sexta-feira, 17 de junho de 2016

NAS NOTAS

Que nos digam as notas, sendo de notação ou outras de academias
Mas que nos passem os parâmetros de rotação de outra proposta
Que venha a dar no sentido a que nos imputem ao menos a lógica
Em que o quadrante do qualificado homem não a possua toda...

Que o homem não a possua toda, essa é a temática do conceito
Em que nos perdemos em informações que vão contra a ciência
Do teor democrático do conhecimento que quase sempre se dita
A uma performance irredutível de estar o mesmo encerrado nos dias.

A dia que um dia não passe que não saibamos que outro guri
Descalço pelos passos da incerteza não poderá comprar a merenda
Que lhe permitiam para que ao menos possuísse o tutano necessário...

Incertidumbre seria palavra mais bela a que o costumbre nos unisse...

A incerteza de não termos nossos papéis nos jargões de metáforas
Em que a mesma lógica reducionista dos mapeamentos matriciais
Nos informam que somos algo mais do que o código de barras
Quando este encapsula o próprio ignorarmos que temos CPFs.

Saberemos mais de outras calotas, agora de aço texturizado
Em que uma dimensão nos dite que não seremos mais tantos
A que não possamos ser o suficiente, pois seremos muito mais
Do que a própria parecença do ser, que não nos ressintam o fato!

Não se trata de poesia verborrágica, pois temos que pasmar
Que a linguística apenas nos obriga a que não fujamos da verdade
Em que o tempo todo nos ocultam, botando um embutido de soja
Nas nossas goelas famélicas de palavras afins com a ternura.

Será que teremos que treinar como antônimos autômatos
E sermos mais inteligentes com seres anódinos em uma superfície
Em que os neurônios possam ser catalogados como uma tampinha
Quando bebemos de uma água em que a cor signifique algo?

Teçam planos, camaradas, teçam a poesia, não pensem demais
Que a prática manda que saibamos de antemão que sabemos muito
Quando deferimos nossos atos na circunscrição de um metro e meio
E conquistamos no saber uma área de arte equivalente à literatura!

Aos que possam, à paz merecida, que a veia de um cárcere
Possui a possibilidade de estarmos em uma posição assaz neutra
Quando pensemos que há céu e há chão, e que este possa ser concreto
Na construção em que um tijolo fala ao pintor diverso da pena...

Nada será sempre do mesmo modo, pois na mirada soberba de um ar
Saibamos que a inspiração do mesmo pode ser a vida soprada em dois.

A saber, a poesia nos acompanhará sempre, de dentro e de fora:
O dentro quando está fora, e o fora sempre quando de dentro se vai...

Não há de casmurrice nas comparações, companheiros, pois de ondas
Se faz o mar, e um quando sente o sangue pulsar na veia sabe
Que o poder é infinitamente inferior no critério administrativo
Do que a verdade mesma que não nos tira o sono para organizarmos.

A poesia é longa, e longo é o processo das verdades encobertas
Que deixam suas cristas duras de cristal sob as águas da intolerância
Quando não deixam de medir esforços para nos cooptar na ignorância
Do consentimento atroz de deixarmos passar com dó no peito o mal.

Saibamos todos os das sociedades contemporâneas que o moderno
Suplanta vossos conceitos de liberdade do culto do consumo luxuoso
Quando, saibam, o prato de sua ong ilusória não alimenta a esperança
De uma criança que está no meio de vinte milhões de não miseráveis!

Uma acha, um archote que ilumine a musa, das musas que não tive,
Que são tantas que me resta a posição de peão infesto no tabuleiro
Onde, no pretenso aprisco me condeno a simplesmente ser feliz
Por saber que certas palavras queimam minha fronte como magma...

A um erro, não erremos muito, pois um erro não é nada, viver
É como errar em cada instante, e apreender ensina o que vemos
E quando retornamos a um instante voltamos a dar uma nota
A nós mesmo, um dez de diamante que nos encerre um esgar.

Ah, sim, por que não fazer sucumbir a poesia em cada estrofe
Para que saibam que a cada interpretação sucinta nos sintamos chefes
De algo que participa, de uma roda histórica com a de Watts
Nos tempos em que se questionou o tear mecânico e a espoliação...

A nota mi não claudica se não a segurarmos firme em seu ego
Que dita que sejamos algo parecido com jargões intelectivos
Em que na verdade não saibamos todo o processo histórico
Em que já somos agentes ou atores com o personagem incauto.

A dez, a nota cem, milhares de notas voando por um sopro flamengo
Em que teríamos apenas que revisar nossos antepassados nobres
Quando em seus castelos vinham a dizer que a gleba é pouca
Para o reparte do quinhão em que vimos a merecer há muito.

Do torto se viu umas notas escapando pelas cuecas de um malandro,
Vimos uma nota de cem na roupa íntima de uma dama, vemos um quê
De notas francesas pipocando em antigas Argélias nas noites africanas
A ver igualmente que não vimos mais outras que nos recebam com fé!

Pois que se dê a nota máxima a quem ouve do não pertencido
No que pertença a outrem que se ri de tudo quando lhe perguntam
O que é do concurso a outros concursados que recebem os votos
Que os magistrados coadunam com os montantes diários recebidos!

Se é de palavra, a nota é mais para quem deu o golpe, uma nota lá
Que não é daqui, nem seria mais uma nota que desse algo de se notar
Quando, nota-se, o golpe – a repetir – se traduz em algo obsoleto
Na existência inócua daqueles da corda bamba em se poder absolutos.

No absolutismo a um e a dois se transmuta em que falsos líderes
Só bancam lideranças entre os seus, e os que antes tocavam seus tímbalos
Bancavam as mesmas tramontinas que enfeixam janelas de condomínios
Onde o contato com o povo se faz através das novelas e séries de TV.

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