terça-feira, 5 de julho de 2022

A TURBULÊNCIA E O NAVIO

 

Algo de motor ruge, o rádio emperra
E o navegador transige quando feliz com feras
Que claudicam no íntimo, que são crianças
Que não aceitam o fato de ser a felicidade do mar
O rumo indecifrável de querer virar penedos.

Verte-se na poesia a resiliência dos ventos
De um dia maravilhoso nas velas escumadas ao léu
Esse léu incandescente do destemor ao temor
Que o sofrimento de um espírito rebelde em seu ignorar
Não veja no querer sofrer o próximo a equação irresolvida!

O poeta, neste caso, finge sua dor que a não possui
Posto ter encontrado nas veredas a companhia da santidade
Em forma de mulher, e tantas e tantas, comungando felizes
Sem saberem se em seus dias de sofrimentos cabalmente reais
Não vertem ira pelos poros por estarem em solo sagrado.

Remir o pecado está no poeta, na sua brotada infelicidade
De transigir ao ódio na sua posição incauta, em que um poder
Seja o seu encontro com Deus, e no remanso de qualquer desdita
Possa alvorecer ao menos a sombra em que nos encontramos
Quando o parecer de algo não seja o justo em sermos.

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