domingo, 15 de maio de 2016

DA IMPORTÂNCIA CRÍTICA DE FONTES

            A fonte pode ser uma água límpida, pode ser um caudal de números, um protocolo, um organograma ou cadastramento, uma miríade que vem a ser um nome em que, historicamente seria onde beberíamos da mesma água original. A questão que dá origem à economia decorre que houve fontes em demasia no processo de nossa civilização: agregadas, somadas, nunca excluídas, posto o imposto e seus aplicativos não excederem a lógica do mercado. Pois que esta lógica existe no contribuinte desde Roma, antes quem saberia que não fora a História, essa deusa importante. O factível, o estruturante fato é sabermos de um tronco onde a troca permanece a mesma, já que o neoliberalismo mudou apenas no ditongo, em toda a sua memória teórica de dois séculos. Ou um século e meio e mais uma década, da no mesmo. Com a diferença concreta de que antes era a mecânica, os teares, o vapor, as máquinas que desfizeram sobre humanamente o trabalho, deitaram por terra seus direitos e acumularam frentes de capitais gigantescos... Temos hoje, no entanto, a comunicação, mas o imput, entrada, está ganhando do output, saída. Nossa participação é nula se considerarmos os esqueletos do poder dessas novas tecnologias de informática como padrão diluídos, em todos os seus tentáculos, em que não podemos nos salvaguardar de estarmos fora das conexões impostas pouco a pouco no sistema em que vivemos, a saber que alguns tentam verticalmente a que tenhamos que aceitar um futuro porque quem tem condições tem esse poder futurístico à la Marinetti, ou coisa parecida. Tudo bem que aceitemos o código de barras, mas o trabalhador possui os seus direitos de portar seus documentos e não estar obrigatoriamente inserido no contexto internacional primeiro mundista de atrasos quando segrega continentes a essas imposições algo tecnológicas de fachada, de cosmética, posto mais do que tudo ilusão e aparência. Se ficarmos sem internet não conseguimos nos organizar, se não batemos selfies não existimos, se não vemos o perfil de uma/um possível amante não confiamos, se caímos na rede somos mais um apenas que não soube usar o celular ou o micro computador, notebook, ipad e o cacete!
            Um mundo se integra, mas separar o trabalho daqueles que nos fazem a obra, dos camponeses que nos mitigam a fome àqueles que estão conectados torna toda uma sociedade extremamente sectária, o que favorece como nunca a espoliação da força motriz do trabalho, expondo à insalubridade populações que não obedecem as regras que respeitem a exposição da radiação da tela, dos celulares, integrando problemas e atraindo uma fatia importante da inteligência das nações a obrigatoriedade da alienação e serviço unilateral sob o tacão de grandes corporações, onde a concentração de renda e a inteligência dos países ricos seja cada vez mais superlativada: exponencialmente. Temos a saída, o output, mas com ações efêmeras na superfície dos sistemas que nos olham com a tecnologia ímpar da curiosidade do poder de dominação. Nossas informações são negociadas, as máquinas não escondem e não possuem suas privacidades: de dentro somos observados e de fora vivemos um imenso teatro. O trabalho torna-se mero ensaio comportamental, os enfermos mentais não conseguem trabalho por referências óbvias, as raças viram tubos de ensaio de estímulos e respostas, a indústria química age com toda a sua vampiresca autonomia nos países de terceiro mundo, e a indústria cultural representada pela mass media reduz tudo a uma troca de poderes em que o capital vira outra moeda, e a informação vale mais do que o trabalho. Essa grande salada mista é simples, quando confrontada com a Natureza. Se Adam Smith falava dos dons naturais do consumo, da individualidade nascente, haja que se crer que hoje a confrontação com novos meios de trabalho reportam que a aproximação com a realidade das ruas emerge com a importância de se reviver ao menos a natureza humana: o imperativo do diálogo constante, a pausa na clássica luta de classes, a emergência cabal de lutarmos sim desde a constância de um companheiro, a dois, a três, a um sem número, ao gesto da profusão, do entendimento, da corrida à leitura sagrada, da compreensão da sociedade em seus modais históricos desde seus primórdios, da educação paralela, alternativa, com um grande portal de conhecimento que permeiem horizontalmente, desde o rico ao pobre, desde o negro ao japonês, desde à mulher e ao homem, do gay ao transexual, da compreensão dialética até mesmo das religiões e seus fundamentos, pois assim mudaremos o mundo. Aos que não possuem o parque, corramos a reivindicar, aos que sabem ipsis literis que deram o golpe, que convençam outros que o que vem é para piorar, pois o que está acontecendo é uma grande construção de um tipo de blindagem em que a provocação torna-se o grande mote e as razões da civilização estão passando ao largo da ganância e brutalidade genéricas que estão espalhadas tentacularmente sobre todos os continentes.
            Há um erro afirmar que muitos estão inseridos no sistema com total aprovação, pois não há homem nem mulher que viva feliz com a competição na altura em que está, a não ser em glebas, clãs, famílias que necessitam do afeto que depositem em seus membros. No entanto, sempre há casos de desajustes, de transtornos, de adição em álcool e drogas, no eterno sublimar-se, tanto na dormência de alguma substância ou no sexo como motivação única da existência, como se vê em grande parte da sociedade, em que não basta mais o ato, mas o tabu e o fetiche. Para se alimentar o desajuste social, a pretensa rebeldia, há um consumo demasiado de substâncias que passa a alimentar a criminalidade, onde muitos acreditam ser o melhor caminho, dando fé a que se colapse o sistema em torna-lo nos seus interstícios depositórios de máfias e problemas que afetem familiares, amigos, cidadãos. A sociedade torna-se violenta, pois violentar imensas populações através da concentração espúria de capital expõe a todos, sem exceção, ao que se veicula na grande mídia, aos filmes nefastos, à escola do crime. Talvez seja a fonte mais cabal que motive esses desajustes sociais tremendos, pois o que devemos considerar mais sagrado enquanto sociedade que navega por um mar nada manso são as opiniões sinceras daqueles que partem a tentar melhorar, a criticar com seus acréscimos de conduta de ideário saudável, à contraposição de mostrar a realidade como esta se apresenta, a aglutinar forças de união e solidariedade, a acrescentar conhecimento e às lutas saudáveis em que um cidadão pobre possa estar inserido em sua vereda de luz enquanto defensor de suas ideias, compartidas ou não. Essa atitude cidadã mostra que não chegaremos a lugar algum se por exemplo nossa cultura não for valorizada com todas as instituições que lhe são por direito inconteste, sedimentado por todos os países ditos mais desenvolvidos, como exemplo cabal de prestarmos conta ao que acontece de bom no andamento de uma nação maravilhosa como o Brasil. A cultura é nossa fonte, dela bebemos de uma boa edição, dela sabemos através de um documentário um pouco da arte ou da história, da gravação de uma peça musical valorizamos as joias de nossa arte e tantos pontos culturais não podem ser extintos através de medidas autoritárias de um Governo que passa a se dizer salvacionista...
            Temos em nossas mãos – na pátria brasileira – os meios para se produzir o petróleo. Se toda essa farsa que ocorreu no desmando sincronizado das instituições que feriram gravemente a nossa democracia intentou a privatização de nosso maior patrimônio estatal, saibam que todos os recursos que emanarem desse poder instituído fraudulentamente não poderão coexistir fora da esfera de seus repartes sinistros e escusos. Se temos tecnologia nacional para a extração em águas profundas, como já foi provado, não há porque abrir para o desastre catastrófico de uma Chevron, por exemplo: uma ridícula tentativa em um país que não merece o vazamento em uma prospecção fadada ao fracasso, como um espetáculo dantesco que atesta a preparação em que as emissoras costuraram suas fontes editadas e parciais para obter outros fracassos de suas pretensões de seriedade noticiosa. Creio que a sedição das fontes não deveria ser permitida. Não pode haver reconhecimento externo da situação política brasileira, como apontam já vários observadores internacionais. Quanto menos interno, pois ao nosso povo interessa a manutenção da luta saudável e democrática por direitos constituídos mesmo com o Governo Dilma, engessado pelo Congresso Nacional. Foi dura a luta pela Constituinte, como o foi pelas Diretas. Obviamente, os artistas, escritores, músicos, poetas, dramaturgos e todos os que lutam por uma cultura diferente hão de vir mais fortes com essa pantomima que se tornou a interinidade desse atual governo.

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