Quem
sabe algumas folhas encontradas em um banco na orla da praia revelasse mais do
que aqueles garranchos em um tipo de literatura a se decifrar. E se fosse um
aprofundamento filosófico: quiçá um tesouro encontrado em meio de caminhos, a
quem houvera a própria felicidade do ato, do encontro. Que tipo de filosofia
podia haver na mundana face de alguém anônimo? Seria um poeta ou um filósofo?
Seria algo mais do que um apanhado de pensamentos? Se fosse um apanhado quem
sabe saberia mais da própria filosofia, ali, no banco, um acesso, quem sabe, a
uma luz, dessas que não necessariamente encontramos nos postes. Talvez aquele
pequenos “quase” documentos revelassem
uma vida de motivações intelectivas no sentido de buscarmos, a se falar
no genérico da questão, o diálogo – que por vezes não encontramos na
perspectiva que esperamos da sociedade – espelhado na intenção pétrea de uma
boa vontade em buscar contribuir com algo positivo para um melhor andamento
existencial e pragmático nesse sistema em que vivemos de homens, mulheres,
filhos, mães, parceiros, e tudo o que tenha por direito em vivermos nesses
mesmos direitos em que já estamos carecas de saber que são sem tempo de
conquistas no seio das sociedades do mundo. Essas tentativas insólitas porém
efetivamente reais de tentarem tolher ao conhecimento palavras ou textos de
quem não fez alguma espécie de preparação acadêmica, apenas veste de um rumor
de que por vezes a efetividade mais concreta passa por aqueles que por
experiência de vida podem saber igualmente muito: de um conhecimento quiçá mais
palpável, por vezes, pontuado por um diálogo que temos por insistir que o
façamos cada vez mais e melhor, pois há homens ou mulheres que são pivôs, que
estão no mundo para mudar para melhor questões muitas vezes estruturais no dia
a dia do cotidiano. Justo, pois não se limpa uma baía se não houver
reestruturação de todo um saneamento, como não se conclui mandatos tampando
buracos, no orçamento de uma prefeitura se houve promessas diretamente
vinculadas aos resultados eletivos.
Pois
bem, no maço de papéis encontrados que façamos uma metáfora, em que o papel
escrito se transmutasse simbolicamente em períodos concatenados, assertivas
lógicas, esteio filosófico e vontade política para mudanças, pois na verdade,
mesmo que não queiramos, estamos inundados de má política, ou da mesma
política, de manobras de cunho político, de agora uma ausência ideológica, do
fisiologismo, tudo isso ao vivo e a cores diuturnamente para quem se informa.
De quem vem o dinheiro? Que capital é esse que gera os poderes insanos, se não
a própria forma, se os auxílios que pagam deputados são mais em valores do que
se paga a guarda militar dos capixabas? É esse o país que queremos, que gera
mortes por questões de uma justa paralização, no sentido de sabermos que o caos
gerado neste país e no resto do mundo é justamente a concentração excessiva das
riquezas nas mãos de poucos? É todo um povo que sai de suas órbitas, não apenas
os saqueadores de super-mercados, mas igualmente os ladrões do Congresso
Nacional que saqueiam nosso ética de quem nem imaginava quando foi às ruas como
que ficaríamos nessa crise sem par: em nosso coração da América, em nosso
Brasil.
As
folhas seriam amassadas, talvez por muitos que estiveram nas ruas protestando e
não queiram ver que as coisas estão mais difíceis de gerenciar nos lugares mais
periféricos de nosso país, e aqueles trabalhadores que estão se submetendo a
variadas pressões veem que a falta de sua própria capacidade de pensar, tolhida
pelo esforço do trabalho, não se revela pelo cansaço, pela exaustão em
prosseguir lutando por melhores dias, tendo a esperança tolhida em seus
mananciais exauridos por um tipo de seca em que passam a não encontrar sequer
um exemplo de administrador, em qualquer esfera governamental, haja vista essa
situação pós golpe estar solidamente em alicerces tíbios de um procedimento
ético cada vez mais raro. Essa ausência da ética, dos Direitos já consagrados,
da venalidade em rasgarem uma constituição lapidada em 88 a duro processo de mudança
em nossa incipiente democracia pós ditadura, nos ameaça em que voltemos a um
tipo de idade média ao estilo da casa grande, em que o sectarismo passa a
voltar a afetar as populações vulneráveis, não lhe dando condições nem
oportunidades de escape desse triste status quo.
Passa-se
a ser vital a democratização das opiniões, diálogos e debates, sem a necessária
condição de sofrermos a imposição de hierarquias fechadas porquanto seres
cidadãos que temos que cumprir o nosso dever de unir o país em fecundas
propostas, em que porventura que não se aventure muito aquele que não
compreende muito, mesmo fazendo parte de uma sólida vida acadêmica, um
parágrafo mais complexo. Resta que o leia com mais cuidado sem necessariamente
fazer dele uma leitura de seus vocábulos que lhe deem aparentemente chaves de
como se deva enquadrar a leitura que passou a não compreender em seu sentido
lato, em uma espécie de uso investigativo ao viés, quando não possui a
abrangência de saber que uma palavra significa muito em diversos contextos, e
que não será uma reunião de vocábulos reunidos através de um fraco treinamento
acadêmico que traçará algum perfil. Justamente o ato de traçar perfis não
condiz com o plano estratégico de sermos patriotas na língua pátria brasileira.
Não adianta depositarmos muita fé em gadgets que aparentemente nos auxiliam na
obtenção de informações, em uma linearidade de leitura que mais parece uma
aferição de uma conta de luz, do que presencialmente conhecermos, olhar o
olhar, com humanismo, que não somos um apanhado de informações, porém seres
humanos que podem ser úteis – repito – na União de todo um país, em se tratando
principalmente nas bases de trabalhadores, o pequeno grande detalhe de que são
a parte honesta da sociedade. Essa é uma questão tão ampla que abre todas as
frentes de uma compreensão a respeito da seara fértil de um trabalho solidário
em momentos como o que vivemos em nosso país, em que as forças que aglutinem
pequenos archotes de duas ou mais pessoas torna-se viral nas ruas, no gesto, na
semântica de um livro de papel, na importância clássica de usarmos os gadgets
para o essencial, de não perdermos tempo com um crescimento exacerbado de egos
que nos obscureçam dimensões factuais, e certamente a presença indiscutível da
boa literatura, boa poesia, boa letra, boa filosofia...
Os
papéis em garranchos encontrados no banco foram recolhidos pela varredora das
ruas, mas não jogou-os no lixo, pois havia esquecido em seus apontamentos da
pausa de um cigarro, e guardou-os silenciosa e ternamente no seu bolso, pois
haveria de escrever muito mais em seu computador conquistado a duras penas,
escrevendo para muitos que dela participam, que sabem dos pássaros marinhos que
a acompanham, e sabem que um varredor sincero não é invisível aos olhos. É um
trabalho que torna a companhia das ruas algo a ser desfrutado com a riqueza de
uma longa amizade pela vida em sociedade!
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