sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AS TORRES E OS REIS

            Uma torrente de palavras reside por vezes em uma torre, dessas que a gente possa imaginar, ou mesmo ver o lócus de uma fundação, paredes e cobertura, nisso de tantas sintaxes, em que tomamos rédea por escrever, por vezes sem termos a previsão de um resultado coerente, no que não sabemos exatamente por fim onde este reside. Mas se temos uma fundação por um início de uma alvenaria, ou algo de se erguer no concreto, no amálgama de uma boa estrutura, obviamente é suficiente para que possamos fazer disso nossas casas: nossas torres, ou mesmo acompanhar os ninhos que surgem da construção, e que esta seja sólida, com boas vigas e colunas, aberturas, sem os porquês das semânticas ou lógicas, tratando-se de escritos ou mesmo de obras. Não há porque tentarem outros analistas do que pensam em suas verdades que a si mesmo nem sempre consentem, pois apenas aos que elegem para a dissecação de virtudes proibidas, tentarem por similaridade um espelho convexo, que se espalhe o espaço, pois nem sempre este mesmo espaço diria respeito a essa mesma anuência de perscrutarem por si mesmos e por si só, através de cartilhas já fracassadas em suas próprias torres de Babel.
             Desses meios positivos sem negativos, desses que caminham para um lado, teimando em não ver o destro e o canhoto, o quente o frio, as dualidades, sem saber que para transcender há que se encontrar com torres nem sempre acessíveis, e reis que nunca percebemos, e que já reinam no Universo, com os condões tempestuosos de uma ira reflexa por vezes, e talvez o saibamos algo, quiçá sermos mais ignorantes do que as pedras que nos tornamos. Poderíamos encontrar na Bíblia, realmente um livro maravilhoso, as torres do mundo, mas na Grécia Antiga encontraremos também origens e mais origens da criação e Mitologia, o Classicismo Romano, o Hinduísmo, Xintoísmo, os Orixás, os espíritos da Natureza, o paganismo, tantas seriam as torres, a se citar o islamismo, o judaísmo, tantas vertentes que igualmente saibamos que todos têm o direito de crença, de não crença, de ser cidadãos conforme o grau de liberdade que igualmente envolve a ideologia, e da importância em permitir que os estudantes abracem essas questões enquanto cidadãos igualmente livres no século XXI, que deve ser das luzes, e não de um obscurantismo venal, principalmente, com a exuberância cultural das Américas, de nossa América latina tão pátria e tão linda.
            Há de premência que erijamos torres mais altas, que se comuniquem, e que devam estar os nossos reis, que podem ser desde um condor no altiplano a um pajé na Amazônia... Com a humildade que carrego, gostaria de eleger minha escritura, o Bhagavatam e o Bhaghavad Gita, como um archote que me ilumina, um pouco igualmente do novo Testamento, que ilumina igualmente, posto em minha humilde posição de devoto saiba que devo transcender, devo prosseguir no entendimento cabal de minha situação enquanto ser religioso, ou enquanto meu ser de ideário, de homem progressista que mantém igualmente uma chama acesa. Quando penso na miséria humana, quando penso em tantas injustiças, quando vejo a postura nefasta que em muitos cidadãos de nossa República sofrem como ações tremendamente brutas, pode vir uma falta de fé na humanidade. Passa na veneta que encontrar gente decente sempre será muito raro... Aliás, extremamente. Considerando o egoísmo brutal que separa tudo e todos, a cada um no seu micro mundo, a cada qual a construção de uma ameia de ego, uma verruga nas torres de papel. Um mundo que passa a fazer sentido a muitos quando é desencontrado do anterior, de uma leitura qualquer e passa-se a fazer sentido na visão apocalíptica, para dar um exemplo claro e evidente. É mais fácil dizer algo de torres, mas seguimos no pressuposto que há aquelas onde residem reis e rainhas. Sartre e Beauvoir, Frida e Rivera, Neruda e Matilde, quantos haveriam, e os que nunca conhecemos na história? De pequenas atitudes? O José e a Neusa, o Jacó e a Clementina? Quantos nomes? Ah, sim, a areia e o tufão, a montanha e o mar, o céu e as estrelas, as flores e a terra, os planetas e o espaço. Não haverá gênero no Universo... A matéria bruta é homem, a matéria bruta é mulher. A carne pode ser homem, o espírito pode ser mulher. Nosso Deus é mulher, nosso Deus é homem... Porque apenas a rainha possui movimento pleno no tabuleiro, enquanto o Rei é guarnecido pelos xeques que lhe infligem? Ou será que ele é o último? Sejamos meros peões, a conseguir até o final sermos trocados por rainhas? Porque a demanda dos sexos? Porque assim é, e sigo com os reis e as torres, e as semideusas e os semideuses que povoam a minha literatura transcendental, pois é através de Krsna ou Mohini, os Avatares de Deus em todas as dimensões do que conhecemos dentro de nossa percepção limitada e a realidade onde existem sob a flâmula de uma religião muito antiga, remontando toda a eternidade, no limite infinito do passado, do presente e do futuro. Por essas questões é mais simples viver, posto o cenário que nunca é fixo, apenas algo fixo é a previsibilidade das vestimentas humanas, seus comportamentos, haja vista já termos um vasto repertório de traduções. Chegamos a analisar comportamentos de bichos, mas nunca sabemos que os humanos que chegam aos ápices das fronteiras de seus conhecimentos assaz permitidos nos meios acadêmicos nada sabem sobre muito, pois só conhecem aquilo que uma percepção menos acurada deixa entrever, sem se aprofundarem no que não funciona como máquina, no que não somos apenas massa encefálica e órgãos e membros e aparelhos na medicina, no que o naturalista vê ainda como tema de um cartesianismo ainda rudimentar, newtoniano, e que o Tao já seria etapa posterior, mas que um tema científico de massas populares, já pode deixar entrever que no homem do povo já há frações militares que, se não são preocupantes, evoca quase um já surgimento do homem-povo-soldado, que coaduna, pela infringente ordem de crimes que sucedem no planeta a questão da disciplina moral e existencial, vendo-se como modal uma segurança por vezes ilusória que leva tantos e tantos a “saberem” como se portar para “sobreviverem” no espaço social. Isso leva a surgirem tipos de castas não no modelo indiano religioso, mas a separar poderes e ações de modo em que a espécie toma a frente de tornar objetos muitos de seus viventes. A um tipo de tendência autocrática que parte de um egoísmo renitente, de uma segurança necessária e invulgar, da massificação da exploração da força de trabalho como algo estanque e consolidado, mas que, depois de um governo mais popular como os nossos desta última década, demanda que estejamos atentos e agraciados pela consciência já aflorada do homem do povo, que ao menos – em virtude do escopo dos gadgets da revolução tecnológica de nossos tempos – possui a consciência aflorada nos anseios de querer mudar o status quo que pouco a pouco nos fecha as esperanças, minando o moral do cidadão que passa e vive a rua no combate do dia a dia.

            As torres entram em movimento, o tabuleiro gira, encontramos soldados cidadãos, estes encontram cidadãos soldados, somos quem somos, assalariados, empresários, aposentados, velhos moços, temos nossos bichos, somos igualmente bichos e guarnecemos nossos reis e nossas rainhas, nossas torres e nossos ninhos, recebemos o pago, pagamos as contas, contamos com a presença inestimável dos pássaros, acompanhamos os barcos que vêm da pesca, temos nossos cães e gatos, os ratos procuram na imensidão do breu, as luzes brancas e amarelas nos inundam por vezes meio invasivamente, encontramos boas alcovas para o prazer, nos amamos, inundamos as paredes das torres com nossas superfícies de beijos algo secretos, somos burgueses e somos populares, e nos mesclamos, somos brancos, somos orientais e negros, parecemos com o não tanto e seguimos, profeticamente, a grande revolução internacional que está em curso, independente de quem toma o poder relativo das instituições, pois todo o homem povo está em todo o lugar, pois em tese os próprios governos fazem parte dele. Os reis estão nas ruas e o tabuleiro do poder por vezes não possui nenhum para iniciar a próxima partida!

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