sábado, 22 de abril de 2017

ENCONTRO COM UM FEITO

Encontrar-se com algo de afeto seria melhor a pedida
Do que fazermos de um acontecimento algo feito
Como a se julgar pela encomenda, qual não fora
O que jamais nos reveste daquilo que entendemos, engano.

Não há jurisprudência cavalar como dose de vacina
A que se torna a um gado que evanesce de perfume
Quando de nós nos perguntamos o suficiente de tal
A que nos propomos que não somos o tal suficiente...

Encontramos com um feito, um acontecer solene
De parecença misteriosa, posto nem sequer sabemos
De que é a ausente matéria em questão que nos dista
A que percebemos apenas o seu vestígio e prova alguma.

No vestígio de uma questão como que patibular
Qual emenda que nos encerre um soneto esquecido
Quanto de não merecermos tanto a ser de nós tolhido
Um progresso que se avizinha sempre por abaixo da linha.

Do progresso de um fruto que se ressente de ser colhido
Afora de sua própria estação, no que saibamos de muito
O que não nos façam esquecer do que já está no olvido
De todo um leque de fogos fátuos e propostas afins!

A vida que temos à frente de uma calmaria pungente
É o mar que não se ressente de saber que a poesia do vate
Recrudesce no vil, quanto não de se ressentir de mais
Ao que cresce o bem, quando o mal se ondeia demais...

Não saberemos nem quando falar na girante plataforma
Em que colocamos os pés sobre folhas de cetim em chamas
E não nos queimamos já que o vento tece a cenografia
De mais um ato em que o jogo de luzes simula o fogo!

A virar-se uma centopeia de apenas um pé fincado no estribo
Enquanto que é um cavalo dado a que não se olha nada
Mal sabendo-se tratarmos de sermos homens quando sabe
Aquele que encontra por fim os restantes pés do inseto.

E o moto perpétuo gira com uma manivela de madeiro
Sensível e bela em seu formato de espada de barqueiro
Quando sabemos de nosso século mais esquecido a outros
Que não pretendemos citar quanto de uma fêmea à janela...

Vai-se um tempo largo, é impossível a poesia fenecer
Quando pensemos que a camaradagem traz em seu dorso
Uma flanela de limpar carros e uma moeda embrulhada no topo
De uma promessa ímpar em que redescobrimos finalmente o jogo.

À vista de uma coroa de louros dantesca, que nos valem poetas
Que foram tantos e que por sinal a moda quiçá acabe pegando
Pelas entranhas não permitidas da loucura controlada e sana
Neste mesmo jogo em que a anti arte aposta todas as cartas!

Seguir encontrando feitos pelas vitrines lotadas da vida
É como sabermos que de tanta vida se nos nubla o tempo e razão
Quanto de uma dimensão sonante em que a moeda da flanela
Veste a roupa qual único botão que a deixa fixa em nosso corpo.

Assim valemos tanto quanto não pesamos o nosso viés na balança
Em corpos que somos reais e trafegamos sempre em torno de nós
Que não são os do mar nem os da corda, posto sejamos outros
Que a menos que nos provem o contrário somos sempre os mesmos.

A mesma coisa em que nos encontramos com um outro realizar
É algo que na surdina de nossa eternidade se encontra com o vento
Que sopra no velame desconstruído de impulsos eletrônicos
Sem que a grande parte dos viventes se deem ao menos conta do fato.

Daremos contas exatas de um recado, quando soubermos a veia
Que se traduz nas entranhas do que nos é oferecido enquanto chip
Que aliás é uma mui curta palavra que nos diz quase nada do ser
Quanto a ser algo maior do que tudo o que sequer uma geração imagina.

Posto o encontro já desencontrado, que a mulher passou ao poeta
Apenas um olhar em que aquele tece como um resto de pão
Extremamente irônico quanto de um amor maravilhoso e claro
Na noite escura da sensaboria e da desilusão.

Mas que não se vaticine a poesia dessa forma, que esperamos tanto
Na prosa que não se encaixa, visto a forma da técnica ser uma
Quanto o amor ainda possível ao olhar lindo de uma mulher
Sem sabermos se o olhar é de uma linda ou de uma enjeitada...

Posto que a beleza vem do caráter, e não adianta sermos desiguais
Na riqueza e na pobreza, já que os casamentos são ricos e pobres
Mas tem na sua riqueza a postura do companheirismo que, ainda,
Se possa ver no semblante quase desigual do casal que se ama.

E se houver alguma espécie de Bastilha a sorver nosso contentamento,
Que seja de uma grade azul como o tempo, em que esperamos fortes
A pena abrandar como algo em que se situa por vezes a existência
E sabermos valorizar com extremo cuidado o exemplo da liberdade...

Essa é uma questão em que recorremos ao céu a ver que a Estrela
Não subjuga a Lua, e desta pode se tornar amiga sincera
Quando toma a ciência de que o Céu é companheiro experto
E abriga de monta a profundidade única de todo o Universo!

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