segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

FLORES DA DISSONÂNCIA

 

Não que haja véus que encubram o elucubrar
De se fazer remontes, do mote do jardim
Quanto a saber que o céu está e é o jardim e o tom
Quase de cetim plúmbeo em suas águas de cordel...

E o festim declara a festa, a reprimenda parte para a vida
Da vida que está e é, apenas, ao som de uma poesia
Sem o necessário tom épico do homem de Esparta
Em que as nereidas o amarram ao mastro de Ulisses!

Não, que Dante seja festivo na celebração de um paraíso
Mas que, quando fechamos o livro, o reabrimos no Primeiro
E desandamos a ver a entrada dos fatos, na selva e na tábua de avisos...

Quanto a redescobrirmos o azeite feito a reprimenda dos naufrágios
O mesmo cetim do céu encobre veredas de diamantes brutos
Onde ao menos toque do maior pé de um distraído caminhar
O brilho nos ofusca ao sangue que verte do corte...

E que prossiga a poesia de um vivente que anda a ser para um a ser
Do ser senciente que lhe proclame a existência em sua onipresença!

Não que não fora a palavra vã, inconsútil, feito lava fria que não evanesce
Antes de bater no umbral sereno de uma porta de madeiro
Quanto de sentir-se onda recriada de Pompeia
Àqueles todos petrificados pelo mais leve rumor...

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