quinta-feira, 2 de junho de 2016

A CENSURA OCULTA

            Não queremos saber de tudo o que se passa, posto sabermos algo dos fragmentos em que se tornou o conhecimento universal, todos os dilemas de nossas culturas, uma fragmentação que nos coloca cada vez mais frente a frente com a importante linearidade de compreensão de algo que seja, que nos falta ao ser. Com todos os predicativos do que é externo a nós mesmos pensamos por vezes que a quantidade de informações por quais convivemos, dia a dia, seja o esteio de nossas existências. Por vezes não sabemos justamente se estamos lidando com o que é o certo para nossas vidas, no afeto descoberto, em um suposto diálogo que seria oculto, mas é exposto aos olhares curiosos de outrem, que por várias suposições vão contra a construção de um amor sincero. Na verdade, as questões que se refiram a um propósito de construção ela mesma de uma sociedade melhor verga sob o peso do que já está erigido, em fundações que por vezes não suportam a carga secular em que nos encontramos nestes tempos de especulação de informações que na maior parte do tempo nos reduz a meros vigamentos superficiais. A pertinência desse fato gigante: erguer civilização a mais da construção sobre premissas necessárias porém enfraquecidas pelo processo histórico causa a censura oculta, gerando por isso mesmo a importante chamada de aclararmos mais e mais as histórias não oficiais, o que é de desmando, ou mesmo o que a indústria da cultura esconde a fazer ou tentar fazer padecer nossas riquezas humanas, dentro desse equívoco quando pretendem estar prestando um serviço às populações, mas na verdade as colocam sob o cabresto da ignorância.
Por exemplo, podemos saber da capoeira as gingas, mas nunca verdadeiramente a malícia erguida culturalmente nas raízes da África, em lutas de resistência cabal do negro, que vão além da técnica, raízes espirituais que nos legaram os músicos de blues e soul e samba, por exemplos cabais do branco não conhecer a ancestralidade das culturas, visto acharem que colocando fantoches representativos na fama descartável das novelas perdurará a memória popular dentro apenas das cápsulas digitais dos registros... A aproximação se faz necessária, e a memória passa a ser spiritual. Se passa é que não nos aproximamos de um continente como a África, nós descendentes de europeus, para não vermos estranhas e profundas cicatrizes que geraram o fausto palaciano nas moedas de escambo do primeiro mundismo. Talvez conheçamos melhor o que impõem os veículos e meios de comunicação que detém o poder frente às massas mais embotadas, mais sacrificadas e ignorantes, incluso a massa da burguesia – muitas vezes “esclarecida” – no sentido de censurarem através da imposição cultural industrial o que deve ou não ser aceito – verticalmente – por entorno, dentro e fora dos países mais vulneráveis, enquanto ignorantes. Isso inclui os sistemas de comunicação via celular, que nos embota com novidades, sejam políticas, de arte ou de movimentos, na razão inversa de bons usos, contando que não sabemos que se ocultam muitos trabalhadores que não possuem tempo para ficarem em função desses tamagushis, dividindo os países e as culturas entre dois polos distintos: as informações e o trabalho.
            Seria dizer de uma crítica mais mordaz, mas atentemos para os fatos de que um homem com capacidade de pensamento mais liberto por vezes paradoxalmente tem que assumir o erro da veracidade, pois que o mesmo pensamento diplomaticamente possa alertar sobre problemas recorrentes nas nossas sociedades, e não é mantendo um estado de coisas que não resolvem as antigas e massacradas fundações que não necessitemos aclarar essa verdade de facto. A espoliação da expressão de um ser humano através da coação de seus atos e liberdade cidadãos deve sempre ser denunciada pela iniciativa mais premente do diálogo. Ou seja, quando lhe atacam verbalmente, o diálogo é importante, quando ocultam algo que desde o começo fazia parte do modo de se portar um canal, por exemplo, que se conteste desde o início, e não apenas quando se perde um poder, ou totalmente, pois a contestação de antigas e nocivas concessões evita imporem ao país uma cegueira do que realmente acontece e como age nossa cultura massificada, pois quando a tentarem manipular, ao menor laivo de consciência contrária, estas pulam e creem em outras plataformas e passam a acreditar em demônios e santos equivocadamente, no que de prático saibamos apenas que o sectarismo, este sim, é demoníaco, e que pensar em justiças sociais concretas é um caminho para a santidade, em um mero juízo de valor spiritual.

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