quinta-feira, 7 de outubro de 2021

O ENQUADRAMENTO SOCIAL

 

           Guardamos expectativas de que nenhum teórico de fachada nos imponha receitas há muito vencidas… Como aquelas que tergiversam sobre saberes de séculos de antanho, em cartilhas mal fundeadas, como ancoragem sem calado sequer. A realidade é outra: de estruturas que foram montadas tanto ou de quaisquer lados, a se ver e se comprovar que não há mais lugar para novos pensamentos, que fujam do antigo, ou das suas “neo” interpretações. A sala das palestras inócuas está repleta, e não há mais lugar para frescor de espírito, haja vista a poesia dar tanto ou maior valor para os pássaros do que para os humanos, posto nosso gênero de espécie continua a desprezar as aves, os mamíferos, o mar e o céu e a terra em detrimento do desenvolvimentismo nacional ou mesmo vinculado ao interesse externo. Um cão por vezes vale mais do que um homem, e essa é a verdade cabal. A oportunidade, quando ausente, não ressente que se mate boi e a carne alimenta tanto quase, e passam a comer o osso, no descabido, na falta, na catástrofe humana, tanto que a Natureza passa a comandar o andamento do planeta, e o resultado do erro humano não é procrastinado por aquela, que revela a mesma catástrofe vista por todos os lados. Quem quer conflitar gera seu próprio conflito, e não há salvadores da pátria jamais, em qualquer noção ou articulação de Poder, já que em certos sítios não adianta nos postarmos como admiradores ou de defensores dos “ismos” que por sinal fazem parte do anacrônico ismo.
          O jargão daqueles que se jactam líderes não passa pelo crivo do bom senso, posto, conforme citado, que a Natureza já nos reduz ao nada que significa o humano, e o chamado humanismo passa a ser a crueldade e a sentença da vingança ou da desforra, criando o palco ideal para que ideias de caráter absolutista invadam tanto um lado como o outro, ou, pior ainda, o que está no meio a facilitar a consolidação de qualquer coisa que resulte desse embate de forças para o empoderamento da ração de gente como fração de algo que porventura chega a ser quase incompreensível àqueles que não querem participar dessa contenda algo ou sumamente bruta. E aí vêm de novo certos ismos, como consoantes erupções ou acnes, que não são ou não sofrem tratamento, e aí vem de novo a questão da preservação, que há décadas não se tem levado a termo, salvo exceções que excedem brutais contrassensos. Devemos ter em conta que ninguém, em hipótese nenhuma, há de enquadrar algo ou alguém com um rótulo, não deve se pensar na vida como uma faca que corta dos dois lados, posto é no caminho do meio que está residindo a fortaleza do aço. E, se permitem ou não uma opinião isenta de quaisquer demandas do orgulho, saibamos que isso destruirá o que chamam de lutar por uma boa causa. Não há espaço mais, e aquele que ignora um companheiro que está na miséria, ou que apaga uma liderança concreta pelas palavras proferidas, não entende o caminho da paz e sua vereda infinita, posto jamais será através das armas que resolve-se um problema social, visto que onde elas se encontram a morte ronda sem subterfúgios, e os que as possuem devem apenas zelar pela segurança de todos os cidadãos, e os infringentes são ou pertencem a uma margem social a que devemos depositar maiores atenções.
          As nomenclaturas que enquadram diversos movimentos por vezes abraçam-se a um desatino em que muitos sequer pensam sem muletas referenciais, e a argumentação mais pura falha nesse processo, posto o pensar mais liberto brota de nossas mentes e inteligência como uma modalidade de luz que vem para ficar, enquanto as velhas questões são roupas que na verdade não nos servem mais, de acordo com a elucidação da tecnologia, da ciência e do progresso, sem citar a paz sempre necessária. Jamais haverá acordos com saídas e polarizações de argumentum ad populum naquele bom e escorreito e politicamente “correto”. Precisamos mais do que essa simplificação de momento, em que gráficos surgem nas mídias, em que as mentiras campeiam de todos os lados, em que a noção do ridículo em que se encontram os homens não é revelada ao mesmo orgulho e à mesma ira que nos leva a um fracasso contínuo, reiterando a nossa ignorância em não saber viver dentro do escopo do que se chama a defesa da democracia, esta agora já tênue questão que está servida na copa, e na sala de jantar.
         Enquanto isso, queimamos nosso óleo e desfazemos o planeta, tanto nós como os outros, tanto os outros que somos nós, como o espelho que na verdade revela a face funesta em que nos tornamos, em busca cobiçosa pelo poder, este que não merece nem maiúscula ou consideração.

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