sábado, 20 de março de 2021

A MATEMÁTICA DO DESCASO

 

           Muitos fervem em suas questões quando a farsa se apresenta em seu favor. Outros obscurecem o seu modo de ser e passam a ser seguidores de outras farsas, de propostas que não se recusam, quando a popularidade vem enfeixada da mentira… O que se encontra em algum lugar pode estar somado por outro, em uma linha vertiginosa da ignorância. Essa é uma modalidade que nega a coisa concreta, que devaneia quando a Verdade deveria estar presente: não desejam – muitos – propriamente isso. Esse proceder multiplica-se velozmente quando o que deveria depender de bom senso é apenas um non sense, que por vezes vem encaminhado através de uma fé aparente em um deus de dez mil megatons. Um deus da exploração, do encarceramento, da solidão compartilhada aos pares, quando na verdade só se pensa na libertação quando o ganho é alto, e aquele que é rico alcança com mais facilidade esse estranho modus operandi. E todos que se ajudem pois o salvacionismo acaba passando pelo conservadorismo titânico que não olha para o passado, e vê o futuro como um lugar onde todos usam terno e são prósperos em alguma terra santa. Essa civilidade de cartilha não parece proceder bem com a realidade, visto na zona pauperizada é que reside muito daquilo que se espera de uma cabal libertação, posto seja nas vilas operárias é que se espera o pleno emprego e, nas favelas, o pronto restabelecimento de uma paz que todos querem, e não os conflitos deflagrados pelo crime ou pela milícia, que hoje igualmente é vertente daquele… Sabe-se que o modo material não fala muito à fé, mas conquistar direitos a poder se dedicar ao espiritualismo é resultado de equação onde dois mais dois é quatro! Poderia ser cinco, dez ou cinquenta, mas a questão de ordem levantada é que apenas os que atingem maior consciência existencial podem afirmar sua fé, ou mesmo acreditar no próprio materialismo, em seus diálogos. Benedetto Croce foi um expoente do pensamento italiano, e por si falava às várias tendências, sendo um historiador competente, tendo influenciado outros filósofos em suas assertivas, a se nomear um homem que tinha uma boa potência de pensamento. Tanto havemos de pensar em qualquer assunto que nos revele uma boa maturidade filosófica, a saber, nem todos somos abstêmios de linguagem! Se apagarmos parte da diversidade, decrescemos em número, como em uma aritmética que não nos negue jamais a veracidade das contas…
          Em um tempo equidistante ao século dezenove vemos personalidades surgirem com estatura intelectual imensa, o que não nos falte neste século vinte e um. Na era das Guerras Mundiais, era estranho não ser duro o suficiente, pois resistir era a palavra de ordem. Resistir ao conflito e à violência, como seria a palavra de ordem em tempos tão tenebrosos. Hoje, temos a Síria destruída e uma situação na Palestina em que jamais uma intifada dará abertura para possíveis negociações.
É um fato recorrente o sionismo internacional, e uma busca justa de uma situação mais humana nesses territórios. Não se há de conviver com radicalismos dessa forma, que não transigem com a ocupação e nem com uma intervenção contínua nos territórios ocupados na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Há que se pensar em uma saída para a violência na região, que acaba por construir um campo de concentração a céu aberto para os palestinianos.
           Podemos pensar em uma matemática que ocorre a partir do descaso mas, em oposição, pensar em uma matemática conciliadora e humana… A calculadora está em nossas mãos, e será por cálculos positivos que vamos entender o que é progresso e o que é regresso. Obviamente, nosso inimigo maior é a Covid 19, e esperemos que o número 19 dê uma trégua ao nosso século 21, posto aprendermos mais é nossa tarefa consciente nestes anos meio de chumbo que enfrentamos por aqui.
A nossa tarefa passa a ser de somar coisas progressistas para evitar que caiamos em um ostracismo moral perante a comunidade internacional ao mesmo tempo que criamos comunidades em nosso país de desenvolvimento pleno de nossos ideários mais profundos e de nossas práticas concretas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário