domingo, 29 de maio de 2016

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

            A chuva por vezes não cede muito em que não a coletamos em nossas caixas, a partir do princípio do erro, quando se diz e se sabe que é de água, que será de nossas águas sem a coleta? A produção do alimento que vem do mar ressente-se, e o trabalho da pesca artesanal e do cultivo artesanal de bivalves igualmente perdem espaço ou ao lazer de outrem ou da deterioração das águas pelas tubulações de um saneamento errado. Certas equações fazem sentido: têm sentido. As suas soluções igualmente possuem bons resultados quando pensadas no bem coletivo, pois nada é mais coletivo em seu dispor do que as águas, doce e salobra. O fato é que certas estruturas são necessárias às pessoas, e manter um bom saneamento depende desse fato circunstancial, a existir, a ser posto a termo, a ser planejado e planificado. Obviamente, um homem ou mulher que cultivem os mariscos ou ostras, sentem-se mais protegidos no trabalho cooperativado, pois qualquer coisa que aconteça no mar acontecerá a todos os produtores, sendo a solidariedade a mola mestra que move a produção, a uma vazão de área de cultivo, sua manutenção da qualidade e a garantia de uma demanda que atenda a todos, coletivamente. Como no setor industrial brasileiro: se há uma ameaça a que se desenvolvam os produtores nacionais, seus fornecedores e profissionais perdem todos, não apenas os trabalhadores. No entanto, é fundamental sabermos que estes são a força motriz das indústrias e no mínimo a participação nos lucros das empresas reverte um pouco a necessidade de um mercado consumidor na refração dos oligopólios externos, com capitais gigantescamente maiores, o que seria bom reforçar a qualidade das relações trabalhistas intrínsecas dentro do país, mantendo o parque industrial não apenas ileso, mas em contínuo progresso e implementação, com planificação e estratégia econômica sem o prejulgamento de enquadrar em um tipo de dolo uma doutrina econômica que possa vir a ser necessária, com a proteção e garantia do Estado como auxílio e nacionalização das frentes de trabalho, criando-se uma indústria com estamentos mais sólidos e preservando a prospecção e desenvolvimento das matrizes energéticas dentro de nosso país. A assertiva é que, no momento atual do andamento praticamente zerado de nossa economia, os grupos que acreditam no país como uma possível potência em um médio prazo possam tomar as ações assaz importantes para crescermos sem a competitividade sem tréguas, pois há que se levar em conta que igualmente importante é pensarmos nas leis do trabalho igualmente indispensáveis, que possuem a relação de sustentabilidade econômica – pois gera mais consumo – mas que gera um importante insumo na sociedade contemporânea, que é a valorização de igual para igual entre o trabalhador e o industrial, relação esta que deve se tornar cada vez mais horizontal, dentro do pressuposto que o trabalho seja tão importante quanto o seu gerenciamento, em uma acepção a ser discutida dentro de nossos padrões econômicos, em que cada qual deveria participar na criteriosa elaboração da sustentabilidade não apenas nesse teor, mas humanisticamente. Talvez seja uma premissa não sustentável aos olhos das grandes empresas, mas que encontrará mais campo nos pequenos e micro empresários, pois o contato humano se faz mais presente.
            O engano em termos econômicos pode sempre recorrentemente ser aceito. Não podemos crer em uma sociedade sustentável apenas no aspecto ecológico, mas social também, pois não podemos sociabilizar os prejuízos de uma nação. Talvez seja um anacronismo pensar desse modo, mas o que leva um homem sequer a dizer algo talvez remonte a história em que esses homens possam realmente contribuir para o melhor, o mais justo, o mais logicamente humano em termos de elucidar a tremenda concentração de capital em nome de poucos. Todas as categorias de trabalho devem saber como se processa, a mesma lógica em que muitos não se satisfazem com um suficiente já de ótimas montas, mas preferem acumular como o único propósito existencial em suas vidas. A obrigação da verdade é dar as cartas. Barganhar, roubar e ocultar é tarefa da desonestidade, e temos que ter na mente que a lógica em si é a Verdade. Quem não saiba que passe a saber, que passe adiante, pois a ocupação do Poder não é propriamente o mais digno, pois deve ser investido de poder em si mesmo o cidadão mais comum em sua cidadania realizada, digna, honesta, senão não terá o direito de receber o voto do cidadão que está do outro lado da urna: em massa, por vezes sedento, por vezes esfomeado, desempregado. Portanto, mais combativo enquanto cidadão trabalhador e honesto. Não importando na realidade quem é quem, mas quem ganha com mentiras ou veicula matérias alicerçadas no poder do capital, que o detém sem conta e sem número cabais de uma valia alicerçada no justo da equanimidade, igualmente não pode ser considerado o mesmo cidadão que enfrenta sérias dificuldades em apenas emprestar sua força de trabalho, em uma exploração sem fim.

sábado, 28 de maio de 2016

UM ENFERMO MENTAL TEM QUE SEGUIR À RISCA AS RECOMENDAÇÕES DE SEU MÉDICO, POIS A PSIQUIATRIA PODE FAZER AVANÇOS MUITO GRANDES NESSA ÁREA, GRAÇAS À EXCELENTE FARMÁCIA.

A RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE É UMA DAS MAIS SAUDÁVEIS DO MUNDO, QUANDO O MÉDICO POSSUI HUMANISMO E O PACIENTE O RESPEITO PELOS ESTUDOS ACADÊMICOS E FORMAÇÃO EXEMPLAR DO PROFISSIONAL DE MEDICINA.

POR DEUS QUE NÃO QUEIRAM CONTESTAR A IMENSA ESPOLIAÇÃO DA NATUREZA, A CONCENTRAÇÃO GIGANTESCA DAS RIQUEZAS, O QUE OCORRE DE INJUSTO, POIS ASSIM NÃO SERÁ UM FUTURO DE HUMANIDADES NO PLANETA. PENSEMOS: AINDA PODEMOS RECUAR DAS SEDES DE PREDAÇÃO DOS OUTROS QUE POR VEZES SOMOS NÓS MESMOS!...

A LÓGICA DO MERCADO OBJETIVA TORNAR OBJETOS OS HOMENS, AS MULHERES E AS CRIANÇAS.

AQUI NO PAÍS NÃO RASGOU-SE APENAS A CONSTITUIÇÃO NA DEFLAGRAÇÃO DO GOLPE, MAS ATENTARAM AOS DIREITOS HUMANOS INTERNACIONAIS NO SEU QUESITO DA SOBERANIA PÁTRIA QUE ABRIU OS PRECEDENTES PARA QUE NÃO VIVAMOS MAIS A DEMOCRACIA COMO ELA É E DEVE SER.

MUITOS ANALISTAS ESTRANGEIROS VEEM O QUE ACONTECE REALMENTE EM NOSSO PAÍS, E MUITOS BRASILEIROS VEEM O QUE ACONTECE LÁ FORA, MAS QUEM NÃO POSSUI AS LUZES E OS CANAIS ACABA LEVANDO A PIOR VITIMADO PELO GOVERNO GOLPISTA DENTRO DA NAÇÃO BRASILEIRA.

POR UM GRITO DE INDEPENDÊNCIA: NACIONALISMO, LEGALIDADE E LIBERDADE DE TUDO O QUE NOS SUFOCA, DE TANTAS ESPIONAGENS, TANTOS DESAFOROS, INTRIGAS E COVARDIAS PÉRFIDAS!

COMO DIZIA ELIS EM UMA MÚSICA: O BRASIL NÃO CONHECE O BRAZIL, O BRAZIL ESTÁ MATANDO O BRASIL...

NA ERA DE KALI AS DESAVENÇAS E A HIPOCRISIA CAMPEIAM, MAS OBSERVEMOS MELHOR QUE NEM TODOS OS PAÍSES PENSAM ASSIM: HÁ MUITA GENTE DO BEM EM NOSSO BRASIL.

UMA GRAVAÇÃO PARTICULAR É UM TIPO DE INTERVENÇÃO QUE, EM UMA ERA CIVILIZADA, NO MÍNIMO DEVERIA TER AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA PARA TAL.

NA AUSÊNCIA DE INTENÇÃO CABE AO JORNALISTA NOTICIAR POR VEZES CRUAMENTE QUE NEM TODOS OS DIÁLOGOS MERECEM TANTA ATENÇÃO EM QUE AS PALAVRAS VIRAM DOLOS IRRACIONAIS QUANDO EXPOSTAS JURIDICAMENTE.

A GLOBALIZAÇÃO REFLETE A DESORDEM QUE JÁ DESPONTOU EM MUITOS LUGARES E É TRÁGICO PENSAR QUE NÃO ESTEJA DECAINDO: IPSIS LITERIS.

A TERRA NÃO É UM GLOBO, POIS POSSUI AINDA UMA SUPERFÍCIE CRESPA COMO O CABELO DE UM NEGRO.

TODOS OS TÍTULOS NOBILIÁRQUICOS CAÍRAM NA REVOLUÇÃO FRANCESA, ASSIM COMO TODAS AS INFORMAÇÕES TENDENCIOSAS DISPOSTAS SOBRE O TABULEIRO JÁ COMEÇAM A CAIR ANTES QUE SE MOVAM AS PEÇAS.

DISTANTE É O PÃO E SUA FORMA. PRÓXIMO E ABENÇOADO É QUANDO PODEMOS COMER: A BÊNÇÃO VEM DA TERRA!!!

SE UM TORNO FABRICA UMA PEÇA, SE HOUVE UMA MÃO QUE A FABRICOU, A MÁQUINA EXISTE, HOUVE UM OPERÁRIO... PORTANTO AS MÁQUINAS SÓ FUNCIONAM COM A INGERÊNCIA HUMANA.

UM PÁÍS DECENTE SE FAZ COM UM ASPECTO QUE REJEITE TODO O SECTARISMO, INCLUSO AQUELE QUE GERA EM SI MESMO A FALSA LIBERTAÇÃO DE UMA PARÓDIA ILUSÓRIA BASEADA NOS FATOS QUE JUSTIFIQUEM OUTROS MOVIMENTOS SECTÁRIOS.

HÁ QUE SE REVISAR AS QUESTÕES DA MÍDIA E APROFUNDAR MELHOR O RESTAURO DE NOSSAS RAÍZES CULTURAIS, POIS É ATRAVÉS DESSA REFORMA QUE A VIDA RENASCE E BROTA SEM OS DANOS INTERNOS DA BLINDAGEM MENTIROSA.

O JORNALISMO FARISEU É AQUELE QUE IMPRESSIONA OU TENTA ATRAVÉS DA MANIPULAÇÃO EM QUE APRENDERAM SEUS TÉCNICOS, VOLTADOS A UMA MISSÃO PARCIAL E MENTIROSA.

SE UM HOMEM DIZ ALGO POR DIZER, POR UMA NECESSIDADE SINCERA EM DIZER, QUE SE RESPEITE AO QUE O DIZ, POIS POR VEZES MUITOS DIZEM COM ENSAIOS ANTECIPADOS DE PIROTECNIA IMAGÉTICA E VERBAL.

NÃO HÁ RÓTULOS NA CONCEPÇÃO DE UMA POESIA, COMO NÃO HÁ REFERÊNCIA MELHOR DO QUE UM CORPO SOCIAL SAUDÁVEL POR SEU HUMANISMO E RESPEITO AOS DIREITOS CONSAGRADOS.

O VERBO SUADO A UM GRILHÃO QUE SEJA DESPONTA UMA VERDADE INAUDITA POR SABERMOS QUE NÃO É DE NENHUM FAVORECIMENTO AFORA UMA DOSE DE SOFRIMENTO VIRADO LUZ.

O MODO DE SE OPERAR UMA ESTRELA É COMO CALCIFICAR O OSSO TOMANDO MAIS LEITE...

A UVA E O SENHOR DO VINHO

Rede que não pesca a uva do trigal
Em entremeios que a ferrugem não ataque,
Pois aos olhos das sementes aflora uma primavera
Previsível no que há do senhor da uva.

Pois que o calor do inverno não apaga a letra
Nem o significado do que vem antes, posto a voz
Ser mais forte do que um ano que não se passa.

Da vindima se colhe outra semântica da alma,
Ao que verse um outro termo assaz proficiente
Em uma outra ilha que é de todo o continente!

Do nada há que se tirar a dúvida assoberbada
Da intransigência do que não é ao futuro do não será,
Já que ao mesmo existencialismo regresso
Estacionaram suas jugulares ávidas nos seios das doutrinas.

A regra é a regra, anteparo da Lei, algo de propor,
De um imenso projetar, em que transpor um rio
Devia vir na primeira página de um holocausto ferido
Por outro que insistem ser, mas é o oposto: passado!

O leitor que sabe que as palavras saem duramente,
A sabermos que a civilização possui sua ordem
Bem na altura em que estiveram as inocentes,
Pois quem resolveu com as guerras no contemporâneo
De um hoje recalcitrado pelos ventos do niño
Saibam que o mesmo niño cresce a cada manhã
A prerrogar que o que nunca fora dito
Não pode ser loucura nem ao menos literatura,
Posto vir de uma grande fibra não ótica, em que a rede
Se evanesce nas forças do tempo consentirem a lucidez!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

HAI CAOS (DE UNA SEMANTIC)

Trote de Totó amansa a bosta do cão
Do jardim adotado pelo estabelecer
De um metro de grama cercado
Quando de uma planta que ignora a solidão...

Chove a zurrapa da cana doce
Quando de aguardente inflama
Na garganta de qualquer que passe
Na grama por fora das cercas.

Um barco parte na ante sala do pontal
A ver que as pedras tiram retratos;
Na rede enevoada na popa
Carrega-se um balde para o peixe.

Hemingway toma o seu gim com tônica
E há piche calafetado nas quilhas
E outros barcos abraçados
Em que a nau não trafegue por lado de cá!

A luz vem no princípio do dia,
E a parte que se diz da louca literatura
Não é de se resistir na moda feminina
Quando se sabe que o homem não sofre...

De não sofrer-se parte a canoa
Da arte em outro balde – na proa –
Que respira outras redes quais não sejam
Aquelas que o pescador tirou debaixo da pedra.

terça-feira, 24 de maio de 2016

SE PASSA QUE AO HORÁRIO DO ÚLTIMO POST DO DIA, HÁ QUE SE SABER QUE PARA ALGUNS O DIA TERMINA COMO UMA LUTA EM QUE OS GUERREIROS ENCONTRAM SEMPRE O LUGAR PARA DESCANSAR. THE TIME, PLEASE!

POESIA DOS VERSOS DE CRISTAL

Ao ódio não aplacado de uma turba sedimentada no fracasso
Saibamos que o lote da ignorância passa na crítica ausente
Qual não seja a ofensa como modal de palavras sem estudo...

Na onda tênue de uma solenidade de cristal esquecemos
O cartel que não navega que não seja o nada de não estarmos!

No capitel de nossas colunas não encontremos mais o que não seja
Ao menos que seja algo de cultural que não se pronuncia...

Ao que nos diríamos quiçá: seja chegado o momento mais sóbrio
Em que não encontramos a razão qual não fora um propósito, apenas...

Que o sentimento só recrudesce em um monstro que nos abraça
Dentro de um orçamento espúrio de seu gesto em que o próprio rosto,
Que não viria de uma incerteza, mas da neblina que se ataca em mim.

O que se vira é algo como quase no que se verte do animal,
Quando nos sentimos gente que não abraçamos sequer quem porventura
Saberíamos ser algo aproximado quem sabe de alguém, o seja um real.

Assim seria muito a esclarecer que um homem possa estar em equívoco,
Mas que não supõe projetos quais não sejam aqueles de proposta ímpar
Em evanescer o preconceito sobre o laurel transudado da covardia.

Por isso encontramos a traição versada hoje como moeda de troca,
Em que vale alguém vivo a mais, que seja, mais uma mercancia.

Ainda que se valha uma questão do desencontro em circunstância tal,
O encontro não passará a ser algo a mais do que um gesto hipócrita
Em que engolimos por vezes sem regurgitar a espinha de um peixe.

Nessa mesma onda em que encontramos algo a valer de ser mais alguém,
Sabemos que o olhar daquele que trai reverbera a luz de uma fronte
Em que a ignorância do monólito satisfaz-se com sua fotossíntese.

A saber, que não sabemos mais tanto de uma vespa inquieta que nos voa
A alicerçar de rugas efemeramente preocupadas, quando em redondilhas
Nos cruza o processo de não sabermos mais onde a encontrar...

DESTA VEZ A AURORA PROMETE SER LINDA EM LUGARES NUNCA IMAGINADOS EM NOSSO PLANETA, A COMEÇAR DA JANELA DE UM QUARTO DE UM ANACORETA.

RADHA E KRSNA QUE ME ACOMPANHEM EM MINHA VEREDA, POIS ENCAMINHO TODAS AS SORTES DO MAR NO OLHAR QUE VERTO EM SUAS PROFUNDEZAS.

PENSAR QUE O MUNDO NÃO FAZ SENTIDO É COMO ENCONTRA-SE COM UMA PEDRA NA RUA, LEVANTÁ-LA E ACHAR QUE NÃO PESOU NADA E NEM SE SENTIU A SUA DUREZA.

PARA CERTOS HOMENS MEIO ESQUISITOS E RAROS, O SORRISO DE UMA MULHER ENCANTA, MAS A SOLIDÃO COMUNGADA COM SEU LAR PODE SER UM REFÚGIO A QUE AQUELE NÃO ABRA MÃO TÃO FACILMENTE.

PENSAR NÃO É OBSESSÃO, PENSAR É UMA MANIFESTAÇÃO, A FILOSOFIA RESIDE POR VEZES NO PAINEL POÉTICO DE UM HOMEM, E QUE ESTE SE VALE DELA PARA CONTINUAR EXISTINDO É UM MODO DE LUTAR PELA LEGALIDADE NO MUNDO.

SERÁ QUE LEVARAM A TERMO A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO EM NOSSAS AMÉRICAS, OU APENAS CONSPIROU-SE COM AS REDONDILHAS DE ANTIGOS REPERTÓRIOS COM ROUPAGENS DE ARQUÉTIPOS MAIS ATUAIS?

TODA A CONSTRUÇÃO HUMANA PODE TER SIDO FRUTO DA LEITURA DE UM ANALFABETO. MAS UM ALFA NÃO QUER SER BETA.

NÃO QUE SE UNISSE O GÊNERO TOMADA E PLUGUE, MAS QUE DO OBJETO GÊNERO SURGISSE NO ENTREMENTES AO MENOS A LITERATURA COM O GÊNERO PARTICULAR.

A ILUSÃO DO GÊNERO GERA OS GÊNEROS, E OS GÊNEROS QUE FRACASSARAM NÃO ACEITAM OS GÊNEROS QUE OS SUBLIMARAM.

NO DIA DO ABRAÇO DEI UM BEIJO SILENCIOSO NO CIGARRO E ME ENCAMINHEI EM DIREÇÃO À AMADA QUE NÃO SE ENCONTRAVA NEM AO MENOS EM TODOS OS BAIRROS QUE JAMAIS CONHECERA.

A SE DIZER DAS NOVE SENHORAS QUE NÃO POSSUEM MARCADA A HORA, QUE O TEMPO URGE EM QUE NOS ENCONTREMOS NA CAMINHADA DE UM PRESENTE VETERANO A QUE A ELAS JÁ MARCOU FUTURO!

AFIRMAR ÁFRICA NÃO É CASUISMO, NEM CAPITULAÇÃO TEXTUAL, APENAS DIZER AOS QUE RETÉM AS RIQUEZAS DO MUNDO QUE DOA EM SEUS CORAÇÕES DE PEDRA QUANDO SAIBAM DE UM MENINO POBRE NA SAVANA.

COMEÇA A GRANDE MARCHA DA RESISTÊNCIA NO MUNDO LATINOAMERICANO, COMO EM UMA GUERRA EM QUE OS PARES SE COLOCAM NO TABULEIRO, E OS BOMBARDEIOS DE INFORMAÇÕES CAEM VERTICALMENTE NA ACEPÇÃO CRUA DE UMA CHUVA INGLÓRIA.

TUDO O QUE SE DIZ NÃO É, O QUE TENTAM DIZER JÁ FOI, E O QUE NÃO SE PODE DIZER NÃO EXISTE, POIS QUE O DIGAM OS DE ALMA VALENTE!

A VERDADE INCOMODA COMO NA CALVA DE UM PRÓCER UNIVERSAL, OU NOS PENTELHOS QUE ESQUECEU DE RASPAR...

JETHRO JÁ DIZIA: AQUALUNG, MY FRIENDS... !!!

A CAPITULAÇÃO DE UMA LETRA PODE SER EM CORPO MAIOR, DE UMA LINDA FONTE, COM SERIFAS, ENCABEÇANDO UMA CARTOLA, DENTRO DE UMA BOA MATÉRIA... SE HOUVESSE A BELEZA DA DIAGRAMAÇÃO.

NÃO HÁ MUITO DE SE PENSAR EM CAPITAL, POIS A PENA MÁXIMA VERSA COM ESSA PALAVRA.

A VERSÃO MAIS COERENTE DE UM PENSAMENTO É APENAS AQUELA EM QUE PENSAMOS ENQUANTO INSPIRAMOS E EXPIRAMOS...

A VIDA NÃO SE RESUME EM FAMA, POIS A INFÂMIA É SUA PRIMA E BATE EM NOSSA PORTA POR VEZES SEM SABERMOS O SIGNIFICADO DE SUA PRESENÇA.

MINHA CARA, NÃO É DE MENTIRAS QUE FAZEMOS O MUNDO, POIS O MUNDO DOS HOMENS SE FEZ DO MUITO MENTIROSO PARA QUE A VERDADE FLORESCESSE.

A AUTO AJUDA PRECISA DE UMA FORÇA DE GIBRAN, DE ALGUMA OUTRA LITERATURA OU QUE REFLITAMOS APENAS QUE SE UMA MESA É FARTA NO MUNDO DE HOJE SAIBAMOS QUE MUITOS POSSUEM SEM SABER QUE TÊM.

SABERMOS DE GAIA, DA MÃE TERRA, DE ALGO QUE NOS FAÇA FELIZ ENQUANTO SERENOS E TÁCITOS EM NOSSAS VIDAS NOS DARÁ A CALMA DE UMA ESPERANÇA QUE EXISTE POR DIAS MELHORES...

ESTAMOS EM UMA RAZÃO SOLENE AO ACREDITARMOS QUE UMA ÁRVORE OU ALGUMAS MAIS SOBREVIVAM ÀS VIOLÊNCIAS DA PRÓPRIA NATUREZA.

FLORA: O NOME DE UMA MULHER TÃO LINDA... FAUNA: QUE OS HOMENS SE ACERTEM EM ACORDOS, SERIA BOM!

FICÇÃO E REALIDADE II

            Ao se conhecer os aspectos de uma aldeia, como disse Cervantes, podemos nos tornais universais em apreensão do que seja. Quando nos dispomos a verificar fatos em progresso saibamos que nada nos impede que tracemos a interpretação e crítica da vanguarda dos pensamentos e tecnologias atuais, incluindo toda uma cinematografia e a televisão como aspecto divisório entre realidade e ficção, mesmo em nosso espaço de entorno, como um bairro, uma rua, uma casa, um quarto. Em um aspecto fundamental ao extremo são os canais que noticiam principalmente na amplitude de alcance de redes abertas, as questões relativas ao que se apresenta na sociedade, em por vezes os filmes ou novelas. Parece que querem contar uma história imersa na forja de suas ficções e edições... Isso seria dizer algo já dito, já pronunciado, obviamente nunca dentro desses canais, que jamais realizam um debate com o povo que pensam estar manipulando, como dois mais dois são quatro, mas que se enganam, pois dois mais dois podem ser muito mais. A exatidão de suas circunscrições não pode ser medida com números ou gráficos, com mapeamentos, nem quaisquer termômetros que porventura possam medir a temperatura do que ocorre em uma nação que tenha visto a face da sua própria soberania, ou experimentado as conquistas que versam sobre a situação de populações inteiras. Poderíamos estar ausentes do surgimento das novas tecnologias, mas as pessoas que porventura não se integram totalmente a esse modo de existir sabem gerir outras horas em que paradoxalmente possam estar mais ágeis do que a mesma eletrônica de pratos feitos, do hambúrguer do Mc Donald. Nada nos impede de que almocemos nesses estabelecimentos fast food, mas incluirmos como painel de consumo rápido os mesmos androids e sistemas similares, como algo que nos gere a ilusória tranquilidade de estarmos inseridos não deixa de ser ela mesma: um aspecto de farsa, pois não há o neologismo clássico ainda de homo eletronicus... Aprioristicamente, passa a filosofia a transigir com uma superfície tão complexa em número quanto simples nos displays, a contar matricialmente em alguns ou uma dezena, em seu cerne mais absoluto, na questão informática. O restante é integração tecnológica, materiais muito caros, veículos inteligentes, prédios inteligentes e agentes do processo: a serviço ou não. Agentes ou não; farsa, realidade, objetos.
            Pensar alterno chega a ser pensar de modo padrão, alternativa nula enquanto regresso do nada, posto alguém demonstrar comportamentos que fujam abertamente do behaviorismo cabal passa em alguma circunstância, principalmente aos portadores de enfermidade psíquica, um motivo de redução da sua circunscrição existencial. O caudal dessas populações vulneráveis pode ser reafirmado existencialmente com uma revisão necessária ao processo em que a química atua simplesmente, desmistificando o tabu de como funciona a inserção na sociedade, a liberdade, o preconceito altamente recorrente e o espaço tão pungentemente necessário para que se recupere na medida de uma possibilidade de diálogo entre o médico, as instituições e o paciente fora dos manicômios. Essa deve ser uma prerrogativa civilizada que atenda por uma medicina mais generosa e solidária no trato com os problemas dessas enfermidades, quando aquela se torna mais restritiva com relação à urgência ou não de intervenções medicamentosas. Cita-se o parágrafo com muita atenção nessa temática, pois a indústria da ilusão nos tempos contemporâneos ou modernos dessa nossa era utiliza suas imensas e complexas ferramentas para recriar a própria realidade, dando vazão a que tenhamos até mesmo laços de afeto humano por objetos abstratos, mecânicos e eletrônicos. Torna-se o apego a não sermos mais independentes, alienando grande massa de gente que não possui esteios psíquicos para lidar com essa realidade, onde torna a ingerência das origens genéticas do problema apenas uma ponta de um iceberg de toda uma construção de sociedade baseada em silogismos desconstruídos, pois a quebra da lógica mais básica e necessária à compreensão do que é abre espaço para a dissociação mental, visto não encontrarmos por vezes a mesma referência da sociedade quando somos excluídos desta, pela questão do estigma imputado a um ser em um tipo de apartheid cruento que fere diametralmente o respeito aos direitos humanos. Que se trave circunstâncias que por vezes aparentam conciliação, mas embutem uma hipócrita ação que não atende o pressuposto da compreensão de alguns lares, em que o doente passa a ser “o outro”, segregado na incompatibilização de viver socialmente pelos grilhões existenciais que lhe impõe seu entorno. Talvez seja uma crítica mordaz no sentido de supormos que a intolerância, seja racial ou quaisquer venha a ser combatida com a mesma intolerância, e o fato veraz é que uma se torna demonizada pelos que iniciam as contendas, e os que reagem por vezes de modo civilizado, se considera sejam apenas peças fracassadas de uma resistência ao status quo. Por isso é mais fácil dar um acesso restrito a qualquer manifestação da verdade, impondo a mentira social como ficção ou pano de fundo de caráter entreguista. Isso infelizmente é fato. Consequentemente, verdadeiro.

sábado, 21 de maio de 2016

TUDO, MAS TUDO MESMO, JÁ ESTAVA ESCRITO, COMO AS PÉROLAS ENSARTADAS EM UM CORDÃO, ESTE QUE JAMAIS SE ROMPE, NEM COM A DISSOLUÇÃO.

ADAM SMITH CHEGA A SER QUASE PROFÉTICO, MAS FOI ECLIPSADO EM SUAS DOUTRINAS JÁ NO SEU SÉCULO MESMO...

MUITOS DISSERAM DA VERDADE: ENTRE ELES MARX, LÊNIN E TRÓTSKY.

SE PASSA NO PAÍS QUE ALGUNS PÁSSAROS CEDERAM A CUMEEIRA PARA CORVOS INTERINOS QUE QUEREM DESFRUTAR DESSA EFÊMERA POSIÇÃO: VIRÃO OUTROS, E ELES MIGRARÃO PARA OUTROS LUGARES...

HÁ OS QUE GOVERNAM PARA SI MESMOS, OUTROS HÁ QUE OLHAM MAIS PARA O POVO: ESTES SÃO MELHORES, AQUELES SÃO PIORES. UM GOLPE NUNCA SERÁ POPULAR!!

UM HOMEM RESOLVE: SE SUA PENA EXISTE, ELE A USA PARA ESCREVER!!!

QUEM AMA A VERDADE NÃO PASSA A SER INFAME, POIS APENAS CITÁ-LA JÁ É SUA PRÁTICA.

O SERVIÇO DEVOCIONAL INDIVISO É A ÚNICA CERTEZA CORRETA DE UM VERDADEIRO RELIGIOSO. COM TOLERÂNCIA E PAZ ENTRE AS FRONTEIRAS DE SEUS IRMÃOS,

SERIA PEDIR MUITO ÀS TVS FECHADAS QUE PUDÉSSEMOS NO BRASIL VERMOS UM POUCO MAIS DE FILMES DE ARTE E MENOS DE VAMPIROS OU COISAS PARECIDAS? UM POUCO DE EUROPA TAMBÉM É BOM.

A PROPRIEDADE DE UMA TERRA É UMA CONVENÇÃO HUMANA, POIS A SANGRAM CRENDO QUE POSSUEM PLENO DIREITO PARA ISSO.

A VERDADE NÃO É SABER QUEM MANDA NO PAÍS, POIS AS FLORESTAS NÃO TEM DONO E NEM HÁ PROPRIEDADE DEPOIS DO CRIADOR...

REPITO, ABRIREM OS BRAÇOS COMO GESTO SIMBÓLICO DE REPRESENTAÇÃO DA MORTE DO MESSIAS É UMA OFENSA ASSAZ CRIATIVA EM SUA BRUTALIDADE.

POIS SIM, OS PEIXES, O MAR E O PESCADOR: ESSA TRÍADE MARAVILHOSA QUE ENCANTOU O CRISTO...

QUE KRSNA ME ACOMPANHE SEMPRE COMO NO VOO DE UM PÁSSARO NO CÉU, POIS SÃO TANTOS QUE OS SATÉLITES NÃO REGISTRAM, OU NO CAMINHAR TOSCO DE UMA FORMIGA, QUE AS LENTES NÃO ENCONTRAM SOB UMA PEQUENA GRAMA, EM SUAS HASTES SECRETAS!

A PROPÓSITO, NEM TODOS OS LOUCOS EM TRATAMENTO SÃO IMPOTENTES, NÃO SÓ SEXUAL COMO INTELECTUALMENTE.

GAUGHIN ERA MAIS LOUCO DO QUE VAN GOGH, POR TER TRANSADO SEM "CAMISINHA" COM UMA TAITIANA MARAVILHOSA...

A TÍTULO DE QUEM GOSTA DE UM LOUCO, VAI A RESPOSTA DE UM QUE NÃO SE GOSTA POR SE ACHAR MUITO NORMAL ÀS VEZES, E ISSO INCOMODA OS QUE O QUEREM FRACO.

POR ISSO O PERDÃO SER UMA COISA A QUE REFLITAMOS, POIS SE É PARA DESTRUIR O MUNDO INTEIRO - INCLUSIVE NA REJEIÇÃO DE CRISTO - CREIO QUE DEVEMOS ELUCIDAR A VERDADE COM A LUZ DE NOSSAS LUTAS.

AS OFENSAS NA ERA CONTEMPORÂNEA POSSUEM FERRAMENTAS MAIS COMPLEXAS, SOFISTICADAS E COMPETENTES PARA TAL.

HÁ HOMENS QUE IMITAM O GESTO DE JESUS NA CRUZ PARA REJEITAR O MESSIAS QUE VEIO INDISCUTIVELMENTE A SALVAR ATÉ SEUS ESPÍRITOS OBSCUROS.

A BRUXA SÁBIA SE ALIA AO ESPÍRITO SANTO, POIS SABE VERDADEIRAMENTE O REAL SENTIDO DE SEUS FAVORES, POIS SEU CALOR É DE BONDADE.

O CORCEL ANDALUZ MANDA QUE RETIREMOS DE NOSSAS CABEÇAS DURAS A DIVISÃO ENTRE O QUE DESEJAMOS E O QUE ACHAMOS ODIAR...

RESTA AO CONHECIMENTO O DIÁLOGO DE SE CONHECER SEMPRE E RESTA À IGNORÂNCIA A ESPERANÇA DE ALGUMA LUZ, MESMO QUE EFÊMERA...

A TITULARIDADE DA tip - TEORIA DA INFORMAÇÃO E PERCEPÇÃO FOI ABOLIDA DO ENSINO UNIVERSITÁRIO E SUBSTITUÍDA PELA ti.

UM POLÍGONO DE CINCO LADOS - NGON - É A DESCONSTRUÇÃO DE UM DE QUATRO MAIS UM DE TRÊS: ANEXOS.

SE NÃO HÁ ESPAÇO EM NOSSAS CASAS, VAMOS ÀS RUAS PARA PROCURAR OS VENTOS E ENTRAR O OXIGÊNIO DA MÃE TERRA POR NOSSAS PORTAS...

OS LOUCOS NÃO PODEM EXISTIR SEM A MÁCULA IMPOSTA DOS ARREIOS, POIS UM LOUCO QUE PENSA LUCIDAMENTE PODE SER CONDENADO À UMA PRISÃO QUÍMICA MAIS RIGOROSA, POR ISSO CONTINUAM A SER O GRUPO MAIS EXCLUÍDO E ESTIGMATIZADO NO MUNDO.

O CHAUVINISMO CONTEMPORÂNEO TENTA DE TODOS OS MODOS FAZER COM QUE A MULHER RETROCEDA EM SEUS ASPECTOS LIBERTÁRIOS ETERNOS, CONQUISTADOS COMO TODA A LIBERDADE: SEMPRE!

NEM TODOS OS HOMENS ESTÃO PREPARADOS PARA ESTAREM COM AS MULHERES CONTEMPORÂNEAS, QUE PODE SER UMA CAUSA AINDA NÃO AMADURECIDA DA SOLIDÃO ENTRE OS GÊNEROS.

HÁ PENAS QUE NÃO SE CALAM, HÁ VOZES QUE NÃO SE ESCUTAM, MAS A VERDADE É A ÚNICA FONTE DAQUELES QUE POR VENTURA TIVERAM A GRANDE OPORTUNIDADE DE CONHECÊ-LA!

SE HÁ REGRA MORAL ESTABELECIDA, SAIBAMOS QUE O QUE OCORRE HOJE SOBRE A CONCENTRAÇÃO DAS RIQUEZAS NO MUNDO PASSA NO VIÉS DE QUALQUER CRITÉRIO ÉTICO, MORAL E HUMANO.

A SABER QUE NOS TEMPOS ATUAIS OS CONSERVADORES INFELIZMENTE APOSTAM NO REGRESSO DO HUMANISMO NAS RELAÇÕES ENTRE OS POVOS, RELEGANDO-AS EM SIMPLES TROCAS DE FAVORES QUE CHEIRA AO ILÍCITO CONSENTIDO.

QUANDO UM GOVERNO IMPOPULAR CHEGA AO PODER INFELIZMENTE MOSTRA-SE MAIS IMPOPULAR DO QUE ANTES, POIS O PODER O TRANSFORMA NO SI MESMO DE SUA PRETENSA RAZÃO DE SER.

O GOVERNO IMPOPULAR É AQUELE QUE SE MOSTRA IMPOPULAR MESMO ANTES DE CHEGAR AO PODER.

NADA HÁ QUE DIZER DA NÃO CULTURA IMPOSTA, POIS ISSO FAZ CRESCER A CULTURA QUE RESISTE COMO AS RAÍZES QUE NÃO CONSEGUEM ARRANCAR DA TERRA!

O ÓRGÃO DE UM CORPO RESSENTE-SE DE SUA ANÁLISE FRAGMENTÁRIA, POSTO O MESMO SANGUE MOVER-SE POR TODOS...

A NATUREZA VIVE EM CONFORMIDADE DAQUELES QUE POSSUEM A VISÃO MARAVILHOSA DE REALMENTE COMPREENDÊ-LA EM SEUS OLHOS, NÃO DOS NOSSOS QUE PERDURAM EM NÃO QUERER VÊ-LA COMO É.

UM ACÚMULO DE RESTOS DE VEGETAÇÃO DEVASTADA RESTA NO PRÓPRIO ADUBAR QUE NÃO COMPREENDEMOS O ATO.

MANDA-SE A REGRA QUE UM ESTADO QUE DIGNIFIQUE O CAPITAL NÃO ESTEJA SUGERINDO QUE ESTE CAPITAL SEJA DO NADA, OU DE UMA FALÁCIA DIVINA.

NÃO É ATRAVÉS DA TRUCULÊNCIA E DA COVARDIA QUE UM SER HUMANO ENSINA A OUTRO SE ESTÁ CERTO SOBRE QUAISQUER QUESTÕES.

A SE DIGNAR A CARACTERÍSTICA DO BEM ERRADICA-SE AS TIPICIDADES DO MAL.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

ARTE AUTORIA E ARTE DESAVENÇA

            A verdade é que sempre se apresenta, igualmente no fazer artístico. Supomos, por conclusão ser esta a nossa vereda: uma expressão, não importando a técnica nem o suporte, mas sim a união em que tecemos desde uma pintura, aos livros, ao processo autoditata artesanal, à exemplificação de uma feitura mais dentro de um padrão tecnologicamente desenvolvido, e tal. Pois que enriqueçamos o fazer, a prática artística, e não o façamos com o cunho de arte desavença, pois esse conceito de neologismo integrado não existe, pois não há vertentes que o una a quaisquer manifestações do espírito humano... O comércio relativo a se pretender quando da autoria de um é o coletivo de muitos quando fruem dos mesmos canais que hoje dispomos, quais sejam, mesmo na representação simbólica de que não possuímos os meios para tal, mas isso não é fato, pois a autoria da arte remonta tantos quantos somos os habitantes, nesse tempo nosso, no mundo, na Terra. O que se afirma da arte desavença é o espírito de nos mantermos ocupados fora da produção de nossa mesma arte, pois a dita prática nos eleva enquanto fabris da construção ou releitura de nossos mais íntimos aspectos culturais, sem precisarmos da fama, pois que a infâmia peça passagem como termômetro de por vezes estarmos em uma outra História das Artes.
            Um homem não dissocia sua razão quando conhece junto às suas técnicas fabris, o conhecimento que engloba mais do que um aspecto existencial, quanto da geometria ou matemática, por exemplo, pois muitas das equações artísticas no respiro da vanguarda pós Idade Média vinha do conhecimento, melhor dizendo como exemplo, da proporção áurea, e igualmente do conhecimento alquímico como transmutação das bases de pintura em madeira ou tela. Uma experiência ímpar é o estudo das leis construtivas que rezam a geometria, os mesmos polígonos que constroem, os vértices como entidades de ponta, e as arestas que unem os mesmos polígonos. Tal é a modelagem fabril de estarmos dialogando constantemente com a máquina, em que esta mostra que podemos estar em uma plataforma intensamente tecnológica e ao mesmo tempo compartilhando um texto elucidativo de como pensarmos melhor a nossa prática expressiva, suas limitações, suas coordenadas, seus comandos computacionais e a lógica irrefutável que verte no espaço tridimensional a ciência, não propriamente o consumo que passa a não ser tão necessário. Este verte sobre um panorama de luzes antigos materiais e mescla a tecnologia ao gesto-osso do pincel, como caligrafia inequívoca que possa ser experimentada na aproximação dos idiomas anglos e latinos com os países asiáticos do leste do planeta. Quanto à prática engajada da arte, lembremo-nos que o Ocidente trás em si um panorama saudável de referências a que nos lembremos da importância de mantermos nossos arcabouços artísticos e culturais, sendo a agregação do sentimento artístico algo que ultrapasse fronteiras, culturas, ou mesmo esteios de ordem anímica ou mística, pois a história mostra que por vezes a religião se vincula de maneira extraordinária com a arte.
            A arte utilitária também faz parte de nossa civilização, revelada sobretudo nas cerâmicas de todos os povos em sua história. De uma primitiva urna crematória às porcelanas de cunho aristocrático, revela-se a cultura de um povo, seu desenvolvimento tecnológico e sua relação intrínseca com o sagrado e o material que o plasma, às decorações filigranadas, suas técnicas, as superfícies ao tato, as esculturas magníficas que vão da Mesopotâmia a Arp, em seu dadá que surpreendeu o mundo a rever todo o processo artístico, em novas formas. No que se dê vital importância no conhecimento das artes visuais igualmente a outras, posto que a própria filosofia pode ser um manancial de arte, enquanto palavra poética em suas ideias, expressão humana de um indivíduo no que se apreende que tenha um conhecimento de seu entorno material, ou mesmo psíquico, ou no aprender coletivo, compartilhando a outros solidariamente seus conhecimentos, o que raramente se vê hoje, enquanto vivemos em uma sociedade assaz competitiva, em todos os sentidos. O que compartilhamos por vezes tornam-se detalhes solitários de um celular, pois nossos segredos mais íntimos não podem ser expostos nessa imensa vitrine de três polegadas de liberdade de expressão. O tempo vai se escoando, e toda essa escalada da tecnologia relegada ao hedonismo nos transforma ou em passivos cúmplices de um sistema andrógino em expansão ou agentes ativos e motivadores dessa farsa, a serviço de toda uma indústria que nos torna obsoletos enquanto seres sem ética e humanismo. Todo o tempo livre torna-se um onanismo simbólico onde nos desfazemos enquanto seres pensantes, ou agentes revolucionários que possam realmente mudar a face de nossas sociedades, que se enclausuram em seu próprio display, ou ilusoriamente creem participativos quando vinculados aos píncaros da tecnocracia eletrônica.
            Há gente treinada “exemplarmente” para acabar com as vontades do povo – considerando esse povo a grande massa trabalhadora mais carente – através de seus artifícios e relação imposta pelas matrizes tecnológicas, ou os países que detém o poder com suas centrais que abastecem de informações estratégicas de outros satélites o que desejam obter para o saque sem conta das riquezas naturais que por seu próprio processo pertencem às nações de suas origens. Obviamente, contam com isso com a conivência quase grotesca de seus sequazes dos países a que fazem parte. Francamente, a necessidade de uma arte engajada não é arte da desavença, mas da defesa de expressão de toda uma massa de artistas e intelectuais patriotas que tem por missão revelar e dar luzes que sejam mais consistentes do que atuar apenas nos canais como o Google, que tornam a empatia reversa.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

O NACIONALISMO “IMPERIALISTA”

            Confundir a derrocada de algum poder, o “êxito” de uma paradoxal e regressa história de uma nação é no mínimo querer defender através de pretensas alianças com países ou agrupamentos mais fortes a ingerência da brutalidade desconforme e rançosa quando cheira a uma naftalina de falsos quartéis imaginários, de uma geração que não se conforma em não possuir o conhecimento cabal do que não seja apenas o verborrágico apanágio das fofocas e intrigas. Se há gerações mais veteranas na pátria, formada por brasileiros que saibam usar sua massa cinzenta, que sejam mais informados com relação às tecnologias atuais, que conheçam algo a mais do que uma arte forjada a outros interesses quais não sejam a retrocessos históricos de imitação, e quando possuem o interesse de melhorar socialmente o país, essa gente merece estar em posições mais bem cuidadas, pois merecem uma atenção e respeito de quaisquer poderes. Mas, se outras usam de seu poder, imerso muitas vezes na profunda ignorância do obscurantismo político, para extrair do seu povo a soberania de seu país, estes merecerão no mínimo que o mesmo povo que os elegeu mude o seu critério de escolha, pois os ditos – ainda que cidadãos – imergem na conspiração constipada de seu próprio caráter que na verdade nunca sairá do chão, pois o voo é para almas mais desenvolvidas nos quesitos do humanismo e da ética. Pelo menos, em se ensejar que se apresentem nas ruas ou nos lugares que se dizem coadjuvantes de seu próprio fascismo, pedimos que mostrem retirem seus óculos negros para que vejamos seus olhos e constatemos suas almas caídas que são... Não é possível que em, virtude de um novo governo federal com a pretensa legitimidade que todos sabem no íntimo que não possui, venha a querer algo mais do que conter o andamento e o trabalho glorioso de muitos cidadãos do Brasil. Há que saber, caros homens anciães de través de tração em uma roda, que não lhes será dado aos seus grupos escusos mais poder do que possuem em recriar certas fundações que aos olhos da sociedade todos sabem ao que pretendem, bastando escutar suas vozes e ensaios da orquestra libertina que emana da sua intenção maldosa. Basta de primeiros parágrafos...
            Assim em que um parágrafo deixemos para trás, pois falaríamos melhor sobre a melhoria da saúde, por exemplo, de uma educação esmerada e de uma cultura em que os mais conservadores como esses cidadão com odor a formol pressentem ser melhor do que afirmam ser um antro marxista pensarmos em teatro, filosofia, cinema, artes e outras razões que impulsionam a identidade mais verdadeira de qualquer povo, qualquer nação, seja indígena, aborígene, civilizada, mesclada, etc, em qualquer nação do mundo, seja congolesa, finlandesa ou quaisquer. Obviamente, a certos grupos midiáticos só interessaria ter apenas a própria opção de seu conteúdo na indústria cultural imensa em que se tornam, mas que tornar um país obra de uma opressão de apenas um lado, por civis que se imiscuem em agências tais que tentam mais poder, unidos a um poder fraudulentamente investido, é a intenção altamente sugestiva que querem derrubar todas as resistências que fazem de um patriotismo algo muito distinto do que esse pretenso nacionalismo de fachada, que vende, que retrai, que confirma estranhos paradoxos desumanos... A situação se torna mais hostil, o conservadorismo de gênero se sedimenta, os movimentos raciais se tornam sem o incremento federal, os quilombolas são ignorados, os trabalhadores são pressionados, prepara-se o terreno para vender as nossas estatais, e não seremos nós apenas que devemos estar atentos para o que acontece, pois nas ruas a hostilidade avança a todos os que lutam para melhorar o estado do que ocorre no Brasil. Roubam da saúde, da educação, retornam  a antigas leis de livre comércio. Uma voz não se cala, outras vozes não se calam, muitas não se calarão, pois são o manifesto que traduz a própria sobrevivência intelectual de algo que querem tapar com o bloqueio da não expressão. No Governo do PT havia liberdade de expressão, os mais pobres se mesclavam abertamente no seio social, o diálogo sempre foi estimulado e fomentado como força motriz de um debate com relação a nossos problemas, não havia esse espírito de vingança anódina de fantoches que sobem às plataformas e avançam sobre os mais vulneráveis, fatos corroborados pela história dessa era ainda vigente, mesmo corroborando um outro fato concreto de que o Congresso Nacional – de maioria retrógrada – engessou todas as iniciativas populares do exercício do Poder Executivo.
Creio que talvez ainda não estejam tão satisfeitos aqueles que foram às ruas para pedir o impeachment de nossa Presidenta. Perguntam-se agora: como aceitar essa situação? Como aceitarmos (aqueles que pensam), que a televisão abraçou essa missão nefasta do golpe? Simplesmente é um governo interino, que em nada merece ser mais do que um interino que não aceitamos. À força não nos podem fazer aceitá-lo pois, afora tudo, toda essa trama se traduziu em uma grande traição à Pátria Brasileira, e não somos obrigados a aceitar esse tipo de nacionalismo entreguista, pois nenhuma dessas duas palavras podem ser usadas unidas por essa simples sintaxe adjetivada. Emergir desse caos pode ser tarefa inglória para aqueles que se pretendem renovadores nacionais, remontando a aliança que fez com que alguns Estados em época passada não estivessem tão de acordo com os movimentos progressistas que pediam passagem como propostas históricas de independência e desenvolvimento. Os países de matrizes de capital mudam de nome, hoje gestam suas informações, como antes possuímos a informação como sempre em moeda de troca. Esse trocar-se as figurinhas virou uma página quase cansativa, pela emergente face de nossos tempos modernos, em que um mapa se torna apenas a visão de um celular, como display que pode interceptar a vida de uma família vulnerável, pode denegrir, estimular a micro célula com a adiposidade mínima de um chip em uma informação totalmente completa no meio em que se inserem: a mídia que se diz independente. Certamente, os criadores do “vem pra rua” orientaram bem as bandeiras flamejantes desses pequenos quadradinhos do mundo virtual e o self do “vem pra rua” dos que foram mostrou aos jovens que estes estavam fazendo uma coisa muito “importante” neste país: forjando um golpe a si não escutado, pois foram os velhos que emergiram das criptas do Congresso que fizeram a diferença dentro de suas invectivas de museus do nada. Há outro vem pra rua, ou os que foram já enriqueceram os criadores desse aplicativo, ou mensagem?
            A culpa, lembrem-se, agentes escusos do processo do protesto, é sua. Lembrem-se: as famílias que bateram as panelas, pois a culpa recai sobre todos vocês, pois, pelo visto, sabiam o que estavam fazendo e, quanto mais a situação piorar, quanto mais desequilíbrios sociais e culturais neste país, a tendência infelizmente é piorar em todas as frentes, inclusive na própria segurança. Jamais queiram a guerra, pois esta é um grande monstro que pisa forte sobre os homens, mulheres e crianças, e este país não quer a contenda, nem o crime, nem a agressão, nem o desrespeito e principalmente o preconceito que engloba todas as origens das mazelas humanas. Não queiram a segregação, não queiram achar que por serem brancos são superiores, não queiram crer que uma religião é superior à outra, e nem queiram saber que o verdadeiro orçamento possa ser roubado pela direita pois diziam que esta rouba mas faz, como diziam de Maluf, que anda solto pelo Congresso, enquanto alguns petistas pegaram mais de vinte anos de cárcere. Pode-se falar abertamente que tivemos uma das mulheres mais altivas, mais inteligentes, dignas e corajosas deste país como Presidenta: uma estadista que mostrou competência e capacidade de resistir à altura de qualquer dignitário de qualquer nação do planeta... Meus caros coxinhas, agora tentem fazer um curta metragem, mas peçam dinheiro para os papais, e não se esqueçam de fumar um baseado, que é só isso que sabem fazer. Mas ainda podem voltar atrás, em seus momentos de rara lucidez, para trazer uma Presidenta que nunca souberam valorizar de volta, apesar da perseguição diuturna e injusta feita contra o Partido dos Trabalhadores. Saibam antes de tudo que abrir as pernas para os ianques é como quando: eles viram as costas e dizem que transaram com uma chicana...

domingo, 15 de maio de 2016

DA IMPORTÂNCIA CRÍTICA DE FONTES

            A fonte pode ser uma água límpida, pode ser um caudal de números, um protocolo, um organograma ou cadastramento, uma miríade que vem a ser um nome em que, historicamente seria onde beberíamos da mesma água original. A questão que dá origem à economia decorre que houve fontes em demasia no processo de nossa civilização: agregadas, somadas, nunca excluídas, posto o imposto e seus aplicativos não excederem a lógica do mercado. Pois que esta lógica existe no contribuinte desde Roma, antes quem saberia que não fora a História, essa deusa importante. O factível, o estruturante fato é sabermos de um tronco onde a troca permanece a mesma, já que o neoliberalismo mudou apenas no ditongo, em toda a sua memória teórica de dois séculos. Ou um século e meio e mais uma década, da no mesmo. Com a diferença concreta de que antes era a mecânica, os teares, o vapor, as máquinas que desfizeram sobre humanamente o trabalho, deitaram por terra seus direitos e acumularam frentes de capitais gigantescos... Temos hoje, no entanto, a comunicação, mas o imput, entrada, está ganhando do output, saída. Nossa participação é nula se considerarmos os esqueletos do poder dessas novas tecnologias de informática como padrão diluídos, em todos os seus tentáculos, em que não podemos nos salvaguardar de estarmos fora das conexões impostas pouco a pouco no sistema em que vivemos, a saber que alguns tentam verticalmente a que tenhamos que aceitar um futuro porque quem tem condições tem esse poder futurístico à la Marinetti, ou coisa parecida. Tudo bem que aceitemos o código de barras, mas o trabalhador possui os seus direitos de portar seus documentos e não estar obrigatoriamente inserido no contexto internacional primeiro mundista de atrasos quando segrega continentes a essas imposições algo tecnológicas de fachada, de cosmética, posto mais do que tudo ilusão e aparência. Se ficarmos sem internet não conseguimos nos organizar, se não batemos selfies não existimos, se não vemos o perfil de uma/um possível amante não confiamos, se caímos na rede somos mais um apenas que não soube usar o celular ou o micro computador, notebook, ipad e o cacete!
            Um mundo se integra, mas separar o trabalho daqueles que nos fazem a obra, dos camponeses que nos mitigam a fome àqueles que estão conectados torna toda uma sociedade extremamente sectária, o que favorece como nunca a espoliação da força motriz do trabalho, expondo à insalubridade populações que não obedecem as regras que respeitem a exposição da radiação da tela, dos celulares, integrando problemas e atraindo uma fatia importante da inteligência das nações a obrigatoriedade da alienação e serviço unilateral sob o tacão de grandes corporações, onde a concentração de renda e a inteligência dos países ricos seja cada vez mais superlativada: exponencialmente. Temos a saída, o output, mas com ações efêmeras na superfície dos sistemas que nos olham com a tecnologia ímpar da curiosidade do poder de dominação. Nossas informações são negociadas, as máquinas não escondem e não possuem suas privacidades: de dentro somos observados e de fora vivemos um imenso teatro. O trabalho torna-se mero ensaio comportamental, os enfermos mentais não conseguem trabalho por referências óbvias, as raças viram tubos de ensaio de estímulos e respostas, a indústria química age com toda a sua vampiresca autonomia nos países de terceiro mundo, e a indústria cultural representada pela mass media reduz tudo a uma troca de poderes em que o capital vira outra moeda, e a informação vale mais do que o trabalho. Essa grande salada mista é simples, quando confrontada com a Natureza. Se Adam Smith falava dos dons naturais do consumo, da individualidade nascente, haja que se crer que hoje a confrontação com novos meios de trabalho reportam que a aproximação com a realidade das ruas emerge com a importância de se reviver ao menos a natureza humana: o imperativo do diálogo constante, a pausa na clássica luta de classes, a emergência cabal de lutarmos sim desde a constância de um companheiro, a dois, a três, a um sem número, ao gesto da profusão, do entendimento, da corrida à leitura sagrada, da compreensão da sociedade em seus modais históricos desde seus primórdios, da educação paralela, alternativa, com um grande portal de conhecimento que permeiem horizontalmente, desde o rico ao pobre, desde o negro ao japonês, desde à mulher e ao homem, do gay ao transexual, da compreensão dialética até mesmo das religiões e seus fundamentos, pois assim mudaremos o mundo. Aos que não possuem o parque, corramos a reivindicar, aos que sabem ipsis literis que deram o golpe, que convençam outros que o que vem é para piorar, pois o que está acontecendo é uma grande construção de um tipo de blindagem em que a provocação torna-se o grande mote e as razões da civilização estão passando ao largo da ganância e brutalidade genéricas que estão espalhadas tentacularmente sobre todos os continentes.
            Há um erro afirmar que muitos estão inseridos no sistema com total aprovação, pois não há homem nem mulher que viva feliz com a competição na altura em que está, a não ser em glebas, clãs, famílias que necessitam do afeto que depositem em seus membros. No entanto, sempre há casos de desajustes, de transtornos, de adição em álcool e drogas, no eterno sublimar-se, tanto na dormência de alguma substância ou no sexo como motivação única da existência, como se vê em grande parte da sociedade, em que não basta mais o ato, mas o tabu e o fetiche. Para se alimentar o desajuste social, a pretensa rebeldia, há um consumo demasiado de substâncias que passa a alimentar a criminalidade, onde muitos acreditam ser o melhor caminho, dando fé a que se colapse o sistema em torna-lo nos seus interstícios depositórios de máfias e problemas que afetem familiares, amigos, cidadãos. A sociedade torna-se violenta, pois violentar imensas populações através da concentração espúria de capital expõe a todos, sem exceção, ao que se veicula na grande mídia, aos filmes nefastos, à escola do crime. Talvez seja a fonte mais cabal que motive esses desajustes sociais tremendos, pois o que devemos considerar mais sagrado enquanto sociedade que navega por um mar nada manso são as opiniões sinceras daqueles que partem a tentar melhorar, a criticar com seus acréscimos de conduta de ideário saudável, à contraposição de mostrar a realidade como esta se apresenta, a aglutinar forças de união e solidariedade, a acrescentar conhecimento e às lutas saudáveis em que um cidadão pobre possa estar inserido em sua vereda de luz enquanto defensor de suas ideias, compartidas ou não. Essa atitude cidadã mostra que não chegaremos a lugar algum se por exemplo nossa cultura não for valorizada com todas as instituições que lhe são por direito inconteste, sedimentado por todos os países ditos mais desenvolvidos, como exemplo cabal de prestarmos conta ao que acontece de bom no andamento de uma nação maravilhosa como o Brasil. A cultura é nossa fonte, dela bebemos de uma boa edição, dela sabemos através de um documentário um pouco da arte ou da história, da gravação de uma peça musical valorizamos as joias de nossa arte e tantos pontos culturais não podem ser extintos através de medidas autoritárias de um Governo que passa a se dizer salvacionista...
            Temos em nossas mãos – na pátria brasileira – os meios para se produzir o petróleo. Se toda essa farsa que ocorreu no desmando sincronizado das instituições que feriram gravemente a nossa democracia intentou a privatização de nosso maior patrimônio estatal, saibam que todos os recursos que emanarem desse poder instituído fraudulentamente não poderão coexistir fora da esfera de seus repartes sinistros e escusos. Se temos tecnologia nacional para a extração em águas profundas, como já foi provado, não há porque abrir para o desastre catastrófico de uma Chevron, por exemplo: uma ridícula tentativa em um país que não merece o vazamento em uma prospecção fadada ao fracasso, como um espetáculo dantesco que atesta a preparação em que as emissoras costuraram suas fontes editadas e parciais para obter outros fracassos de suas pretensões de seriedade noticiosa. Creio que a sedição das fontes não deveria ser permitida. Não pode haver reconhecimento externo da situação política brasileira, como apontam já vários observadores internacionais. Quanto menos interno, pois ao nosso povo interessa a manutenção da luta saudável e democrática por direitos constituídos mesmo com o Governo Dilma, engessado pelo Congresso Nacional. Foi dura a luta pela Constituinte, como o foi pelas Diretas. Obviamente, os artistas, escritores, músicos, poetas, dramaturgos e todos os que lutam por uma cultura diferente hão de vir mais fortes com essa pantomima que se tornou a interinidade desse atual governo.

sábado, 14 de maio de 2016

A VEIA DA POESIA ESTÁ EMPERRADA POR UM TRILHO EM QUE DOIS DORMENTES ENTORPECEM OS DEDOS DO POETA.

CLARO, DIR-SE-IA ALGO COM MAIS LÓGICA, MAS DEIXEMOS DESCANSAR AS NOSSAS RAZÕES, PORQUE - PUDERA - MUITOS TRABALHAM DURAMENTE.

NO TORPOR DE UMA QUÍMICA QUALQUER A MENTE ATRAVESSA UM NEVOEIRO EM QUE A LUZ VAI TRILHANDO SEU CAMINHO DAS NOITES.

A APROPRIAÇÃO DO CAPITAL AFETIVO

            Não há como começar um tópico relevante no ostracismo de uma nova concepção, este induzido por métodos vários que levam à contestação de uma lógica imutável na realização de qualquer estudo sério, e que, não nos levem a mal, pertinente como o fogo e a água na civilização contemporânea... O contemporâneo na Alemanha do século XIX mostra o surgimento de veias solenes do pensamento mais acurado, em que os anglo saxões perderiam com Ricardo e Adam Smith, renascidos hoje como âncoras gastas frente ao mercado sem medidas na introspecção de fazer valer – ainda a grande e cada vez maior – acumulação em relação ao livre comércio e à pressuposição nada justa do enfrentamento em relação a direitos trabalhistas.
O antigo Tamagushi é a origem dos modernos celulares inteligentes, onde os alimentamos, os cuidamos e os portamos como companheiros eletrônicos inseparáveis em nossas carências afetivas, não nos dando termos a que desenvolvamos algo maior do que breves e efêmeros insights que ficam na esteira do rolamento mecânico e newtoniano da compreensão, remontando as máquinas fabris da Inglaterra e seus desejos da apropriação, neste caso, da manufatura e, no caso dos displays eletrônicos, do tempo de muitos intelectuais que não percebem seus verdadeiros usos e se perdem na científica e biológica questão do condicionamento pavloviano de estímulos e respostas. Resta sabermos que reconstruir a própria indústria do pensamento reza que o façamos a partir da compreensão cotidiana – recorrentemente a palavra cabal – do que seja concreto, do uso em síntese, da leitura linear, ou a sua pesquisa terminante a que se atinjam os propósitos inerentes à compreensão de processos algo complexos. Sempre se diz que um quando cria algo novo não encontrará repercussão na sociedade conservadora, pois a própria história tem se revelado ao imediatismo dos conservadores, e as novas vertentes que mudam o perfil de nossos tempos não aceitam a imediata aquisição ou uso da filosofia, econômica ou não. Quando os Tamagushis foram lançados, não havia a proficiência da eletrônica tão desenvolvida como hoje, mas formou-se no mundo um grande laboratório de ensaios, e o inventor do brinquedo assemelha-se ao jovem que incorporou o facebook sem critérios éticos ou moralmente leais aos sócios a fortuna e controle, à divulgação não permitida de perfis, à comercialização de informações, graças à expropriação do afeto, como sombra de um novo modal do capital nos dias cibernéticos e avançados que vivemos. Essa equação não é negável, pois traça um paralelo em que o significado do gadget celular esconde em seu manual não lido o que a maioria sequer estudou – graças ao plug and play – e os interstícios do que há por trás do sistema android, que por ventura não é o mesmo dos outros sistemas que o consumidor comum e usual jamais compreenderá, pois não foi treinado para isso e, mesmo que tivesse feito a universidade de computação, seria mero tentáculo de especialização focada no que se diz proficiência de campo.
Já que não teremos tempo para a compreensão do conjunto da obra de Dell, Microsoft, Apple, Facebook, Whatsapp, Instagram, Youtube e outros materiais, saibamos que ao menos na plataforma Linux seremos mais blindados do que em outras, e aí reside a luta em quererem impor em países como o Brasil a verticalização do consumo. Divide-se o país em pequenas fronteiras informativas: a mídia que deu trégua entre si e se uniu para derrubar um Governo, conforme a televisão e seu ofício de fabricar a edição indutora de notícias e programações, a internet suspeita em suas multiconexões e controles de informações a preço irrisoriamente gratuito, as agências de informação externa que trabalham em espionagens e serviços igualmente suspeitos dentro de nosso território (que supostamente deveria ser soberano) e as religiões, que se imiscuem no pressuposto do deus da tolerância para a guerra de exércitos para atacar, em nome do famoso apocalipse. Pois sim, agora que estamos com um governo conservador, talvez tenham deixado esse apocalipse para outra era vermelha, como se a cor fosse confortável na agremiação daqueles que segregam.
A apropriação do capital afetivo é como uma voz feminina tépida como o orvalho na seara independente de um guerreiro, de um lutador pela causa do socialismo... Por vezes é uma sombra, por vezes é uma isca, em outras o ignorar, a saber, que ninguém deve reclamar por coisas que permite é uma máxima incorreta, pois o que se permite é a lei de um Estado Democrático de Direito, apesar de derrubarem governos por questões levianas e parciais no uso das mesmas leis, a ponto de retirarem alguém do poder com subterfúgios escusos, dentro de um processo onde a expropriação afetiva uniu tamagushis em profusão, com muito mais recursos para inviabilizar o andamento da democracia no Brasil através de um golpe. Talvez seja o fruto de ficarmos à mercê dos computadores em todos os setores de nossa nação, em cada gabinete, em cada seção, talvez tenhamos apostado alto no aparelhamento burocrático, pois só teremos no futuro condições de sermos independentes se formos capazes de nos tornarmos matematicamente superiores para desenvolvermos sistemas alternativos. Que seja dada a largada: a vereda é longa, companheiros, e quem vos escreve talvez o faça pelos alternos dos próprios sistemas: um homem solitário mas feliz, pois que o andamento das sociedades caminha no rumo em que deixamos a obra inacabada, e que possam derrubar algumas paredes, mas as fundações estarão sempre firmes.

A IMUTABILIDADE DA LÓGICA

            A questão que envolve um portar-se lógico não passa por processamentos ditos usuais, posto que estaremos a par cada vez mais dos intestinos que preenchem lacunas na dita Teoria da Informática. Na orientação voltada aos objetos, melhor seria se as classes que derivam – na OOP – das ações e seus armazenamentos fluíssem como querem que o seja, através de gargalos aparentemente coletivos, mas no entanto dentro de padrões de blindagem ao administrador, e abertura e disponibilização mercadológica nos perfis que deixamos em aberto, crendo abertamente que não fazem uso dessas informações. Como o próprio nome já diz: orientação voltada aos objetos, precisaríamos revisitar Baudrilard para a compreensão dos gadgets e o que há por trás dos sistemas computacionais e a miríade de rede que não configura a rede em si, mas uma área atuante onde os “atores” quase sempre ignoram o processamento filigranado de seus movimentos. Esse movimento lembraria algumas pequenas pedras que se fixam no asfalto e se tornam dele parte, acompanhando a logística e suas trepidações que distribuem nos ramais as informações, em bancos de dados pontuais, lojas virtuais, registros vários e a quase paradoxalmente integração entre diversos meios, estes que suam sua validação algo sinistra em corroborar ao povo o que se passa em suas virtudes relativas do poder. Abrem-se lacunas de expressão, e os verdadeiros administradores interessados ou em “missão” utilizam desses meios para expor em seus campos os números nos protocolos de qualquer agência, em qualquer circunstância. Esse é mais um dos protocolos e que, no entanto, faz parte apenas de um mapeamento este que deriva como um instrumento cabal de dominação por parte de inteligências mais aproximadas e suas ferramentas que ordenam uma semiologia sem precedentes pela velocidade em que os bancos de dados são compartilhados para as suas matrizes externas, em um caudal de informações que versam até mesmo sobre uma tatuagem de um milímetro, ou uma fala de um segundo.
            A análise lógica dessa colcha de retalhos aparentemente sólida – mas fluida como um rio em vazante hoje – mostra que aqueles que expõe realidades concretas por vezes, por uma questão doutrinária, esquecem de estudar as questões tipificadas de certos ofícios que dariam maior retaguarda intelectiva aos pressupostos de aplicação de seus conhecimentos como ativos no processo de compreensão da indústria cultural, essa pequena fração de lei que chama a que o saibamos melhor. O que porventura chama-se indústria cultural tipifica as vertentes do problema, e a solução é vermos que não é questão de uma emissora ou outra, não é questão de ligação, ou concessões, pois quando exposto o fato para o patronato e o patriciado de um país, algumas verdades passam a residir em mentores conectados à precisão cirúrgica da informática, e seu não erro lógico aparente... Quando de nossa cidadania e direitos, saibamos que somos cidadãos e possuímos direitos, e acreditar que temos inteligência no Brasil seria a posição mais clássica da independência, e a manutenção e conquistas dos mesmos direitos faz parte do diálogo assaz importante que tenhamos com aquelas lideranças que são verdadeiramente patriotas. Essa verdade lógica é imutável e reza que tenhamos ou valorizemos o nosso precioso tempo para o estudo do funcionamento de nossas sociedades, pois há lados que carecem de um mínimo de embasamento científico para supormos que sustentarão a mentira como subterfúgio de seus sinistros planos.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O VENENO DA CRÍTICA

I

            Houve um dia, apenas um daqueles em que estivéramos abraçados em pensamentos e sonhos, mesclados com o amor do carnaval quente da zona sul. O sol era da intensidade de nossos corpos, o mar insuflava as veias, as cervejas suavam pelas nossas sedes, ainda havia o mesmo amor que nos consumia de prazer e alegria. Mas havia a luta... As canetas que hoje gasto sobre a superfície branca do papel dizem-me toscamente que a mesma luta brotada e renovada se acomoda e se apresenta como um grande painel onde deixamos brotarem as nossas seivas de sempre. Uma década conturbada. Rio de Janeiro: semântica de todas as maravilhas, cidade selva de pedra, litoral e chumbo.
            O apartamento de Angélica havia estado alugado por um tempo e eu retornara de São Paulo para conceder um mês ao meu descanso. Ela deixara as chaves na zeladoria, o condomínio era simples, carregava eu pouca bagagem. Precisava encontrar meu irmão que viera para descansar um pouco do duro ano que passara no sul. Sua existência oscilava na plataforma que buscava nunca enunciar a ninguém. Temia sempre que alguém descobrisse suas idiossincrasias de homem bruto por necessidade e postura. Deixara um número com minha amiga. Os celulares ainda não eram tão populares, no entanto cada um de nós três possuíamos um. Sebastião, um camarada negro e encanecido abriu o portão. Não era a década das câmeras...
            - Ricardo, que bons santos guerreiros o trazem? – Exclamou feliz. Sabia da minha chegada. – Angélica saiu de manhã, disse que vem almoçar com você mais tarde, pelas duas.
            - Tião, como vai? Falaram-me que você esteve doente... Espero que esteja tudo bem contigo.
            - Vai-se caminhando. Talvez tenha sido a cachaça. Meus nervos não cabem dentro do álcool. Bem que gosto, mas agora a Zenaide me botou quase para fora de casa. Era a “marvada” ou a minha esposa. Você sabe, a gente bebe e dá nisso... Já estou com setenta primaveras, perder a Zenaide seria a minha laje.
            Tião me parecia triste e eu o soubera agora desse grande sacrifício que é largar o vício. “No entanto”, disse, “estou pitando como nunca.”
            - É por isso mesmo que lhe trouxe um presente: três cachimbos que não uso mais e um pouco de fumo lá de São Paulo, tabaco do bom. São cachimbos antigos de ótimos fornilhos. Onde trabalho não dá para se demorar fumando, eu fico no cigarro, pitando mais rápido! Ha! As nossas manias nos acompanham! – Disse eu, tentando levar nossas preocupações na esportiva...
            Tião olhou-me com os olhos já baços da catarata:
            - Olha, esse negócio de mania eu tenho mesmo. Se não dou no fim de semana uma flor para o mar, Iemanjá me esquece, companheiro... Que é tanto mar, Ricardo, que nós ainda veremos esse mar se levantar no timão da própria força que surge sei lá de onde!
            Baixei os olhos e o velho se quedara turvo e triste. Como era a tristeza de muitos em se trilhar das vilas miseráveis aos trabalhos nos bairros mais ricos. O cansaço renitente, a vida quase desfeita por vísceras etílicas naufragadas quando da ausência, o samba de raiz que morria a cada dia, os jovens perdidos na solidão pungente das drogas. E o pensar-se ainda que eu não ficasse muito tempo, em minha presença que a ele sempre fora preciosa. Fui breve:
            - Enquanto estivermos neste mundo, Sebastião, deixaremos as malas dos ressentimentos nos armários. Guardamo-las para que não saibam das nossas questões íntimas, a não ser que se floresça a compreensão humana entre os homens que somos e que em raro compartimos a quem mereça e de sincero desejo for.
            - Não te preocupes, meu caro, é só uma ponta de pesar. Meu filho foi preso dias atrás... Já está livre, mas recebo como uma arraia na têmpora, que por vezes não me sustento. Disse a ele: tomasse tento na vida. Tem trinta e oito anos e enveredou por esses morros afora, que nem sei. Separou-se da mulher e anda por aí na sinuca e na malandragem. Um homem feito, com quatro filhos ainda por educar.
            Tião me olhava com uma sinceridade de poucos. Eu estava bem cansado com tudo o que acontecia de se ver tão de perto essa estranha engrenagem que ainda acontece, essa desigualdade sem trilhos, sem lugar, sem tempo. Por mais que seja gigante o nosso ideal, sempre haverá uma questão em eterna discussão, um embate interno de toda uma sociedade.
            - Escute, meu amigo. Vou subir para ver se está tudo acertado no apartamento. Depois, quando Angélica vier, almoçamos nós três por aí, se queiras.
            - Pois é, depois vemos. Eu vou sempre no Olívio... Falar nisso, o dono do Luna falou de ti com saudades.
            - Depois podemos ir lá almoçar.
            - Ah, mas às duas estou por aqui. Deixa, pois de qualquer modo marcamos outra hora.
            - Tudo bem, acertado. Nos vemos. – E subi com as duas malas.


II

            O apartamento em Ipanema ficava perto do mar. Estava bem arranjado com a disposição de seus pequenos e úteis objetos em cada lugar. O mais simpático de todos: uma garrafa de gim esperava, em minha sede. Mas mesmo assim não me aventurei, pois a cama me chamou mais ainda e a garrafa deitada no estômago não valeria meu urgente e reparador sono. Dormi, depois de fechar as persianas do quarto.
            Acordei meia hora depois com a porta batendo à entrada de Angélica. Aí sim, corri para ela como quem quer degustar um bom conhaque. Abracei-a e ela freou-me:
            - Espere um pouco, também estou com saudades. No entanto vou preparar antes algo para comermos, uma salada, pois trouxe um frango assado e temperado. Parece que botaram um pouco de cominho, mas passei a gostar disso.
            - Irra!
            - Pois sim, Ricardo... Trouxe umas latas de cerveja para tomarmos apenas duas cada. Lembre-se: aqui as coisas são diferentes... Quer dormir com qualquer uma? Não aqui dentro.
            - Ah, sim? E quanto a nós, morocha?
            - A nós não sei, meu amigo. Sempre assim me canso de esperar. Você olha para todas e segue sozinho.
            - Assim espero estar, minha criança!
            - Comamos, é uma ordem!
            Fartamo-nos com o frango e a salada preparada no improviso, visto ser o toque do azeite de oliva com o limão e sal os incrementos substanciais... Ela havia arrumado minha cama no quarto de solteiro e eu pressentia, mesmo ainda antes de chegar, que dormiríamos ambos na cama de casal, pois soubera que Angélica estava sem ninguém. Achava eu que era – porventura, em minha pretensão ridícula – um homem ideal. Quimeras, bobagens, apenas mais um no mundo, como continuo sabendo disso perfeitamente hoje em dia nos meus apontamentos, nos meus trocos, nas minhas letras. Apesar de saber sempre de nos agigantarmos como talha verdadeira e necessária, cada qual. Se um está menor, o outro acresce no companheirismo próprio da existência. Como um termo de compromisso, uma espécie de vida em sagrar-se digno, de saber-se atuante dentro de uma consciência cabal na ordem de uma sociedade, como tantas as que havemos! Mas que somos iguais, mesmo em luzes mais tíbias, no crescimento de uma espiga ou no caminhar de um indigente. Este, por vezes, conhece mais do mundo do que um medalhão da ciência, posto não possuir apenas a cadeira emblemática e sistêmica das academias. Estas necessárias, no entanto, em ao menos compreender a vulnerabilidade do próprio modo de existir na superfície já bem massacrada em nossas tênues passagens pelo mundo.
            Pois sim, comemos e nos fartamos, e Angélica ao erguer – como mulher – as esperanças que eu guardara em meu peito começou em um discurso em que eu dera-lhe o meu semblante de audiência. Falou como quem falasse a si mesma, como a mesma consonância do verbo em que tantas vezes eu – admirado – a escutara. Não marquei tempo, não marquei hora. Apenas tentei redargüir e ela atalhou-me a meu próprio pensamento. Tecia-me em sua declaração que eu era como um homem irresponsável nisso do companheirismo que – segundo ela – era condição inequívoca para a comunhão entre o casal. Sabia eu, desde que nos conhecemos, de uma Angélica libertária, feminista, autêntica: revolucionária. Também o sabia que ela tinha por posse algumas prerrogativas que por vezes derrubava as suas posturas no mesmo chauvinismo talvez inconsciente que em certas questões tornava obsoletas as condições e pressupostos teóricos de sua existência. Justo quando se apercebia que eu não era como qualquer outro, posto não ser o engodo de mulher alguma, não ser propriedade de ninguém. A esse ponto não compreendera, e seu discurso me pareceu previsível à vista de apreendermos que um homem como eu só aceitaria o mesmo companheirismo antigo que a ela parecia anacrônico, mas que acompanha na verdade o fato de que se a um mostra a fidelidade, a outra mostra a importância pelo menos do esforço mútuo: da ausência de dúvidas, da construção de uma relação a um par. O número dois, as forças, a dinâmica... A certa altura, Angélica perguntou-me:
            - Entendeu, Ricardo? Parece que estás na Lua. – Seus olhos perdidos nas órbitas de um crânio inquieto e lindo conformavam com a sua pele de veludo algo a se pronunciar os lábios tenros como o mel em sua tessitura silvestre... Os mesmos olhos de sempre, negros, falavam a mim outras palavras e isso o disse a ela:
            - Apenas, infelizmente para você, escuto o seu olhar. Nossos diálogos sempre foram pontificados – nas boas horas – pelo silêncio, cara acadêmica, posto que em nosso pensar não havia teses nem universidades, apenas o conhecimento tácito de nossas lutas refletindo na serenidade de nossa mirada quando, absolutamente, se encontravam, dando a urgir o sem tempo do nosso amor, a forma intrínseca de sermos enquanto seres, de sabermos compartir como naqueles tempos em que acordávamos com as pernas entrelaçadas, com os teus seios em meus lábios. E agora? Agora sei, apenas não há. Nada existe. Não há da tua comunhão, nem da minha. Não te importunarei mais, convivamos por este espaço. Já sabes, não sou homem de muitas palavras e as que as tenho ainda assim considero preciosas, mesmo no desgaste que nos silencia pelas relações fracassadas, linda.
            - Sei, apenas pressinto as tuas idéias de mentira... – Disse ela, os olhos faiscando por jamais possuir-me, que a posse eu não a consentia... Meu social partia das primeiras relações, e ela o soubera sempre, crendo que a separação a que me submetera me faria voltar com a cauda abanando. Trocadilho infeliz da minha parte, mas esse retrocesso espiritual vinha da sede que - na maior parcela - um homem e uma mulher tecem por uma intimidade bem sucedida.
            - Você - disse-me ela – achava que me tinha por aqueles dias, e agora aqui na cidade maravilhosa vem por pousar nas camas de uma mulher que já fora tua, no sentido literal do verbo.
            - Estou aberto em feridas do Sul, linda. Estou cansado de uma espera em esperar tanto que já não sei. Não houve mais nenhuma e eu não concedi espaço para tanto, cara mulher. Abraça-me mais o ímpeto das mudanças, o clamor dos povos, a semântica da Natureza, esta por quem eu dou o meu sêmen em pensamentos, e não numa camisa de borracha!
            Angélica quedou-se em um silêncio profundo, sabia no íntimo não poder me conhecer inteiramente e aligeirou-se em sorrir em um velho costume de companheiros que se encontram. Sabia, no entanto, que temia por mim no seu secreto parecer de mulher educada e culta de boa monta que era. Passou a sua mão sobre meus olhos, estes que viram no olhar – antes duro – dela, a superfície sagrada da ternura.

III

            Angélica se separara quando era jovem, precocemente. Nos seus cadernos, em meio a eternos estudos, anotara as suas memórias, os seus presságios, em desenhos também realizados com incansáveis canetas negras. Mostrara-me alguns rabiscos, uns tantos, que eu não os pudera crer no espelhamento de seus textos, também tal a precocidade perspicaz e dura de sua existência. Filha de um viciado em jogatinas e álcool refugiava-se desde criança em seus rabiscos e letras, estas que seus irmãos mais velhos – Pedro e Lúcia – lhe ensinavam. A cada palavra, a cada sílaba pronunciada nos secretos nichos do papel, por vezes um desenho de libertação. Um ouro representado por um pequeno projeto, uma esfera cônica de invencionice, uma palavra maior, um período, uma pequena frase dizendo o muito do se contar. Em síntese, possuía a válvula do escape, a veia, a criação. Literatura e arte sempre houve em sua casa: bons livros, enciclopédias de artes visuais, argila, tintas e papéis. Tanto nos sem pauta aos desenhos como nos cadernos que povoava com os seus sonhos, suas miríades de estrelas e seus caracóis marinhos que copiava da fauna cristalina e crua da Natureza.
            Sua mãe praticamente chefiava a casa, dando a sustentação financeira e arrimo moral que seu pai não consubstanciava. Chamava-se Helena e era morena como a filha, de tons acobreados, os olhos igualmente negros, seios fartos, ríspida como um rastilho intermitente de pólvora. Seus filhos a respeitavam muito, além do necessário, pois o pai lhes faltava na sua condição desestabilizada em que apenas arvorava seus ímpetos chauvinistas de ter sido bravo politicamente em um remanescente e duvidoso período. De nome Antônio. Vivia de lembranças, jogava os dados para se refletir nos números e bebia para esconder de si mesmo seus próprios temores.
            Vivera Angélica em um lar de grossas paredes e não menos fortes aberturas, com madeiras centenárias, em um solar que fora de antepassados de Helena, sua mãe. Antônio se casara com Helena já aos trinta anos. Criara-se em uma casa de adoção. Era de origem ucraniana, do Paraná, onde aprendera o ofício de tecelagem industrial em um curso e ganhou a independência em fábricas mais ao sul do país. Em viagens a São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Conhecera Helena que tornou-se sua companheira e mãe de seus filhos. Angélica, a mais nova, aos vinte e dois anos foi para o Rio de Janeiro contratada por uma editora no ofício de revisora e lá aprendera, com a efervescência cultural da metrópole, a escrever profissionalmente e vivenciar o ramo gráfico. Casara-se aos vinte e cinco e aos trinta anos separou-se, sem filhos. Aos trinta e cinco, independente, já era talhada como mulher engajada e guerreira nas atitudes e no caráter. Jamais jogara as moedas no acaso que propriamente da existência simplesmente ignorava. Não bebia pela embriaguês, mas por esta de seus companheiros no sabor urgente de um bom vinho. Tecia frases, e a poética de meus trabalhos encantavam-na. Ria à socapa sincera quando me compreendia em equações que as sabia complexas. Sorria com o olhar brilhante que a mim atenuava – por inércia festiva – as tensões dos dias...
            Parecia-me, por questão de similaridade, que ambos fôramos cunhados na mesma moeda, cada qual apenas por valor formal, do ouro espiritual que predispúnhamos a ser: uma moeda sem valor de troca, sem as mãos dos outros, que apenas em sua rotação infinita faria encontrar – em seus reversos – a existência pura no mesmo espaço. Um quadrante sem selos dos impérios, um valor apenas de mineral sólido, indestrutível, resistente como os rochedos inerentes dos abismos marinhos, ou mesmo em uma erva que não percebemos por uma vereda na luz noturna das estrelas. Assim éramos, talvez inconscientemente, talvez desabrochássemos nessa vertente. No entanto, apesar das diferenças que possuíamos, nosso amor era intenso e límpido como o romper de uma chuva na montanha.
            Da janela do apartamento dava de se ver o morro Dois Irmãos que, rocha sólida, só me fazia pensar de um modo sui generis, resultado de dois anos de relacionamento que tivera com Angélica.
            Haviam passado dois dias. As camas, ainda separadas, davam um indício de que haveria um resguardo maior por parte dela. Eu não me ressentia, pois a cidade ainda era possuída pelo mar, ao menos, na minha visão de exemplar barbudo da espécie. Outra manhã... Outro assunto... Eu buscava especular, apenas, ensimesmado nas minhas promessas que fizera a mim mesmo. Era uma solidão compartilhada a dois, cada qual com a sua chave mestra de ambos os cofres, dos tesouros e ressentimentos improváveis. Uma melancolia nos abatia naquelas horas e eu atinava a trabalhar minha literatura, apenas, e concordava quando ela – curiosa – vinha matar a sua sede intelectual no meu trabalho. Certa tarde, enquanto lia uma espécie de conto meu, veio dizer-me da gramatura, ou peso do papel. Creio que sob algum pretexto:
            - Ricardo, você já imprimiu capa de livro com couchê fosco, em 120 gramas? – Olhava-me atenta, talvez sabendo que por baixo da gramatura de meus olhos ela percebesse que havia um homem se distanciando... Não que eu quisesse esse padrão desconforme, mas a mim já não se passava nada. Estava alheio a coisas fora o meu modo de trabalhar e viver. No que respondi a ela:
            - Olha... Geralmente quem decidia ou decide é o editor...
            - Pois é, querem me colocar nessa função, eu creio... Saiba, Ricardo, que não estou suportando essa indiferença tua! Mata-me de melancolia...!
            - Aí sou eu quem passa a não entender o suficiente. Fale-me da Natureza, do mar, e não da celulose em uma árvore derrubada no palco de suas mentiras! Que quer de mim? Um asno? Um patife? Mande-me embora, se queiras, mas não tome da fé que eu sou um imbecil! Chega das mentes cabulosamente industriais. Queres me tomar como mais um em tua charneca, pois finca a bandeira em outro território, pois por ti também desfaleço, querida companheira!
            Angélica começou a chorar convulsivamente, eu apenas lhe trouxe água... Deu-me um abraço... Disse que estava tudo muito complicado, que ela já não suportava, nem confiava em ninguém.
            - Meu querido, por que me abandonaste daquele modo? Só porque eu andei com Carlos por uns dias?
            - Não te abandonei, linda, apenas me resguardei e à tua retaguarda te desvencilhei das bobagens que passavas a cometer. Tais eram as tuas ações pelas quais não te freaste. Fui para Florianópolis, pois lá – apesar do pouco que se dá às artes e à literatura – pude seguir lecionando como sempre o fizera, sozinho. Apenas a minha vida... Não mistures a falta com a substância, pois uma pode ser plena e a outra, oca. Esse mundo também é dual, querida, se não compreenderes essa lógica não poderás ver com olhos semicerrados, pois é nessa luz que nos agigantaremos...
            - Entendo. – disse-me, enxugando as lágrimas.

IV

            Angélica passou a ir comigo à praia, naquelas idílicas férias. Estávamos sempre em Ipanema e nessas circunstâncias de camaradagem nos aproximávamos mais e mais. Os dias passaram como que repletos, as grandes ondas que pegávamos com o peito, os mergulhos, a profusão das pessoas que ornavam a orla, as famílias, os casais, os vendedores, as ruas, o comércio, todos pungentes como o sol que abrasava.
            Como toda boa jornalista, Angélica se mantinha fiel aos fatos, mesmo com essas férias de verão. Quanto a mim, chamavam-me de escritor e eu mantinha-me sereno, com o ego compungido e restrito ao pretenso ofício. “Quem dera,” pensava eu, “apenas cumpro com uma necessidade de permanecer pensando,” redargüia em meu diálogo interno, em modéstia que cria saudável, para que os companheiros não percebessem que é tênue a linha que divide a ficção da realidade. Optara eu – por ora – à ficção e nela talvez tivesse permanecido por receio. Mas de um sentimento de escrever com todo o meu corpo, e a mente pétrea de um espartano, o ideário concreto da inteligência, este me perpassando a comandar meus próprios sentidos, numa ida e volta, nas potenciais contradições da existência em resguardar no fogo das mensagens: aí sim, no espírito, que eu preservava com o furor até de útero que não possuo, nas ondas de um rebento que brota no parto, na missão que me impunha a nunca faltar com a Verdade, mesmo no arcabouço do que se chama a ficção em nossa era tão vulnerável ao ilusionismo e às mesclas que se fazem no tempero das diversas realidades criadas em sua própria confusão.
            Urgia, na quarta-feira, encontrar Cláudio, meu irmão, para conversarmos a respeito de um jornal que já me dava o de pensar e o de se trabalhar os tutanos. Falei com Angélica que ele iria pernoitar no dia seguinte e ela se quedou feliz, pois guardava um grande apreço por ele, no que me consentia total liberdade, engendrando o companheirismo que ainda vivenciamos em plenos quilates.

V

            Via-se, num dia cor de chumbo, uma face da cidade maravilhosa. Levantei-me com o meu irmão, cedo como eram os dias naquele carnaval. Cláudio me parecia resignado a ver que o jornal talvez fosse uma ilusão, pois a quem seriam necessárias outras palavras, outras letras? Não estaria tudo nos conformes? Um cálice de veneno nos perpassava até a medula, e por vezes já não sabíamos de onde vinham tantos os descaminhos do regresso... Críamos que fosse ilusão também. Críamos por necessidade atávica de ainda ver ao menos uma sincera humanização em vilas miseráveis, em imensas favelas, mas certos ruídos de helicópteros de multinacionais nos atordoavam a razão. Talvez a grande queda de braço entre a intenção e o patrulhamento, um genérico sentir-se no tentacular braço do poder. Fazia dois dias que Angélica não aparecia. Dois eternos dias. Às dez da manhã deu de seus ares, devidamente documentada. Uma Cannon recheada de imagens, material de imprensa alternativa, e gravações nem tão legais assim. Disse-nos:
            - Ricardo! Cláudio! Temos agora um jornal. As redes estão esperando descarregarmos conteúdo diretamente do olho do furacão. Uniremos ainda mais toda a América Latina. Na verdade, foi um ataque às máfias das drogas. Um fogo cruzado; parece que os jornalistas externos estão por aqui. Como sempre, certas mídias se aproveitam para os momentos críticos como esses lá nos morros. O pior já passou. Não foi um tipo de golpe pontual, mas uma pacificação forçada, mas temos que mostrar certos agrupamentos de forças e abusos autoritários, mostrarmos que agora a cidadania ter que se impor. Tenho uma prensa que rodará nosso tablóide amanhã, se bem trabalharmos hoje e virarmos a madrugada! Quentes e novas do forno são as notícias.
            - Sempre é bom que nossa opinião seja aceita nas vilas operárias, é para lá que vou agora, então! – Cláudio estava praticamente com a sua fecunda mania...
            - Nada disso! – Disse eu. – Nada de prelos também. Não quero ver nenhum folheto, nenhum caderno nas ruas. Antes, quero ver o que você conseguiu trazer, Angélica. Você é jornalista, mas não se deixe emprenhar pelo obsoleto de certas atitudes. Saiba de algumas peçonhas...
            - Já mostro o que trouxe. Você, como um bom redator me dirá e eu seguirei, mas é farto e bom material.
            - Escutaremos hoje o noticiário, são fatos pontuais, a presidenta segue forte e o governador está dizendo para todos ficarmos calmos e reservados. Mas sei que não há como. Houve graves enfrentamentos e se passa que: onde, precisamente, e quando, e como, são perguntas às quais não temos respostas.
            Era condição sine qua non que nós nos aproximássemos da bagatela de um dia a mais. Se não fosse pelo ímpeto, na verdade seria apenas um jornal para que sobrevivessem as nossas idéias. Disse eu a Angélica algumas palavras – duras – no sentido de saber um pouco sobre a crítica gratuita e o seu veneno que se nos impõe.
            - Angélica! Tenho algo a lhe dizer, companheira. Talvez possamos botar um jornal na internet, talvez o façamos na prensa, mas você e Cláudio têm que saber que esses fatos apontam para uma medida de forças em conflito... Não teçamos quaisquer preços no recrudescer da violência, pois esses mesmos valores transcendem o “espetacular informativo”. Justo, sermos obra e ciência, paradigma e padrão, crédito e farsa, somos tudo isso também, não nos esqueçamos, querida. As fotos da ocupação das favelas são previsíveis, pois vi na TV a imagem crua dos tanques de guerra. Espero que por aqui não haja uma transfiguração de certos conceitos.
            - Não se preocupe companheiro! São fases e assentamentos de desditas, brinquedos de jovens e velhos poderes.
            - De qualquer modo, minha querida, quero dizer-te que nem tudo o que apreendemos vêm pelos canais que encontraste em tua ainda pouca experiência. Nada é um brinquedo quando ou por onde estão as armas, desde um indefectível não até uma ogiva silenciosa em sua potência ao horror. Não queiras brincar com o poder pois é quase sempre ele que nos dilui: em suas buscas, suas prerrogativas e suas certezas. Saiba uma coisa, mulher dos olhos de cristal, o vento é o que finaliza uma hecatombe e a espalha, dentro de suas próprias alavancas. Cláudio e você ficam aqui, eu compro o café e os pães e a manteiga e o queijo, por suposição... Ha, He, He. Sei o que acontece, amanhã é dia de paz crescente e na minguante ficaremos acordados dormindo, pois é isto que se nos toca, em presente luz!
            - Eu não entendo. – Disse Angélica, com (agora) o rosto mais sereno de estar segura.
            - Não é bem para entender que existimos... Intrinsecamente é para o saber, conhecer, fruir e viver.
            - Meu irmão, - disse Cláudio – você está cagando pelos olhos, me desculpe a expressão!
            - É melhor assim – disse eu -. Desse modo espalho com maior facilidade e os vermes se locupletam de bosta!
            Todos nós rimos... Saí do apartamento, comprei bebida destilada, dois CDs de Martinho da Vila, um de Beth Carvalho e comemoramos o humor em um petit comitê, festejando apenas mais um presságio!

VI

            Ilusão que eu empunhara qual bandeira a se derramar em hora necessária. Os dias naquele pós-carnaval espumavam como cavalos exaustos, a quem se dava, àqueles que se doavam em sobre existir na consciência que por algumas etapas fazia sobre escrever o revés na ausência, compensado apenas na presença das lutas fosse em qualquer lugar do mundo. Pois, na Verdade, o espelhamento nosso e cotidiano valia a crer em um mundo melhor, mais humano, coerente. Para isso, resolvemos: eu, meu irmão e Angélica a dispensar registros e desenhar imagens e letras de rompante, no caudal rumoroso de descobertas no mesmo cotidiano, nas frases que nos acompanham e nas imagens feitas verbos que nos soletram.
            Por minhas caminhadas ao Leblon, havia encontrado na orla uma antiga companheira de nome Sônia: acrescida uma aos três... Já estávamos em quatro. Não era o jornal mais a preocupação, nem as ocupações; sedimentado o Estado democrático reinventávamos, com textos e imagens, antigas rodas, pontuando entre a arte e a filosofia, se entendermos que é este o nome dado à faculdade de se pensar e exprimir. Enfim: seres atuantes que somos, repartíamos o pão de nossos conhecimentos... Crônicas, cartolas, frases brotavam de questões com alvores de próprias luzes e o apartamento tinha também Tião que, com melhoras familiares, consubstanciava tentativas em atitudes, sonhos em ideários e costumes consagrados na efervescência daquele nicho cultural que se chama Ipanema, Leblon e Copacabana. Sônia morava no Leblon e Angélica passara a conhecê-la como minha nova companheira de praia, conversas e aquarelas que ela desenvolvia com maestria. Eu a descobria na efêmera eternidade de seus gestos quando pintava veladuras sobre superfícies ainda úmidas...
            Compramos dois laptops e passamos a nos comunicar, mas Cláudio ainda – em seu espírito irrequieto – continuava nos manuscritos originais, o que dava ais ares de certeza em sua arte. Zona Zé passou a ser o seu jornal e a Xerox das letras entintadas à mão o seu processo de atingir alguns que comercializavam seu trabalho, na distribuição do novo, da forma à vanguarda cultural. Cláudio era eternamente enamorado de Angélica. Vivenciaram intimidades, mas agora ela preferira o trabalho jornalístico como uma plataforma existencial, base de sustentação na estranha sociedade onde o affair move certas maneiras por vezes contrárias ao esteio das mudanças, o mesmo de se falar das posses existentes, inversamente proporcionais às desigualdades que invalidam a progressão do erotismo revolucionário. Há casos em que a boa luxúria se transforma em ira, quando alguma interveniência, qual veneno, prejudica muito a vida do par. Ou a própria luxúria nefanda, no ingênuo pensar do indivíduo, enquanto outras cabeças, na cobiça de seus pretensos e literais paraísos do planeta, manietam os povos em suas tentativas de conquistar seus objetos de prazer: um carro, uma mulher, uma grande festa privê regada ao privilégio daqueles que entopem suas veias de soberba e ganância, banhando os corpos com os leites de seus fracassos...
            Seguia a barca e o dito geopolítico interesse virava sempre uma pequena ampulheta de tempo ignorado, esquecida no canto de um painel inexistente. O nosso fazer, o nosso expressar, o nosso construir era sim, este, um vitral compondo luzes com o amálgama duro nos seus interstícios. Discutíamos, reservávamos horas, desenhávamos e a crítica despertada não era mais aquela em que se nos prescrevem para cairmos envenenados sobre um sofá de pedra!

VII

            Estávamos atentos sempre em nosso afã. Prosseguíamos quais máquinas de criar. Um adendo apenas: o sabermo-nos humanos fazia-nos seguir a senda espiritual. “Qual?”, dir-se-ia. Posto o corpo ser a veste, posto o corpo ser a máquina, e o único proprietário do planeta chama-se espírito! Anima, alma, atma. Como em uma árvore derrubada, outras vêem em seu silêncio nos espíritos da floresta. Como na água de um rio os seres que habitam e nunca – jamais! – requerem propriedade, pois apenas e submissamente são mortos pelas devastações. Um parágrafo para que aqueles que lutam por melhores dias saibam que os movimentos populares urgem e clamam por Natureza, por parques, por mares despoluídos e não as cloacas que lhes sobram quando descem de suas moradas, em seus riachos feitos esgotos a céu aberto. Na verdade, é nas favelas que reside o estudo necessário para se melhorar. A “pacificação” passa a significar em alguns sentidos uma mordaça às condições insalubres das grandes massas na periferia das metrópoles. Massa obreira, massa que vive ainda em um país extremamente desigual. Não nos iludamos. O que as televisões apresentam para essas massas apenas confunde, infunde preconceitos, segregam e marginalizam o pobre que segue por sua vereda como um verdadeiro herói, condição heróica de toda a massa brasileira. Meu Deus,  - pensava, reunidos aos amigos – tanto, mas tanto a se debater, a questionar, posições a serem discutidas, que a proximidade da própria – porém rara – classe média que possua uma postura mais progressista seria de um ideal: melhores e mais humanos médicos, melhores engenheiros, melhores professores, aglutinação e força no grande passo libertário de uma nação.
            Ilusão? Utopia? Não: razão, conhecimento da realidade, consciência de que a doença se dissemina nessa turva e protética margem das camadas educadas, pois estudam para segregar-nos; em síntese: quem vos fala dá o seu sangue para a química que cala, mas não consente, que seda, que exclui, que leva um texto para uma ilógica semântica agora da primeira pessoa, que a torna lenta e desagrega, que torna bom o melhor e torna adaptada a face brilhante da justa rebeldia, que faz o são ser alcunhado louco e aos dementes os nomes da pretensão dos normais... E raramente faz alguns escaparem da bastilha de sua própria realidade mental.

VIII

            Fatos relembrados... Apenas gastara eu alguma saliva com meus amigos. Estupefatos, não rebateram, aceitando. Mas eu não escrevia, apenas uma grande Ágora na Farme de Amoedo, em Ipanema. Estávamos presentes, e a arte também – fortemente – dava os seus ares. O sol era por se dizer algo que o tinha em minha lucidez como o meu maestro, iluminador padrão dos meus ofícios, e resguardava com ele minha função de homem. O Zona Zé já obtivera uma primeira edição em uma gráfica do Flamengo e, por meu lado, me era reservado o humor, talhado que era para tal. Passei a gostar disso. Angélica era a chefe de redação e Cláudio o administrador. Três pessoas para oito páginas tablóides mensais. Um excelente resultado, comemorado todo o sábado no Sindicato do Chope. O que antes fora um investimento em trabalho verteu um retorno mais do que o esperado. Passara o carnaval e o jornal já estava em Ipanema e Copacabana; tiragem limitada, no entanto, distribuída nas bancas na extensão dessa orla. Não tinha sequer a pretensão de ser algo além de sua informalidade, apenas sabia das horas e honestidade de seus desenhos e letras, tal qual o Pasquim, que fizera real história no arcabouço cultural de todo o país.


FIM