quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

DE DUROS IDIOMAS

            Atravessamos por decênios e decênios a promessa de vermos algo de secular, na forma de sabermos que nem sempre os verbos ditaram tanto de não termos muito a nos saciar nossas sedes em que passamos a partir em pequenos goles, como passos tíbios que damos em cada empreitada... De não sabermos exatamente quem somos e, como dizia Sartre, em que nos tornamos. A princípio vemos alguns diálogos pontuados como algo de reflexo, no que está melhor está, no que pior estará não nos daremos conta, pois não importa mais, olhemos para os nossos empreendimentos, aliás, as novas palavras para negociatas. Falta combustível em nossos idiomas: que falaremos antecipadamente, em primeiro, que seja, não queremos doses de neurônios sobressalentes, nem de drogas que nos alterem a percepção, pois o ilícito é duro e temos que conviver com leis que nos ditam e “devem” estar presentes serenamente, em todos os espectros, nos cantos, nas suas pronúncias mais internacionalizadas com os modais atuantes, posto que não emascarem o que ocorre no país, e que a lava-jato não se transforme em chuveirinho corona, conforme velhos e cansados tempos para o povo brasileiro onde nada vinha à tona, e agora urgem por perdoar apenas os crimes de colarinho já manchado pela sujidade de quem trabalha com ardor madrugada a dentro no parlamento brasileiro, para poder em surdina corromper o coração de nossa República. Em realidade, não contaria muito que fosse desse modo, mas a proporção dos abusos da classe política que agora está mandando com o poder nas mãos, tornou-se de uma venalidade extrema, e vários são os “funcionários” do caos e desumanidade que fazem diuturnamente por retirar conquistas da democracia e do povo brasileiro, este como totalidade e força matriz do país. Se imiscuem, negam a fazer parte de nossa população, arvoram serem representantes de seus currais e empoderam a cristalização de seus ócios e privilégios, em um tipo de casta verborrágica, como uma imensa verruga reacionária e macilenta que se apodera do modal político brasileiro.
            O idioma principal que essa gente fala é o seu Deus, tal como algo enigmático, as suas famílias já no elã de uma linguagem fluida e igualmente criminosa, pois suas riquezas passam a ter mais valor agora, devidamente patrificadas... Torna-se inevitável gostarem, para esses homens e mulheres: mais homens. Obviamente, ser o mais esperto, o que rouba mais, aquele que engana o Supremo Tribunal, aquele que escamoteia da PF todas as preocupações enquanto livres, ligados por seus poderes, apenas. E faz-se o papel, transtorna-se o país, de um tipo de idioma que se torna sem a circunflexão de um dito qualquer, mas na falácia da podridão estabelecida em instituições que até esta República “geneticamente modificada” traça paralelos com os tecidos moles sem compostura de um cancro sifilítico.
            Caros da medicina: quais são os nossos sintomas? O da nação brasileira? A que destinam o padrão de suas negociatas, os patrões do descaso e descalabro político? Que transtorno geral é esse que assombra não apenas lutos absurdos que ocorrem, como a tragédia moral e espiritual que se abate sobre o painel de um país que apenas teima em ser livre, e não deixar os ladrões de lesa pátria destruírem tudo o que encontram por encima de seus pressupostos de existência nefasta? Que tipo de caráter se impregna naqueles que torturam a nação com suas medidas tornadas antíteses da decência, se o nosso caráter costuma pensar que alguns, quem sabe dois ou dez congressistas, tiveram por si uma educação coerente, e não a bastilha revisitada pelo medievalismo fundamentalista desse capitalismo de cordas cortadas, como serpentes que se contorcem à procura de ovos?
            São duros os idiomas que escondem nossa situação pelo mundo afora. São duras as questões que teremos que enfrentar para melhorar a coragem e o moral dessa gente que aflora em suas bandeiras de resistência. Vai ser duro para o mundo enfrentar o atraso político que agora está em curso em muitos países. Duro porque passam a estimular um fundamentalismo de suas instituições, em nome de um neoliberalismo que já dá suas cartadas finais, pois todos veem agora onde reside a maldade e a intolerância com relação às pátrias que querem se tornar independentes, e o descaso em relação a trajetórias cruentas e bestiais pelas quais passam muitos países da humanidade, o Brasil incluído, igualmente. Justamente agora que não temos mais o aval nem mesmo da Natureza para seguirmos devorando o próximo, através de um egoísmo e egolatria sem precedentes. Viva o povo brasileiro, pois este aos poucos vê a luz da sua própria lucidez, enquanto partícipe nos lemes de suas embarcações que o leva, através da honestidade e trabalho duro, à vertente de tomar a paulatina consciência que – apesar das investidas da extrema direita – brota de seu coração generoso e patriota, em uma camaradagem que faz parte de uma história de todo um país que a ele deve o orgulho de ser uma nação maravilhosa, mesmo com tantos carrapatos mesquinhos, a sugar, de modo sujo e parcial, o fôlego sem sombra de cansaço do trabalhador do Brasil!

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