é uma modalidade de fé esquecida, relegada, como tantos são os
trabalhadores do mundo ignorados em sua grandeza em que estejam nas ruas, nos
caminhos, arando, escrevendo – quiçá –, defendendo seguros nos seus propósitos.
Saberemos mais quando estivermos aptos a compreender a importância de plasmar
nossas vidas com o conhecimento que por vezes nos falta, ou apenas a
sensibilidade de sabermos que aquele que quer o trabalho o sabe, por
determinação e valor. E por sentimento e honra.
Se
fossemos considerar apenas o tijolo, o mundo que o cerca tem a dignidade do
trabalho que plasma um lar e em seu curso a finalidade de um processo que cria
ao ser humano as condições de ter sua moradia. Não se esqueçam do Governo
Popular de qualquer país, pois o que foi feito para o povo este não esquece
jamais. Digamos que o trabalhador ergue três fieiras, e que a família da casa
de sua vida encontrou a obra em andamento, e ergueu na prática do tijolo suas
esperanças, e conheceu os peões, e conheceu as peças... Surgem as horas do
recebimento das chaves, e daí em diante movem-se por vezes com uma felicidade
que não tem similar em qualquer panorama que não seja a história de uma
aplicação de um bom Governo. Há que se saber disso, e talvez tenham que ao
menos tentar sentir a empatia com a construção de uma sociedade mais justa
socialmente, e que isso passe a residir na cabeça daqueles que não dependem ou
dependeram desse benefício, pois não passaram nunca por qualquer carestia ou
dificuldades. Pois aqueles que percebem o mundo como algo maravilhoso em sua
totalidade, em que brilham estrelas maiores do conhecimento possível e livre
devem saber que a justiça com dignidade social é a única coisa que permite essa
indivisível liberdade. Só existe a libertação de um ser humano, seja de que
paradigma for, se este estiver no modo da bondade, ou seja, querer o melhor
para aquele que está necessitado, e entrar em um processo de tentar mudar o seu
modo de atuação no mundo, arrependendo-se do egoísmo que leva de roldão todo o
progresso social, que conseguimos historicamente por vezes com tantas
dificuldades e, agora, como que paradoxalmente, nos obrigam a aprender apenas a
inversão dessa realidade conquistada. A vida pode ser contada mesmo quando
somos muito jovens, e é no caráter da juventude que deixamos aflorar nos ideais
de nosso peito, mesmo quando mais maduros. Recontar enquanto flor nascente e
eterna, que as estrelas que deixamos de usar em nossas vestes apenas estão nos
céus esperando a hora de retornar...
É
a história de um tijolo ao menos, solitário! Com a esperança que refulge a cada
segundo, pois quando a barbárie está exposta querendo se impor, é daí que
podemos observar com mais clareza que muitos e muitos tijolos já cobertos com
suas telhas estão em outros ou em muitos lugares dentro e fora de nós mesmos. É
nessa condição existencial que devemos tomar a consciência do quanto já foi
construído, e que as instituições do regresso não sabem ao certo quais são os
tijolos que devem contestar: seria maravilhosamente correto dizer que aqueles
mesmos pedaços de barro cozido em sua mescla maravilhosa de técnica e trabalho
fazem parte da grande massa do povo brasileiro.
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