Já se disse do ser que nada fosse
consubstancialmente significativo se este não mostra conteúdo ou ideia
que se amolde na forma em si, onde se una o princípio e a
finalidade, onde se ligue ideia e ação, ou prática. O ser abstrato
é entidade existente em conceito, como seria de modo algo assustador
reportar realidade que não esteja ao alcance de nossa compreensão,
ou seja, melhor será a abstração do tema, a prosseguirmos nos
conceitos a reconstruir a compreensão tijolo por tijolo, nem que
para isso tenhamos que refazer a própria alvenaria. Tecer a urdidura
de cordões conceitualmente amarfanhados pela existência do conceito
em si dará sempre a mostra da inexistência de um padrão humano nas
bases desse conhecimento. A abstração só haverá de dar a sua voz
quando acompanhada da iconografia que paute por significados, ou
seja, teremos que partir a descontextualizar muitos conceitos de
fachada, ou casas onde nada reside, a não ser a ilusão de que
estejam construídas, pois apenas o formão e seus toques no concreto
dão o sinal desta possuir boas fundações. Por isso o grande tema
de pensarmos que este mesmo pensar volte a ser liberado dentro das
novas amarras tecnológicas, quando há de prosseguir nos meios: este
como a talhadeira, o cinzel, a pá, e o martelo, além obviamente do
frescor intangível de um celular, ou bom computador, em etapas
harmônicas no desenvolvimento de uma massa mais propriamente
inteligente no país, este nosso que sofre a falta de educação mais
consagradora, onde a leitura deve vir precedida não apenas de não
zerar no teste, mas que seja educar – ao menos – posteriormente
para que não nos tornemos um povo de analfabetos funcionais.
Essas
questões vêm precedidas de certos temores em que as gentes preferem
estar mais no aspecto externo da comunicação, ao invés da
relevante e necessária introspecção, em que os sentidos se
refreiem um pouco no seu ímpeto ególatra e recomecem na acepção
da contemplação e questionamentos mais acertados em suas origens
mesmas, a que não expusermos muito apenas nossas faces… Assim se
dita uma regra fundamental: em que ensinemos, mesmo fora das escolas,
a pontuação a que o diálogo com os nossos/as companheiros/as de
trabalho permita embasar e florescer a própria filosofia em se viver
e lutar por melhores dias. Sairmos da ilusória abstração que não
nos acompanhe, e que cambiemos por atitudes mais sólidas, como
quando o faz um operário ao obrar o cimento, ao rejuntar as letras
de sua parede, ao se estruturar na totalidade enquanto cidadãos que
somos, a perpetuarmos a própria construção de nosso ser sem a
ausência de bons planejamentos, pois cotidiana por vezes é a
vivência do futuro, seja no individual compartido, seja no coletivo
em seus saudáveis rebatimentos. O futuro pode ser projetado, e há
desse projeto que se prever por vezes a sustentabilidade de meio
século como, a bem dizer, na despoluição de um rio importante ou
na recuperação de um imenso manancial. Justo, se um rio como o
Tâmisa foi despoluído, há que se rever completamente a situação
do despejo de dejetos orgânicos ou químicos nos nossos rios, e a
preservação coerente de suas margens. Isso não é abstração,
posto algo de se dizer, uma proposta evoluída, que parte de um ser,
e não de um nada que sobrevoa uma ausência consciente do que é uma
riqueza à revelia do sofrimento do mundo.
O ideal é que
tenhamos um mundo a salvo, pois se Cristo nos concede a salvação
espiritual, obviamente – sempre respeitando a quaisquer religiões
– teremos que caminhar sobre um planeta igualmente salvo, a quem
quer que se salve, qualquer religião, ou no – que se respeite
igualmente – ateísmo. É no panorama dessa comunhão que
partiremos para a igualdade entre os seres, incluso os humanos,
partilhando da premissa inviolável de uma melhor distribuição de
riquezas, pois não é justo haver tanta diferenciação nesse campo
das sociedades em que aqueles que se nutrem por um determinismo
econômico mereça viver melhor do que outros que são considerados
mais fracos e vulneráveis. O apoio salutar deve ser dado aos
governos que respeitam as frentes populares, pois agora é a única
chance que temos em ver melhor justiça social, ética e humana no
cerne de nossas sociedades, pois a competição desmedida peca pela
deslealdade. Mas que abrandemos, pois que se traduza a efemeridade
dos fantoches como se víssemos descartáveis folhetins. Aí sim, com
um ser abstrato que nos alcance aonde estivermos com o rumoroso
destino dos excêntricos e comportados invejosos, onde o que dizem é
script desnecessário...
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