sábado, 13 de março de 2021

A FALTA DO SE FALAR

 

           Um esgar de um sorriso seria perceptível em um encontro presencial, e talvez sobreviesse a relação de consenso, um/a encontrar o outro/a, quem sabe desta silogística presença como bem citada… A bem de se dizer, ninguém, até prova em contrário, confia plenamente em alguém. Parte a poesia a falar sobre o desencontro, algo que relembra eras dantescas, sem estarmos plenamente em cujas eras são referidas. A solidão grassar por olhos tenebrosos, de algo que não vemos no olhar, remonta épocas dos anos trinta ou menos, ou dos anos trinta até algo como a Guerra Fria. No caso, de uma guerra gélida, posto não sabermos mais como dizer algo até que a truculenta qualidade do ódio nos obste de dizermos algo em nossa inocente forma de ser!
          Seria a aparente mudança em nossos modais – a ser – criticamente aos sistemas que nos nublam o entendimento, que fossemos transparentes em nossos padrões informativos, ou que conseguíssemos mudar igualmente um regime ou outro em busca ávida pela democracia em seus padrões algo perfunctórios? Não nos obstaríamos a essa situação, pois a poesia marca como em um carimbo o que esperamos por vezes de uma palavra, de um período, de uma sentença, ou de uma estrofe construída justamente para redimir o povo do sofrimento espiritual. Justo, que a poesia nada mais faz do que isto: alimenta as populações do cerne espiritual, traz algum conforto, mais que se diga, concretamente o pão alimenta muito mais do que a palavra… Teoreticamente, a ordem de uma equação bem pronunciada traz ainda um alento de que não estamos sós neste mundinho de Deus, e roguemos que uma boa palavra ajude até mesmo o alentar-se de uma escritura a sermos coadjuvantes de Sua forma, de Sua anunciação.
           Na falta de termos com quem falar, obviamente sabendo das vidas atribuladas dos próximos, e da esfera renitente de desconfiança, ou dos interesses cabais de certos grupos, ficamos realmente absortos que no mundo das
fakes news a audiência seja tão forte, posto a maquiagem pretensamente bíblica como os termos: irmãos, bênçãos, fim do mundo, juízos, julgamentos finais, gênesis, cristão, sejam tão utilizados para inviabilizar a aparente independência da fé prejulgada e circunscrita ao modal ideológico do fundamentalismo, o que beira uma questão fascista, no que reste, o que já não foi muito bom para aqueles que prestam seus favores generosos à humanidade. Não temos por vezes o que falar, e esse isolamento pétreo é um jugo de algozes que vivenciamos em nosso entorno, algozes que desejam cumprir esdrúxulas missões às custas dos inocentes de espírito que nada mais fazem do que pensar em uma Nação melhor para todos, sem exceção, não tirando nem por alguém que, por mais reacionário que seja, na melhor das hipóteses, é uma força baseada em papéis.
          Em um termo maior de resiliências particulares, é mister saber que não importa combatermos alguns que se dizem inimigos, mas de qualquer modo tentar resolver nossos entraves particulares dentro de nosso território, pois criar inimigos internos não é uma boa medida nem em se tratar de casórios mal planejados, ou em divórcios litigiosos. Havemos de amar mais e melhor, mas se alguma personagem da história se revela truculenta ou sórdida, cabe à justiça com o seu exemplo conter essa ameaça à segurança dos cidadãos, das instituições e da Democracia.
          A se dizer por esse pressuposto, nada há que se falar àqueles que não desejam escutar, posto na solidão de um escritor está a companhia perene e permanente de sua obra, e não será uma tentativa inconsciente da parva sociedade que calará a voz que a semântica nos coloca sempre em provas, mas que reflete a expressão máxima daqueles que possuem palavras sinceras sobre os ombros, enfeixadas por questões de ordem na simples e taciturna arte da escrita… Que sigamos os que são bons nos textos, mesmo porque temos a humildade intelectual de sobrepormos os egos falsos à circunscrição e jurisdição do Criador Supremo, pois é deste que emana o Espírito Santo!


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