sábado, 11 de junho de 2016

O RETRATO DA POESIA

Resta a um homem quiçá uma promessa de algo que não se ausentaria,
Um afã de encontrar em uma efêmera página de cunho libertário
Aquilo que se pensaria em um país, de uma vida, de todas as vidas que somos.

Nas vezes em que pretendemos não ruir frente a uma maré de tempestade
Saibamos que é por vezes na onda camuflada de um amor ensaiado
Dos gráficos que nos apontem mais e mais pesquisas étnicas...

Falemos do muito em que não mereceríamos tanto, qual fora
A contenção de outros que não silenciaram em sua força de voz
Enquanto desfila a história que se permite contar distante na Nação Zumbi.

Teremos talvez um paradigma a ser enfrentado em uma alocução feroz
De homens taciturnos com o quase nada do que não adiantaria mais
Saber de uma verdade que encobrem para mostrar um mundo novo.

Dessa parafernália mútua de ações consistentes na crença de cada qual
É facilitada uma veia em que nos situemos em um futuro de grafia
Onde a ignorância esclarecida deposita seus trustes em forma de gala.

Que não seja tão fácil a força de comunicação estendida em que grava-se
Um áudio comprometedor para quem interessar possa, em que outros
Se ressintam na voracidade de um tipo de vingança, de olhos vendados.

Ocultar o pressentimento de uma face é como sabermos que a poesia
Não possa existir em um mundo onde a ciência idiomática versa
Que não nos expressemos mais, se não fora apenas no que podemos.

Um mundo de espionagens padrão seria tão comentado no passado
Quanto sabermos que nada de nossas brincadeiras não é controlado
Por suposição quimérica da grande rede feita quase um partido...

Essa deusa rede tentacular já fez naufragarem consciências, a serviço
De um desconforme mundo onde o objeto se torna razão e sentido
No cabal de ser o poder em si, a tecnologia e sua ditadura...

Verte-se uma calda mansa e anódina, sem a ternura, dura como um aço
De padronagem inquieta, de códigos semânticos, de palavras certas
Como certo é não sabermos, tal o grande poeta, dos mistérios do mundo!

E aí se passa que quem lê apenas seus próprios códigos de atuação
Isenta um resto que não se torna mais auto suficiente de fato
Posto jogarem com o afeto dos vulneráveis confetes de emoticons.

Justo é sabermos da pretensa farsa imputada, e que as antigas estruturas
É que são os verdadeiros pilares da nossa sociedade, o que verte
Nas sombras de paraísos na terra apenas o tempo a seres inquietos!

Pois que uma casa não se reforma, sem preservar seus alicerces,
E Francisco mostra ser um grande homem, um mahatma,
Quando justamente recupera a casa de uma milenar instituição!

Pois que diuturnamente sofremos com diásporas em nossa frentes
E aqui esperemos que estrofes nos façam melhor respirar
Em um espaço democrático em que agora se travistam de realizados...

A realização é um encontro com o real, de sabermos concretamente
O que é o mundo, quais são as relações de um trabalho, como é
Uma vida de lutas sem o consentimento das elites...

De um homem que possui uma literatura como emblema, é simples
Atuar vendo de si aos outros como igualdade semântica, posto
Uma posição em que o livro antigo de um grego é seu patrimônio!

Assim como se fora um quiçá permanente na esfera de nossas atitudes,
Quem sabe a exclusão do poeta fosse necessária, mas que já é feita
No molde atávico de seus estigmas feitos por um chef de cozinha...

Serve-se na mesa, e as servas do sistema buscam nos movimentos
Reiterar os aspectos chauvinistas de algo que nunca esperavam
Posto a situação de suas conquistas passam por seus interesses.

A poesia é longa, camaradas, mas que contenha um lote maior
Da mesma verdade encoberta por um tempo testemunhal
Em que não disséramos tudo por falta de consentimento cabal!

Sobe o significado nas montanhas de nossas latitudes,
Sobe fé e força, cavalos, pisadas no solo, sobem os do pampa,
Que a força de um homem não passa apenas no Sam sung.

Não há nada do salvacionismo adaptativo pois que a voz
Empreende a mesma tonalidade em lá maior na escala
Em que se girava a máquina no milênio anterior ainda presente.

Nada do que a técnica reservou para a arte merece discussão venal,
Pois a venalidade desses espaços tão consagradores ao avesso
Apenas mostra a face dos partícipes da disseminação da farsa!

Vê-se apenas a criação de um sistema totalitário nas mãos
De uma plêiade de oligopólios da informação em que possa incomodar
Aqueles que não dispõem de tempo útil par ver o que é real.

Vê-se sentimentalmente o não sentimento, a ocupação das mentes,
A grande lavagem onde os porcos comem no cocho, e voltam
A mostrar que são mais inteligentes que os homens...

Pois que voltem e mostrem que poderiam ser mais limpos
Do que quando nas pocilgas em que nenhum animal deva passar
Pela crueldade latente do gosto do alimento desumano.

Assim que se fosse uma poesia sem poiesis, ao vertermos
Em um chão de mármore de Carrara uma cadeira de vime
Em um ano de setenta a que não lembremos mais de nada.

Pois se um homem está prestes a cometer uma frase, possa ser
Verdade que o cometimento vá a compreender algo que fosse
A mais do que a simples e necessária expressão humana... 

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