Uma torrente de palavras reside por
vezes em uma torre, dessas que a gente possa imaginar, ou mesmo ver o lócus de
uma fundação, paredes e cobertura, nisso de tantas sintaxes, em que tomamos
rédea por escrever, por vezes sem termos a previsão de um resultado coerente,
no que não sabemos exatamente por fim onde este reside. Mas se temos uma fundação
por um início de uma alvenaria, ou algo de se erguer no concreto, no amálgama
de uma boa estrutura, obviamente é suficiente para que possamos fazer disso
nossas casas: nossas torres, ou mesmo acompanhar os ninhos que surgem da
construção, e que esta seja sólida, com boas vigas e colunas, aberturas, sem os
porquês das semânticas ou lógicas, tratando-se de escritos ou mesmo de obras.
Não há porque tentarem outros analistas do que pensam em suas verdades que a si
mesmo nem sempre consentem, pois apenas aos que elegem para a dissecação de
virtudes proibidas, tentarem por similaridade um espelho convexo, que se
espalhe o espaço, pois nem sempre este mesmo espaço diria respeito a essa mesma
anuência de perscrutarem por si mesmos e por si só, através de cartilhas já
fracassadas em suas próprias torres de Babel.
Desses
meios positivos sem negativos, desses que caminham para um lado, teimando em não
ver o destro e o canhoto, o quente o frio, as dualidades, sem saber que para
transcender há que se encontrar com torres nem sempre acessíveis, e reis que
nunca percebemos, e que já reinam no Universo, com os condões tempestuosos de
uma ira reflexa por vezes, e talvez o saibamos algo, quiçá sermos mais
ignorantes do que as pedras que nos tornamos. Poderíamos encontrar na Bíblia,
realmente um livro maravilhoso, as torres do mundo, mas na Grécia Antiga
encontraremos também origens e mais origens da criação e Mitologia, o
Classicismo Romano, o Hinduísmo, Xintoísmo, os Orixás, os espíritos da
Natureza, o paganismo, tantas seriam as torres, a se citar o islamismo, o
judaísmo, tantas vertentes que igualmente saibamos que todos têm o direito de
crença, de não crença, de ser cidadãos conforme o grau de liberdade que
igualmente envolve a ideologia, e da importância em permitir que os estudantes
abracem essas questões enquanto cidadãos igualmente livres no século XXI, que deve
ser das luzes, e não de um obscurantismo venal, principalmente, com a
exuberância cultural das Américas, de nossa América latina tão pátria e tão
linda.
Há de premência que erijamos torres
mais altas, que se comuniquem, e que devam estar os nossos reis, que podem ser
desde um condor no altiplano a um pajé na Amazônia... Com a humildade que carrego,
gostaria de eleger minha escritura, o Bhagavatam e o Bhaghavad Gita, como um
archote que me ilumina, um pouco igualmente do novo Testamento, que ilumina
igualmente, posto em minha humilde posição de devoto saiba que devo
transcender, devo prosseguir no entendimento cabal de minha situação enquanto
ser religioso, ou enquanto meu ser de ideário, de homem progressista que mantém
igualmente uma chama acesa. Quando penso na miséria humana, quando penso em
tantas injustiças, quando vejo a postura nefasta que em muitos cidadãos de
nossa República sofrem como ações tremendamente brutas, pode vir uma falta de
fé na humanidade. Passa na veneta que encontrar gente decente sempre será muito
raro... Aliás, extremamente. Considerando o egoísmo brutal que separa tudo e
todos, a cada um no seu micro mundo, a cada qual a construção de uma ameia de
ego, uma verruga nas torres de papel. Um mundo que passa a fazer sentido a
muitos quando é desencontrado do anterior, de uma leitura qualquer e passa-se a
fazer sentido na visão apocalíptica, para dar um exemplo claro e evidente. É
mais fácil dizer algo de torres, mas seguimos no pressuposto que há aquelas
onde residem reis e rainhas. Sartre e Beauvoir, Frida e Rivera, Neruda e Matilde,
quantos haveriam, e os que nunca conhecemos na história? De pequenas atitudes?
O José e a Neusa, o Jacó e a Clementina? Quantos nomes? Ah, sim, a areia e o
tufão, a montanha e o mar, o céu e as estrelas, as flores e a terra, os
planetas e o espaço. Não haverá gênero no Universo... A matéria bruta é homem,
a matéria bruta é mulher. A carne pode ser homem, o espírito pode ser mulher.
Nosso Deus é mulher, nosso Deus é homem... Porque apenas a rainha possui
movimento pleno no tabuleiro, enquanto o Rei é guarnecido pelos xeques que lhe
infligem? Ou será que ele é o último? Sejamos meros peões, a conseguir até o
final sermos trocados por rainhas? Porque a demanda dos sexos? Porque assim é,
e sigo com os reis e as torres, e as semideusas e os semideuses que povoam a
minha literatura transcendental, pois é através de Krsna ou Mohini, os Avatares de Deus em todas as dimensões
do que conhecemos dentro de nossa percepção limitada e a realidade onde existem
sob a flâmula de uma religião muito antiga, remontando toda a eternidade, no
limite infinito do passado, do presente e do futuro. Por essas questões é mais
simples viver, posto o cenário que nunca é fixo, apenas algo fixo é a
previsibilidade das vestimentas humanas, seus comportamentos, haja vista já
termos um vasto repertório de traduções. Chegamos a analisar comportamentos de
bichos, mas nunca sabemos que os humanos que chegam aos ápices das fronteiras
de seus conhecimentos assaz permitidos nos meios acadêmicos nada sabem sobre
muito, pois só conhecem aquilo que uma percepção menos acurada deixa entrever,
sem se aprofundarem no que não funciona como máquina, no que não somos apenas
massa encefálica e órgãos e membros e aparelhos na medicina, no que o
naturalista vê ainda como tema de um cartesianismo ainda rudimentar,
newtoniano, e que o Tao já seria etapa posterior, mas que um tema científico de
massas populares, já pode deixar entrever que no homem do povo já há frações
militares que, se não são preocupantes, evoca quase um já surgimento do
homem-povo-soldado, que coaduna, pela infringente ordem de crimes que sucedem
no planeta a questão da disciplina moral e existencial, vendo-se como modal uma
segurança por vezes ilusória que leva tantos e tantos a “saberem” como se
portar para “sobreviverem” no espaço social. Isso leva a surgirem tipos de
castas não no modelo indiano religioso, mas a separar poderes e ações de modo
em que a espécie toma a frente de tornar objetos muitos de seus viventes. A um
tipo de tendência autocrática que parte de um egoísmo renitente, de uma
segurança necessária e invulgar, da massificação da exploração da força de
trabalho como algo estanque e consolidado, mas que, depois de um governo mais
popular como os nossos desta última década, demanda que estejamos atentos e
agraciados pela consciência já aflorada do homem do povo, que ao menos – em virtude
do escopo dos gadgets da revolução tecnológica de nossos tempos – possui a
consciência aflorada nos anseios de querer mudar o status quo que pouco a pouco
nos fecha as esperanças, minando o moral do cidadão que passa e vive a rua no
combate do dia a dia.
As torres entram em movimento, o
tabuleiro gira, encontramos soldados cidadãos, estes encontram cidadãos soldados,
somos quem somos, assalariados, empresários, aposentados, velhos moços, temos
nossos bichos, somos igualmente bichos e guarnecemos nossos reis e nossas
rainhas, nossas torres e nossos ninhos, recebemos o pago, pagamos as contas,
contamos com a presença inestimável dos pássaros, acompanhamos os barcos que
vêm da pesca, temos nossos cães e gatos, os ratos procuram na imensidão do
breu, as luzes brancas e amarelas nos inundam por vezes meio invasivamente,
encontramos boas alcovas para o prazer, nos amamos, inundamos as paredes das
torres com nossas superfícies de beijos algo secretos, somos burgueses e somos
populares, e nos mesclamos, somos brancos, somos orientais e negros, parecemos
com o não tanto e seguimos, profeticamente, a grande revolução internacional
que está em curso, independente de quem toma o poder relativo das instituições,
pois todo o homem povo está em todo o lugar, pois em tese os próprios governos
fazem parte dele. Os reis estão nas ruas e o tabuleiro do poder por vezes não
possui nenhum para iniciar a próxima partida!
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