quarta-feira, 30 de novembro de 2016

DÍPTICO OU QUADRO DUPLO

            Uma questão existencial pode valer um agigantado e perene pensar. De sabermos como em um díptico em um óleo pintado com maestria, que as superfícies das duas telas não precisam equiparar-se nos temas, mas que o pintor as pinta: as duas. Requisita, portanto, a autoria, mesmo que em uma superfície da tela a forma é distinta, ou que nela seja posta a expressão algo didática da literatura em tela. A ser relida em seus conceitos, pois se o conceito merece tanto a sua importância, quebrarmos os tabus das divisões do que seja o suporte da arte deva abrir longas lacunas a se pretender expressões onde elas estejam, independente de que sejam anexadas nas leituras digitais um título de performance que cabe unicamente ao artista, em seus quadros, não cabal e necessariamente quadráticos. Não há territorialidade nas linhas de uma expressão, pois o mesmo Google Earth passa a ser menor do que a ampliação de uma pincelada, ou qualquer ideia em sua gramática de rabiscos sinceros no conhecimento, disto de passar a valer uma plataforma como cooptação de inúmeros para a curiosidade em querer se ter o controle de uma imagem, e a outra versão, a da arte, o controle e a criação do território artístico, que pode ser planar, sequencial, volumétrico, conceitual, em flashies, ou em um diálogo que seja especulativo apenas, mas com sua retórica de espelhamento filosófico ou literário. Não se trata propriamente de uma questão filosófica, mas apenas o entendimento de como espelharemos o real, o ilusório, a cópia de um original, uma vida mais autêntica de uma vida quadrática, quando nesta situação em que nos tornamos nossos próprios objetos traça uma vertente em que nossas expressões surjam na urgência de sabermos que a tripa linear de uma rede social não socializa, pois segrega na máquina. Enfeixamos um quadro para traçar outro em nossas próprias condições, em que a espera de uma resposta se torna um moto contínuo que não nos abre as frentes do mundo, mas sedimenta as ferramentas de coação em que o mundo quer que nos situemos, quando somos ou passamos a ser ausentes de um entendimento independente dessas mesmas condições. Isso é de uma gravidade quase insuportável, posto os canais que surpreendem não o fazem por intenção de surpreender, mas pelo inevitável modo de operar a surpresa, e seu efeito, efetivamente utilizado pela mídia no mundo, em um receituário catastrófico de uma comunicação desonesta, enquanto manipuladora das massas, agora amplamente sedimentada por uma ética de regresso, qual não seja, a maior contradição, pois esse pensar da ética assim é nula enquanto inexistente em suas ações, o que vem a dar ao povo outras possibilidades de atuação.
            As palavras que nos descem pela garganta como chumbo quente por vezes são necessárias, a saber que apenas desse modo – e que a pequena burguesia o saiba – a transformação alquímica nem mesmo assim ocorre, mas que têm tentado muitos transformar seus empreendimento cotidianos em ouro, no que se distanciam da riqueza inequívoca e humana que é sua força motriz: os trabalhadores! E estes precisam amadurecer, por nós mesmos que somos e fazemos parte do povo, e que a mesma burguesia saiba, quando saíram ao protesto que, o que fizeram pela país, aí já está, e é apenas na conformidade de uma especulação sem limites que vão por terminar exauridos pelo próprio fracasso de não saberem as latitudes de certas ações, mesmo porque agora vai ficar cada vez mais difícil – a não ser por agentes externos atuando em nosso país – pegar um refresco no país, enquanto latino-americanos, nos EUA, que não os recebem mais de braços abertos, em que a tocha da liberdade estadunidense tende a apagar paulatinamente. Isso é fato.
            Passaremos a viver em díptico? Um quadro aqui e outro lá? Mas, caros, isso não se completa... Precisamos muito dos dois quadros, vezes quatro lados, mesmo dos quadráticos, que somam oito. Mas queiram porque queiram, não há porquês. Continuará sendo bom trazermos a ciência para dentro de nosso Brasil, mas não a serviço da ciência dos outros, já que não nos furtemos que em nosso mar está a confrontação do que realmente quer o país mais rico e influente do planeta. Apenas isso: que pensem melhor as ações por daqui em diante, pois nas condições atuais não serão os GPSs que farão tornarmos conta do que seria realmente importante para a consolidação de um país em que nas manifestações antipopulares se vestia de verde e amarelo, na questão fundamental de sabermos que saberemos que o quadrado de nossa bandeira vai ficar a meio mastro para deixarem subir covardemente o servilismo da estrelada do império, e não é para isso que somos patriotas, pois o problema é nunca nos darmos conta do estremecimento que suscita aos dominadores as gentes que pensam em um país soberano dentro do território do mundo.

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