segunda-feira, 28 de novembro de 2016

UMA PLATAFORMA TRANSPARENTE

            Chegamos a um dia qualquer, qual seja que o “imaginemos” no futuro. O futuro possa ser imaginário, pois que o pensamento não alcança a ficção. No outro buscamos em nossas redes sociais, mas o outro está em outras plataformas, talvez. No que saibamos que devemos prosseguir o mais possível fora da questão da hipocrisia, se quisermos atravessar o oceano da ignorância de frente. A hipocrisia não nos deixa outra saída a não ser, quando somos pessoas sinceras, a acharmos que daremos conta, com os diálogos brutalizados – e por tabela – daqueles que teimam em ofender as pessoas do bem, que lutamos por melhores dias a todos, pobres ou burgueses. Disso de não termos sido treinados, ou que pese nos treinos há sempre um que seja mais experiente. No que pese que a importância cultural de setores de profissionais, especialmente os mestres universitários e os médicos importam com seus caudais de conhecimento que ainda possuímos em nosso país. Essa importância inequívoca nos aproxima de coisas que por vezes podem estar estanques em nossos pressupostos de mudanças, quais sejam, uma delas: a aproximação de classes de conhecimento e seus meios de união. A que participemos daquilo que são objetos de saber, quando sabemos que o papel é ainda um grande veículo, posto podermos estar na rua a ler, por grandes ou imensos parágrafos, pontuados ou não, como os de James Joyce. Houve gerações ainda atuantes que passaram pelos fomentos tecnológicos e efetivamente muitos, abraçados aos seus próprios mitos, deixaram de lado as mesclas, acreditando piamente que o papel entrou em colapso no sistema de integração de meios em que somos meros articuladores de frases curtas, filmes de ocasião, e do recrudescer de ego ilusório, porquanto não sermos donos e sim reféns desses mesmos meios que se apresentam envolvidos na embalagem que desconhecemos: gadget caixa, gadget celular... Não há porque tecermos uma crítica muito contundente, mas sim exercer de fora para dentro um input mais solidário com nossa própria situação humana. Questão de mesclarmos os meios novos com os antigos, tornando livros com boas traduções nossos clássicos como patrimônio de nossa civilização. De outro modo não há como traduzirmos nossa existência, pois sem os livros não teremos uma educação onde os alunos possam contestar o que lhes é ensinado, principalmente na redação e na história, criando suas próprias, desenhando em qualquer rincão, rabiscos ou palavras...
            Seria um furor bater de frente com qualquer coisa que se venha de aparecer por diante na sociedade, mas temos que nos situar em uma posição sempre crítica, no sentido de sabermos onde estamos e quem somos no panorama social... Não apenas na sua situação de classe social, se somos ricos ou pobres, mas em que medida podemos e “devemos” urgir por mudanças realmente saudáveis nas sociedades onde vivemos. Essas passam no princípio de uma equiparação do que imaginarmos para o que, ou onde somos fortes, no sentido de resguardarmos a tipologia da defesa para quem possui treinamento para isso enquanto instituição, pois nunca será através de atitudes de violência verbal ou física que nos aperceberemos enquanto sitos em nossos nichos existenciais, com a compreensão de que quanto mais tolerante formos maior será a amplidão de nosso caráter e o espaço de vivência cotidiana individual, mútua ou coletiva. É apenas o saber da importância de sermos harmônicos enquanto seres gregários e que repartamos melhor a riqueza que poderemos entrar em consonância com a grandeza de podermos salvar o planeta, pois enquanto não sairmos da plataforma opaca do apocalipse, a uma espera renitente de fracasso, não poderemos abrilhantar-nos na plataforma de mudanças necessárias e prementes, pois a apreensão das riquezas naturais não é o que deva urgir, mas justamente na verdade em fazer com que os povos se entendam dentro de um mundo de fato tridimensional, tetradimensional, e não um mero quadrado – físico ou eletrônico – a cada qual, conforme necessidades inventadas todos os dias através do impulso de um ego criativamente nulo, porquanto estímulos e respostas previsíveis e sistemáticas. Tudo circunscrito a um passado que não significa mitos encontrados em um contexto de ficção onde os heróis festejam suas atitudes mesmo antes de se tornarem mitos, ou em uma verdade de mitologia fracassada no caudal de um repertório imaginativo rico enquanto de insumos e recursos externos, qual não seja, as meras repetições de receitas na novelística dos canais nacionais. Na verdade, o que não fosse de padrão estreito nas linhas de um pensamento, já era visto – portanto qual seja se quer de ver – como um padrão aceito por qualquer comportamento visto como dentro de uma normalidade aceite. Como se falássemos de um passado que se passa com um homem ou uma mulher a troco de vermos que esse mesmo passado nos revela um cristal sereno por vezes ou em outras uma farsa secreta de cada qual, ou de um.
Quando se roga a que nos comportemos, que se faça dessa palavra o que temos de mais autêntico, a título de compreendermos que a consciência humana só se aprofunda quando questionamos ou mesmo quebramos certos tabus em um regime de progresso, nunca de atraso medieval, ou de supostos meios tecnológicos que só servem para emperrar o andamento de um ser mais feliz, posto mais situado e crítico perante seus escopos sociais... De ser feliz por poder comandar sua existência dentro do que se apresenta na realidade, e de se fazer presente nela com capacidade de contestá-la e contribuir para mudanças que achar mais justas enquanto ser do povo, enquanto cidadão. Essa contribuição vem espontânea, igualmente quão espontânea é uma legalidade autêntica, quando espelhada naquilo que, em síntese, é nosso modo de ser, uma idiossincrasia justa que deveria estar presente em todos os códigos de conduta civilizados, no dito mundo que convencionamos para que ao menos o seja, no Ocidente, no Oriente e em todas as civilizações de caráter urbano e rural no modal de seu próprio processo civilizatório.

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