domingo, 26 de junho de 2022

A VOZ QUE NÃO PERDE TONS DE CHUMBO

 

A flor que se perde no tom do causídico
O vento que sopra indelével
O frio que assola a ausência do cobertor
O pobre que fuma a droga
O repente que não vê a autoria
O cordel sem varal de estanho
A olaria sem cadinhos de pedra
Uma voz que se nos escape no silêncio
A paz que recrudesce sentimentos de ódio
O convertido titubeante com a fé de papel
O animal atormentado pelo adestramento
A pele da vida trocada por outra
O espírito contrito em sua solidão
O apanágio sincero da medicina
O quinhão reparador da falta
O fogo serpentino do tantrismo
O prazer ciclicamente insaciável
A busca célere dos motores
As páginas de um termo de compromisso
O viés de uma desdita inexplicável
A superfície de um mar equatorial
O barco de grande envergadura espiritual
O sentimento de um náufrago em sua garrafa
A vertente que não tece falsas esperanças
A caminhada de uma coletividade
O encontro eucarístico
A fé que desloca a montanha de nós mesmos
Uma celeste paz que revela-se em guerras
O armistício de dois povos em seus polares desentendimentos
A via sem retorno dos danados
A insistência em não se redimir das faltas
O pecado em pensamentos e palavras
A questão de se saber que não estamos sozinhos
O feixe dos elétrons ao redor da massa nuclear
O grafismo que se põe na defensiva da ingenuidade
A pureza dos puros de alma
O retorno de algo que sequer saiu para comprar o pão
A bicicleta que se arrepende
O viés insubstituível das estrelas
Aquilo que os consortes não imaginam sequer
O riacho de mão dupla
A fonte que seca frente aos sedentos
O filho do homem e da mulher
O renascimento do amor
A lápide dos esquecidos
A miséria dos aflitos sem saídas melhores
A mudança planetária a um mundo melhor
Ou a escala dos inauditos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário