Não
importa quem sejamos, talvez isso realmente não importe, mas importa quando
somos enfermos mentais... Se tomamos a medicação como um remédio que nos salve
de surtos ou crises graves, ou mesmo para nos mantermos estáveis, estamos sempre
com um pé recuado – na defensiva – prontos a recebermos preconceitos de toda a
ordem. Tudo bem que não sejamos aceitos como pessoas normais, mas filtrarem
criteriosamente o que fazemos de nossas vidas, como nos comportamos, o que
escrevemos, ou mesmo quem somos, parte da premissa – sob a égide do preconceito
– que estamos errando em algum ponto, talvez do próprio existir no ser
coletivo. Nada disso é diferente quando dependa de algum sistema ou ordem
política, nem de motivos outros que não seja o simples e atávico estigma
histórico que faz de pessoas que alcancem alguma fama, seja qual for, quando
boa, contrapõe-se a doença para que nos aviltem, e quando má, para que se
reitere o mesmo ato nefasto. O trabalho ou a recuperação que um enfermo dessa ordem tem a superar é
em poucas palavras uma tarefa titânica, a longo prazo... Não há amparos legais
para quem sofre de preconceito por possuir doença mental, mas justamente aquilo
que se refira à sua quebra enquanto cidadão, por vezes necessária, mas nem
sempre compulsória, o que vem a significar semanticamente quase o mesmo.
Não
há qualquer partido político, agremiação, religião ou nada que se assemelhe com
a quebra desse padrão ou que favoreça o diálogo mais amplo na questão da
enfermidade psíquica, qual não seja um amparo casuístico, reformador, ou
paternalista a respeito das condições do indivíduo e sua relação com o entorno,
que sempre é pontuada para ser entre o mesmo grupo, em que a socialização com
os demais seres sociais ditos normais não parece vir de ocorrer nas sociedades
ditas com os padrões civilizatórios atuais.
Quando se volta
a atenção ao problema nota-se sempre a situação paradoxal onde nos encontramos
face a face com a barbárie criada em torno de nossos próprios selfies, quando
estes se espelham em um condicionamento gerado por ortodoxias baseadas em
ignorâncias monolíticas dos fatores que são a razão da convivência harmônica em
sociedade, onde certos mundos “fictícios” são criados pelo modo em que muitos
apelam para a força bruta para lidar com assuntos tão amplos quanto a
convivência que se deve desejar, humana e solidária, independente de emblemáticas
questões que envolvem algo tão delicado como o sofrimento psíquico.
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