sábado, 10 de dezembro de 2022

O HOMEM CHEGA

 

Chega o homem por detrás de suas próprias dúvidas, a que lhe assoberba
O espírito contrito em não saber-se mais se tanto a lhe faltar
Lhe basta em sua senda de convicção profunda, mesmo que esteja no ato
De não entregar mais suas lástimas por saber finalmente que entende
Aquilo que jamais saberiam outros que não fosse por veredas similares.

Os garranchos brotam de seus dedos, a tentar escrever no caos
Uma ordem que remete ao quase nada de mais um tanto de poucos,
A que estes remetam de sua importância, pois seu peso é de muitos…

Uma arroba de intenções, uma sacola de feira, um propósito de água,
Os pequenos tesouros que pertencidos foram a muro que não separou.

De tanto que sabemos até mesmo que a poesia volta a florescer
Depois de um século de horas angustiantes, onde o que era certo
Priva o rancor de sua nudez imprópria a saber que tenhamos vivido…

E que o façamos, a vida em viver, da paz a se consentir no diálogo
Que permanentemente tecemos com nós mesmos e outros, no coletivo,
No individual compartido, no voo inquieto de uma abelha, nos cantos
Que haverão de alicerçar de poesia o rumor dos ventos em noite frias
Em que um beijo de salitre não acoberta apenas a ilusão de um prazer.

Pois que as ondas se beijem, que beijem os rochedos imóveis,
Que se torne beijo o encontro do sol com as estrelas em um paraíso
Onde a luz remonta o século de um antigo quebra-cabeça titular e puro
Com a dimensão maravilhosa de uma pungente e fraterna na Verdade.

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